Com Raoni no Xingu, Lula defende papel dos povos indígenas contra crise climática
Em visita à Aldeia Piaraçu, no Xingu, Lula homenageia o cacique Raoni e diz que garantir os direitos indígenas é essencial para proteger a floresta e enfrentar a crise climática

Em visita à Aldeia Piaraçu, na Terra Indígena Capoto-Jarina, no Mato Grosso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou ao cacique Raoni Metuktire a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito — maior condecoração do Estado brasileiro. O ato simbólico, realizado nesta sexta-feira (4), ocorreu diante de lideranças das Terras Indígenas Capoto-Jarina, Panará, Xingu e Wawi, que apresentaram demandas urgentes ao governo.
Recebido com cantos e danças, Lula afirmou que seu governo “respeita, reconhece e admira os povos indígenas”. Em discurso, destacou a importância dos saberes tradicionais e reiterou o papel central das comunidades originárias na proteção da Amazônia: “Sem os povos indígenas, a crise climática seria ainda mais severa para toda a população brasileira”, disse.
Além da homenagem, Lula ouviu as reivindicações das lideranças locais, que cobraram mais agilidade na demarcação de terras, atenção à saúde indígena e fortalecimento de políticas públicas específicas. Em resposta, o presidente defendeu as ações já implementadas e prometeu avançar ainda mais. “Sabemos que muitas vezes o tempo do governo é mais lento que o tempo da urgência. Mas estamos no mesmo caminho”, declarou.
Reconhecimento e resistência
Ao receber a medalha, Raoni discursou em seu idioma e lembrou sua trajetória como defensor dos direitos indígenas e da floresta. “Desde jovem, luto pelo nosso povo, pelas nossas terras. Hoje estou mais velho, mas continuo lutando. Quero que sejamos exemplo de paz para as próximas gerações”, disse. Lula e a primeira-dama, Janja, foram homenageados por Raoni com um colar de conchas e um cesto tradicional.
A presença do presidente foi marcada por uma série de gestos simbólicos, mas também por reafirmações de compromissos concretos. Segundo Lula, os povos indígenas são essenciais para alcançar a meta de desmatamento zero até 2030, compromisso assumido pelo Brasil no Acordo de Paris. “Garantir seus direitos é também proteger a floresta e os rios. É cumprir a Constituição”, afirmou.
Avanços e desafios
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, destacou que 13 territórios indígenas já foram homologados desde o início do atual governo — número que supera a soma das gestões anteriores em dez anos. Ela também ressaltou a presença inédita de indígenas em cargos estratégicos da administração federal.
“Mais do que ocupar espaços, estamos levando conhecimento e consciência sobre o que é ser indígena neste país. Estamos fazendo o Brasil compreender o papel desses povos para o futuro do planeta”, disse Guajajara.
A cerimônia contou ainda com a presença das ministras Margareth Menezes (Cultura), Marina Silva (Meio Ambiente), Macaé Evaristo (Direitos Humanos), e dos ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Carlos Fávaro (Agricultura), além da presidenta da Funai, Joenia Wapichana, e das deputadas federais Célia Xakriabá, Dandara Tonantzin e Juliana Cardoso.