Decreto regulamenta Fundo Rio Doce e garante gestão transparente dos recursos

Publicado decreto que regulamenta Fundo Rio Doce e prioriza justiça social
Foram prioridade das negociações do acordo a reparação às pessoas envolvidas na tragédia e a recuperação ambiental – Foto: Agência Brasil / EBC

O Governo Federal publicou nesta quarta-feira (19) o Decreto 12.412/2025, que regulamenta a criação do Fundo Rio Doce, responsável pela gestão de R$ 49 bilhões destinados à reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). A norma estabelece mecanismos de governança, transparência e controle, com prioridade para grupos historicamente marginalizados, como indígenas e quilombolas.

O que muda com o novo decreto?

O decreto formaliza a criação do Fundo Rio Doce, sob administração do BNDES, e define que os recursos deverão financiar ações socioeconômicas e ambientais nas áreas afetadas. Entre os projetos previstos estão:

  • Transferência de renda para comunidades atingidas;
  • Infraestrutura e moradia;
  • Saúde, educação e assistência social;
  • Prevenção de riscos na mineração;
  • Recuperação ambiental da Bacia do Rio Doce e do litoral capixaba.

Os valores serão depositados ao longo de 20 anos pelas mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton Brasil, responsáveis pelo desastre. O montante será gerido sob um regime de cotas segregadas, garantindo que os recursos sejam aplicados exclusivamente nas ações previstas.

Governança e transparência

A gestão dos recursos será acompanhada por um Comitê do Rio Doce, coordenado pela Casa Civil e composto por representantes de diversos ministérios. Também serão criados um Comitê Financeiro e um portal de transparência, onde estarão disponíveis informações detalhadas sobre os projetos, valores e estágios de execução. Além disso, relatórios periódicos serão enviados ao comitê responsável.

Justiça social e prioridade para grupos vulneráveis

O decreto reforça o compromisso com a justiça social, destinando recursos a povos indígenas, quilombolas, pescadores, agricultores familiares e outras comunidades tradicionais. Também estão previstas iniciativas para fortalecer os sistemas de saúde e assistência social, bem como investimentos em educação, ciência e tecnologia.

A tragédia de Mariana (2015) foi um dos maiores desastres ambientais do Brasil, deixando um rastro de destruição na Bacia do Rio Doce e no litoral do Espírito Santo. Com a regulamentação do Fundo Rio Doce, o governo busca garantir que os recursos cheguem às populações afetadas e sejam aplicados de forma eficiente e transparente.

O acordo que garantiu os recursos

O decreto regulamenta parte do acordo homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro de 2024, que estabeleceu o repasse de R$ 132 bilhões para reparar os danos da tragédia. Desse total:

  • R$ 100 bilhões serão repassados para União, estados e municípios;
  • R$ 32 bilhões serão destinados a indenizações diretas;
  • R$ 49 bilhões serão geridos pelo Fundo Rio Doce para ações coletivas.

Além da gestão federal, as mineradoras continuam responsáveis por ações como o reassentamento de comunidades, a remoção de rejeitos e a recuperação de áreas degradadas.

Com informações do Palácio do Planalto