Wellington Dias, Ministro do Desenvolvimento Social e do Combate à Fome, compartilha sua visão sobre a reconstrução das políticas sociais e o impacto do novo Bolsa Família na vida das famílias brasileiras e na economia nacional

Wellington Dias: 'Justiça social não é uma opção, é uma obrigação moral'
Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro do Desenvolvimento Social e do Combate à Fome, Wellington Dias, tem se destacado por sua atuação na reconstrução das políticas sociais no Brasil, um país marcado por desigualdades históricas que, ao longo dos anos, exigem respostas urgentes e eficazes por parte do governo.

Em entrevista à Focus Brasil, o ministro compartilhou detalhes sobre as principais iniciativas de seu trabalho, destacando as conquistas alcançadas até o momento e os desafios que ainda precisam ser enfrentados. Para ele, a reconstrução do Brasil, especialmente em áreas vitais como a segurança alimentar, o acesso a serviços básicos e a redução da pobreza, vai além das palavras e se reflete em ações concretas e resultados palpáveis para a população mais vulnerável.

“O governo federal está comprometido com um plano que vai além da assistência. A reconstrução das políticas sociais do Brasil é, sem dúvida, um trabalho árduo, mas necessário, e está sendo feito com seriedade e compromisso”, afirmou Dias, destacando que um dos principais objetivos é garantir que as famílias brasileiras, especialmente aquelas em situação de extrema pobreza, tenham acesso a políticas públicas que possam realmente transformar suas condições de vida. Para ele, esse processo de reconstrução não é apenas um jogo de palavras, mas uma ação que se reflete nas práticas e resultados do governo.

Um dos marcos dessa jornada foi o fortalecimento do Bolsa Família, um dos maiores programas de transferência de renda do país, que passou por uma reformulação para atender de maneira mais eficaz às necessidades das famílias. A proposta não é apenas manter, mas aprimorar a eficácia do programa, ampliando seu alcance e garantindo que ele chegue aos mais necessitados. 

O aumento do valor do benefício, a expansão do acesso e a atualização do Cadastro Único foram medidas que tornaram o programa mais acessível e eficiente. “O Bolsa Família hoje é uma das ferramentas mais poderosas para reduzir a desigualdade social no Brasil, e estamos trabalhando para torná-lo cada vez mais justo e abrangente”, enfatizou o ministro.

Outro ponto fundamental abordado pelo ministro foi a questão da fome. Para Dias, a luta contra a fome é uma das prioridades do governo, especialmente em um cenário de pós-pandemia e crise econômica. “A fome não é uma questão abstrata. Ela atinge a dignidade das pessoas e precisa ser combatida com urgência. A segurança alimentar deve ser uma prioridade em qualquer nação que se diga comprometida com seus cidadãos”, afirmou. Nesse sentido, a ampliação da oferta de alimentos por meio de programas como o Cesta Básica Solidária, que distribui alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade, é uma das ações destacadas pelo ministério.

Em sua gestão, o ministro também tem se dedicado a promover uma integração maior entre as diversas políticas públicas de assistência social. Ele acredita que a ação de diferentes ministérios, como Saúde, Educação e Trabalho, deve ser mais coesa e orientada para resultados concretos. A ideia é garantir que as políticas sociais não sejam fragmentadas, mas sim que atuem de maneira integrada, potencializando os efeitos de cada uma delas. “Estamos buscando um sistema de assistência mais eficiente e conectado. A nossa intenção é garantir que todas as pessoas que mais precisam possam ter acesso a uma rede de proteção que seja robusta e que leve em consideração suas necessidades específicas”, disse.

Leia a entrevista na íntegra:

Ministro, como o senhor enxerga a responsabilidade de estar à frente de uma área que, como o senhor mesmo diz, é o “coração” do governo? Quais os impactos das políticas de proteção social na vida das famílias e na economia, até para quem não é beneficiário direto? Como o senhor avalia esses dois anos à frente da pasta?

O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, eu digo que é um daqueles em que a destruição por parte dos governos anteriores foi maior. Nós tivemos o desmantelamento do co-financiamento, que garante a sustentação do sistema de assistência social do sistema de segurança alimentar. Com isso, vários programas deixaram de existir na forma correta. O cadastro, que é o coração, o cerne do MDS e ele foi trocado por um aplicativo. O cadastro que abriga 95 milhões de brasileiros pelo aplicativo é tão frágil que passamos os primeiros dias com risco grande de ter uma pane, uma paralisação. Desde janeiro, coordenado pelo presidente Lula, nós passamos a trabalhar, como é o propósito do governo dele desde o começo:  a reconstrução não é um jogo de palavras, é verdadeiro. De um lado, queremos garantir e trazer de volta o modelo do novo Bolsa Família, assegurando um modelo em que transferência de renda, mais complementação alimentar com um cadastro eficiente, onde pudéssemos chegar em busca ativa, como fizemos, trazendo milhões de pessoas, mais de 20 milhões de pessoas que estavam passando fome. Uma outra parte, até estava no cadastro, mas não acessava o benefício, porque havia muita fraude. Nós encontramos e já cancelamos cerca de 4.1 milhões de benefícios de pessoas com renda elevada e pessoas que ganhavam até R$ 150 mil no Auxílio Brasil. Pessoas que fraudavam o CPF,  com documentos de pessoas que já morreram. Ou seja, tinha de tudo e isso levou a um prejuízo, segundo o Tribunal de Contas da União, de R$ 34 bilhões para o país. A destruição da própria economia e da própria estrutura social fez crescer a de um lado, a pobreza,  a extrema pobreza e a fome cresceu no Brasil. Vale lembrar que, iniciado pelo presidente Lula, já em 2014, no governo da presidenta Dilma, alcançamos o patamar de um país fora do mapa da fome, reduzindo a extrema pobreza para um patamar de 5,2% e a pobreza para 30,6%, o nosso mais baixo patamar. 

Agora, ao retomarmos com total apoio do presidente Lula, agradecemos também aos líderes que apoiaram as propostas no Congresso Nacional do Programa de Aquisição de Alimento, além do novo Bolsa Família, onde criamos o valor per capita, de R$ 150 para as crianças. O mínimo a ser recebido é R$ 600, aumentando em R$ 50 para crianças acima de seis anos e adolescentes, isso leva a um benefício que, em média, paga-se R$ 230, aproximadamente US$ 40 por pessoa. É isso que faz com que, já na largada, conseguíssemos retirar da extrema pobreza, 92% das famílias com crianças e adolescentes do Bolsa Família. E, é claro, seguindo a ordem do presidente Lula, a prioridade não é só tirar da fome,  em 2024, retiramos 24,4 milhões de brasileiros da fome, em comparação ao número de 23 milhões em 2023, eu creio que alcançamos próximo de 5 milhões a mais em 2024, isso nos permite dizer que há uma grande chance de, em 2025, atingirmos o critério da FAO, ficando abaixo de 2,5% na insegurança alimentar. Sob a liderança do presidente Lula, sairemos novamente do mapa da fome com a redução da extrema pobreza para cerca de 9%. Já alcançamos, em 2023, 4,4%, o mais baixo da história. A redução da pobreza também atingiu 27,4%, o menor índice da história, e a desigualdade, medida pelo índice Gini, já alcança 0,518, o menor já registrado no Brasil. Soma-se a isso as pessoas do Bolsa Família e do Cadastro Único, que cuidam da saúde e da educação. Muitos se formaram em 2023 e 2024, tornando-se médicos, engenheiros, jornalistas, educadores, entre outros. Isso representa um avanço. A classe média cresceu, com os domicílios nesta categoria chegando a 50,4% depois de uma forte queda.

A “porta de saída” do Bolsa Família tem sido muito debatida. Apesar das críticas da mídia sobre sua ineficiência, ela parece fortalecer o emprego formal e a economia. Qual é o volume atual dessa “porta de saída” e qual tem sido seu impacto?

Eu acompanhei mais de perto pelo Consórcio Nordeste na condição de governador por quatro mandatos e a experiência da região Nordeste e, é claro, do meu Piauí. Quando assumi, pedi ao presidente Lula que, integrado com outros ministérios, criássemos uma área dentro do MDS para trabalhar a inclusão produtiva, a inclusão socioeconômica e ele aceitou, aliás, criamos esta e criamos a Política de Cuidados, para apoiar as mulheres que cuidam de outras pessoas. E claro que o Ministério segue na sua missão da área social e da segurança alimentar, pois o presidente é uma pessoa que tem esse compromisso e não faltou e nem faltará recurso para garantir o atendimento a quem tem direito. Nós vamos assegurar as condições para pagar os benefícios e assegurar os direitos do Bolsa Família e daqueles que têm direito ao BPC, ao Auxílio Gás. O presidente Lula tem, pela sua experiência de vida, a justa compreensão de que a pobreza não é só comida. É preciso cuidar, principalmente, da saúde, da educação, da renda, mas também o que ele chama de dignidade. Aqui nós trabalhamos de forma integrada, com 48 programas, além do Pé de Meia e Farmácia Popular que havia sido  destruído também e voltou o Auxílio Gás, a tarifa social de energia, ou seja, são vários programas que atendem a necessidades de uma população que está no cadastro e chegamos agora 2024 com 91 milhões de pessoas destas pessoas. Tem uma parcela que está no Bolsa Família, são 53 milhões de pessoas, e outras que estão no BPC, no Benefício da Prestação Continuada, outros ainda como o Benefício Rural, a aposentadoria rural, como o povo diz, ou seja, são vários programas. Pois bem, o que a gente agora fez foi um plano de qualificação focado na população economicamente ativa, que está no Cadastro Único que engloba 46 milhões de brasileiros acima de 16 anos. 

E que tal se, quando as empresas que precisam de mão de obra, os próprios governos mas, através de um conjunto de redes de qualificação, onde a principal delas é o Ministério da Educação, com uma rede de universidades, uma rede de faculdades de escolas técnicas federais e estaduais, mas também o Sistema S, nesse conjunto com setores privados que também fazem formação. E quando a gente faz essa formação dentro dos padrões das empresas que precisam contratar, criam um cadastro reserva, o emprego vem, isso tem sido um caso de sucesso. 

Do outro lado, garantimos que a pessoa que quer empreender consiga fazê-lo. Se eu quero montar um salão de beleza, produzir uma horta, produzir frutas, eu quero criar vaca leiteira; se estou querendo trabalhar com o comércio; se eu me formei odontologia e não tenho um consultório odontológico, se me formei em Direito e não tenho dinheiro para colocar meu escritório, e assim por diante, nas várias áreas, nas várias situações, com pessoas de diferentes níveis de escolaridade, quando olhamos para o resultado entre 2023 e 2024, foram 16.500.000  de admissões apresentadas ao Caged.

Estas oportunidades foram ocupadas pelo povo do Bolsa Família, do Cadastro Único. Quando a gente olha para o Cadastro Geral do Emprego em 2023, o saldo é positivo, com cerca de 1.600.000 empregos, 71% do povo do Bolsa Família do Cadastro Único. Agora veja, a surpresa é 2024: 1.650.000 novos empregos a mais do que o ano anterior, 98,87% eram do povo do Bolsa Família e do Cadastro Único.

Então quando alguém disser “Ah, esse povo não quer trabalhar, o Bolsa Família incentiva a preguiça”, mentira! Isso é preconceito contra os mais pobres. Veja que 98,8% estão trabalhando com carteira assinada, porque modificamos as regras para tirar o medo da formalidade.

Lamentavelmente, não é Ministro, essa semana a gente viu até uma notícia de um restaurante em São Paulo que colocou uma plaquinha dizendo que não conseguia funcionário, não conseguia empregar novos empregados graças ao pessoal do Bolsa Família e da cervejinha.  Além de preconceituosa, é uma mensagem que desinforma…

Se você pegar os dados dessa empresa e fizer um cruzamento, eu te garanto, que terão pessoas dessa empresa que foram do Bolsa Família ou que ainda são. Pois, veja só, fizemos uma mudança fundamental, pois no governo anterior, quando a pessoa tinha assinada a carteira, o benefício era suspenso. Quando as pessoas regularizam o CNPJ, eles tiravam o benefício. Ora, nós queremos estimular o emprego, então regularizamos o novo Bolsa Família, e criamos uma situação melhor do que as regras. Quando uma pessoa consegue um trabalho com carteira assinada, nós dividimos a renda daquela família pelo número de pessoas. Quando a renda per capita fica abaixo de R$ 218,00, essa família recebe do salário e recebe o Bolsa Família. Temos 4 milhões de famílias que estão no Bolsa Família, que recebem  do salário, do negócio e recebem integralmente o Bolsa Família. Quando ela saiu do patamar da extrema pobreza, ela ainda não saiu da pobreza, por isso nós criamos uma regra de proteção, uma espécie de transição, em que por exemplo, uma família de cinco pessoas, precisa alcançar uma renda superior a uma renda de R$ 3.530,00. Por exemplo, em uma família com uma renda arredondada de R$ 3.000,00, ela continua recebendo os dois salários mínimos e continua recebendo metade do Bolsa Família, pela regra de proteção. A principal mudança, na minha visão, é que quando essa pessoa sai do Bolsa Família, ela não sai do cadastro, e quando ela perde o emprego, ou quando cai a renda, ela volta sem entrar na fila, com esse novo cadastro, é automático.  O problema são os trabalhadores sazonais. Como por exemplo, uma pessoa que trabalha com produção de grãos e frutas, os safristas, uma atividade onde as pessoas podem ganhar até R$ 6.000,00 por mês. Essa pessoa trabalhou apenas três meses, mas passou do limite de R$ 3.530,00. Da forma como estava, essa pessoa já perderia o direito, pois a renda per capita família ficou acima dos R$ 706,00, que é o padrão brasileiro, US$ 120,00, mas agora, pegamos essa renda e dividimos pelos 12 meses do ano para saber qual a renda média da pessoa no período. Já encontrei pessoas que me disseram “quero agradecer pois antes, eu perdia o benefício, mas agora não”, essas mudanças tiveram um grande efeito. O presidente Lula criou o programa Acredita, para acreditar no Brasil para acreditar na população, onde eles têm a oportunidade de empreender. As pessoas que querem empreender e não tem capital, não tem dinheiro, procuram um banco, e quando elas chegam ao banco, são exigidos bens ou avalistas, coisas que elas não tem. Aí entra o fundo garantidor federal criado pelo presidente Lula. Pronto, isso diminuiu o risco do banco, provocando uma queda brusca nas taxas de empréstimo, que chegavam a 35%, 55% ao ano. Tem ainda o crédito ao trabalhador que entrou em vigor na segunda, dia 24, com taxas que vão de zero até no máximo taxa Selic mais 2%. O Acredita oferecerá empréstimos de R$ 21.000,00 na primeira fase, R$ 80.000,00 no segunda fase, engatando com o Pronamp com créditos de até R$ 1.2 milhão, com apoio do MDS, do Ministério do Trabalho e do Empreendedorismo. Uma última informação, o programa Acredita teve um piloto no Banco do Nordeste, em 2023, e foram 70.000 operações, com as pessoas do Bolsa Família se transformando em empresários e a inadimplência, é de apenas 26 contratos de 70.000, apenas 26 contratos inadimplentes. Além de tudo, além de trabalhador, o mais pobre é o mais honesto pois toma o financiamento e paga em dia.

O conceito de trabalhador mudou, e o governo precisa se adaptar. Como o MDS tem acompanhado essas mudanças e, ao mesmo tempo, garantido a proteção dos direitos trabalhistas? Além disso, como o MDS tem atuado para apoiar a classe média e promover qualidade de vida e consumo?

Ora,  no governo do Bolsonaro, o Brasil vinha com uma forte redução na economia. Veja que o Brasil, que lá atrás o presidente Lula, a presidenta Dilma deixaram como a sétima maior economia do mundo, já estava com uma 12.ª, muito rapidamente eles destruíram as condições do próprio país internacionalmente. O presidente Lula assumiu e nós já fechamos o ano de 2024 como a 10ª, entre as dez maiores economias do planeta, o Brasil novamente se posicionando entre as dez maiores economias do planeta. Resultado de um programa que, de um lado, coloca ali um plano de investimentos públicos e privados, principalmente privados, com atração de investimento, respeitabilidade internacional além de um conjunto de programas como Minha Casa, Minha Vida, o PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento, e eu digo, a importância do crescimento que a renda voltou a ter, depois de muitos anos de congelamento. Sem aumento real, aumento de salário mínimo, aumento da massa salarial brasileira e gerando novas atividades econômicas, novos empregos, isso fez crescer a renda do povo brasileiro e cresceu principalmente a renda dos mais pobres. A renda dos brasileiros cresceu 11% em termos reais nesses últimos dois anos, quando analisamos os 5% mais pobres, cresceu 30,6%, veja que coisa fantástica! Então, estamos reduzindo a desigualdade, é isso que está em jogo. Ora, aqui tem um olhar, sim, para os mais pobres, mas também para a classe média. O próprio programa de inclusão produtiva de inclusão socioeconômica que o MDS trabalha, a meta é, de um lado tirar da fome, retirar da extrema pobreza, superar a pobreza e levar para a classe média. Então a gente estava num patamar que já tínhamos alcançado no governo da presidenta Dilma em 2014, 54% dos domicílios brasileiros na classe média, isso caiu cerca de 10% para próximo de 43% e 44%. Ora, quando o presidente Lula assume, esse plano de desenvolvimento do Brasil, que é isso que a gente quer, um Brasil desenvolvido e desenvolvido do ponto de vista econômico, mais desenvolvido do ponto de vista social, com mais igualdade, com sustentabilidade ambiental. E aí o Brasil agora já está com 50,4% na classe média. É o efeito Lula e o efeito dos resultados dessa orquestra de programas extraordinários. Aqui tem oportunidade para a classe média, por exemplo, agora, é a gente quer melhorar a renda da classe média com a isenção de tributos até R$ 5.000,00 e até R$ 7.500,00 também tendo redução e tirando de quem tem uma renda mensal acima de R$ 1 milhão, 140 mil pessoas  pagavam ou nada ou 2%. Não é adequado que enquanto uma profissão dura e trabalha e ganha R$ 5.000,00 paga imposto de renda e quem ganha R$ 1 milhão não paga, paga 2%. Então pagar igual uma professora, pagar 10% e está toda essa chiadeira para você ver como o nosso país é assim muito voltado para os mais ricos. Por outro lado, garantir também aqui habitação para a classe média, assim como para os mais pobres. Assegurar para empreender, Como você disse, tem uma nova geração, a geração dos nossos filhos, os nossos netos, muitos já não querem,  eles dizem, queremos ser donos do nosso nariz, queremos empreender. Isso é bom pois abre oportunidades de emprego. E tem ainda a política de cuidados para as mulheres, principalmente, pois elas têm que cuidar de uma criança, cuidar de uma pessoa idosa, cuidar da casa. E a gente está abrindo oportunidades, como por exemplo, com creches ou para a partir de uma creche, pois o presidente Lula prioriza com o ministro Camilo, a partir da escola de tempo integral, abre oportunidade para crescer.  Quanto à formação e educação técnica superior, o governo está oferecendo apoio para quem já está na classe média e aos que através da formação possam compor a classe média. Um país desenvolvido com uma forte classe média, com redução de fome e de pobreza. É isso que estamos construindo no governo do presidente Lula.

Sobre a votação do Orçamento, o que foi enviado ao Planalto e o que o senhor espera da sanção do presidente Lula? Como podemos explicar a situação para os leitores e esclarecer o receio sobre a perda de benefícios?

O governo do presidente Lula, até pela importância de trabalhar de modo seguro o social,  você pode ter um governo populista, autoritário, enfim, que muitas vezes faz aquela propaganda lembra da Casa Amarela? Quanta propaganda se gastou, cadê as Casas Amarelas? O presidente Lula é um homem que valoriza a sua palavra e ele sempre trabalhou lá no governo anterior, uma condição de que, como ele diz que aprendeu com a dona Lindu, sua mãe, a despesa tem que se comportar dentro da receita, porque é isso que faz com que sobre dinheiro para mais investimento. E é isso que a gente está fazendo e já vamos fechar, depois de um desastre que a gente teve e com um país com endividamento na casa de 80%, país com juros elevados, e isso ainda não baixou. E aqui eu digo que está correto, vi a entrevista do ministro Fernando Haddad, é  preciso ter um cuidado, é de atenção com o Banco Central, seja quem for o presidente, porque recessão não é remédio para controlar inflação, recessão é um remédio para  destruir empresas, negócios, empregos, ou seja, e não é isso que queremos para o Brasil, assim não pode ter uma dosagem de juros como está fazendo o Banco Central neste patamar. A inflação, quando é uma inflação de demanda, é uma coisa boa, nós temos é que aumentar a produção, para gerar mais riqueza, temos que produzir mais energia, para gerar mais riqueza. Então a inflação brasileira, diferente de alguns países, ela é levada por fatores que têm solução e que são positivas, inclusive. Quanto ao orçamento, que bom, finalmente está aprovado, e vamos ter um orçamento, pois veja, vamos chegar em abril, e teremos o orçamento para o ano de 2025, e está garantido, não faltarão recursos para nenhum dos programas sociais. Quando eu assumi, as notícias eram: cortaram R$ 7 milhões, trouxemos para dentro do benefício 5,5 milhões de pessoas. Isso aumentaria em 40 bilhões a despesa. Por quê? Porque recebemos uma autorização orçamentária de R$ 175 bilhões, em 2023, que era o que tínhamos disponível para o Bolsa Família. Ao incluir mais 5,5 milhões de famílias, isso adicionaria mais R$ 40 bilhões, resultando em um total superior a R$ 200 bilhões. Mas não foi assim. De um lado, combatemos a fraude. Muitas pessoas eram fraudulentas. A eficiência no combate à fraude, um cadastro eficiente e o Sistema Único de Assistência Social trabalhando de forma eficaz levaram a uma economia de R$ 34 bilhões. Além disso, tivemos pessoas que saíram da pobreza, deixaram o Bolsa Família, porque se tornaram auto suficientes, outras aumentaram a renda e passaram a receber 50% pela regra. Portanto, já fechamos, em 2024, com R$ 168 bilhões, entre aqueles que entraram e os que saíram, tivemos uma economia de R$ 6 bilhões. Estamos trabalhando em condições para uma nova economia de R$ 7,7 bilhões. Isso se deve à eficiência no combate à fraude e à superação da pobreza. Um exemplo: aquela família que conseguiu um emprego ou abriu um negócio, ou que encontramos fraudando benefícios e teve o auxílio cancelado, resultou em economia no mês de dezembro em 2024, para o ano 2025, essa economia será ao longo do ano inteiro. Portanto, seguimos com busca ativa onde estão as pessoas passando fome e vivendo na pobreza. Vamos incluí-las no cadastro. Então, na verdade, esse resultado é para ser comemorado como uma notícia boa. E repito o que precisar, tem um presidente que garante primeiro dinheiro aos mais pobres, depois para os outros. É claro que eu preciso melhorar isso, dialogando com o ministro Fernando Haddad, com a ministra Simone Tebet, com o ministro Rui Costa, com o presidente Lula do presidente Lula, para a gente ter aqui um olhar, por exemplo, dessa economia e R$ 3 bilhões veio para o próprio MDS para garantir o auxílio gás. E precisamos aqui também ter um olhar para o co-financiamento, para o programa Ruas Visíveis, olhando toda a nossa estratégia para a população de rua e para o Viver Sem Limite, que é o programa voltado para a pessoa com deficiência, com a ministra Macaé Evaristo. Ou seja, é a necessidade, sim, de melhorar, mas nós estamos reestruturando o Fundo Nacional de Combate à Pobreza. Vamos receber recursos de doações que antes não era possível, porque eles impediram com base na Lei do Teto. Estamos reestruturando, para melhorar a rede, SUAS, para ter equipamentos, com local adequado para garantir as condições de uma melhor participação com a rede de acolhimento. Pouca gente sabe mas nós temos 12 mil equipes e unidades do Sistema Único de Assistência Social, os CRAS, Centro de Referência da Assistência Social equivale a uma UBS na Saúde os CREAS, Centro de Referência Especializado da Área da proteção social equivale a uma UPA a um hospital, que é onde a gente cuida de casos complexos. E são 4.8 milhões de pessoas que são pessoas refugiadas e pessoas imigrantes, são situações de pessoas de rua, crianças abandonadas, pessoas com deficiência muitas vezes abandonados, idosos abandonados, situações de mulheres que são espancadas em casa e a gente precisa acolher. Ou seja, casos de alta complexidade. São 24 mil unidades de atendimento. Temos a APAE, com a qual temos uma parceira, além das unidades privadas. Então eu digo que o presidente Lula,  olha com muita atenção e nós queremos em 2025, dar passos ainda maiores para o fortalecimento do SUAS e da rede de segurança alimentar.

Muitos não têm ideia do trabalho feito pelos CRAs e CREAs no atendimento diário. O senhor poderia dar exemplos concretos do impacto desses programas na vida das pessoas?

Todos os meses nós atendemos 2.8 milhões de pessoas na nossa rede. Porque, veja só, pra você ter uma ideia na promoção da dignidade o presidente Lula diz “pobreza não é só fome e nem mesmo é só dinheiro, só renda”. Já tem casa? Não, então, se inscreva no Minha Casa, Minha Vida, pois agora quem está no Bolsa Família, no BPC, recebe a chave da casa e recebe o documento da casa quitada. Onde mora não tem energia? Luz para Todos. Não tem internet? Brasil Conectado. A criança ou adolescente está no ensino médio, temos aqui o Pé de Meia, tem pessoas com doenças e usa um remédio de uso contínuo e pressão alta, uma diabete, e essa é uma situação que tem que comprar remédio todo mês, temos o Farmácia Popular agora com 41 medicamentos gratuitos, inclusive agora, com direito ao programa para osteoporose, fralda geriátrica, garantindo a higiene para as mulheres. Esse governo está garantindo as condições de ter, por exemplo, a regularização da sua propriedade, com a equipe do ministro Paulo Teixeira, que dá apoio no assentamento ou na sua propriedade. Garantir que se tenha, por exemplo,  uma gratuidade no concurso. Agora tem o cursinho popular, que vai oferecer um preparo para o vestibular, para o Enem, para um concurso. Estamos garantindo que a pessoa que precisa tenha, por exemplo, acesso à tarifa social de energia, quando ela tem um determinado consumo através do cadastro do Bolsa Família, por isso é uma grande responsabilidade o cadastro, por isso ele tem que ser muito rigoroso e eficiente, porque cuidamos aqui de vários programas que tem o cadastro como referência e é isso que traz dignidade. Então, essa responsabilidade, sob a confiança do presidente Lula, que estamos trabalhando e integrado com 24 ministérios através da Caisan, a Câmara Interministerial de Segurança Alimentar, focada nessa meta de combater a fome, combater a pobreza.

Ministro, se quiser deixar uma mensagem final para nossos leitores, fique à vontade.

O ano de 2025 será um ano de boas notícias dentro do MDS. Será o ano em que o Brasil, pela segunda vez sob a liderança de Luís Inácio Lula da Silva, sairá, se Deus quiser, do Mapa da Fome. Quando a FAO divulgar o resultado em 2026, teremos essa ótima notícia. Faremos isso com crescimento econômico, redução da extrema pobreza a patamares históricos, redução da pobreza também a níveis históricos e crescimento da classe média a patamares inéditos. É um modelo em que o social é parte do desenvolvimento econômico. Quando a economia cresce, o PIB se expande, e queremos incluir estudos que considerem o PIB dos pobres. O que mencionei, referente a 2024, sobre 1,65 milhões de novos empregos, sendo que 1,63 milhões foram para o povo do Bolsa Família e do Cadastro Único, reflete que o Brasil está no rumo certo, e, com certeza, haverá mais desenvolvimento para o nosso país.