Dia da mulher em Munique: Um dia de luta como outro qualquer
Ato enfatizou a luta contínua das mulheres, especialmente imigrantes, que enfrentam disparidades salariais e falta de atenção. A manifestação incluiu apoio à Palestina e participação de grupos como Mulheres da América Latina

O dia 8 de março foi celebrado na cidade de Munique, na Alemanha, com uma manifestação e caminhada. Vários coletivos e ONGs ligadas às mulheres organizaram-se na praça central da capital para exigir direitos iguais, liberdade de escolha, liberdade para os nossos corpos, o fim da discriminação baseada no gênero e na nacionalidade. O evento recebeu o apoio da prefeitura e foi acompanhado de perto pela polícia da cidade que estava fortemente armada.
A ONG Frau-Kunst-Politics, organizou-se para participar do dia 8 de março na perspectiva de que o dia internacional da mulher é “um dia como qualquer outro dia do ano, um dia de luta onde exigimos, acima de tudo, acabar com a violência contra mulheres e meninas”. A fundadora da ONG, Dra. Corina Toledo, nascida no Chile, emigrou aos 8 anos para a Venezuela antes de se mudar para a Alemanha. Frequentou a universidade de Matemática e iniciou o ativismo com o objetivo de “dar visibilidade às mulheres, para mostrar que estamos aqui, que somos muitas e todas diferentes, e que estamos todas do mesmo lado: o lado das mulheres”.

Ela conta que no princípio, tudo que tinha era “seu próprio dinheiro e seus próprios esforços”. Em atividade há 21 anos, a ONG é uma organização oficial e recebe apoio do estado de Munique para custeio de atividades administrativas e ações sociais.
Os temas do seu trabalho abrangem as mulheres em geral, suas relações com os filhos, “mas com um foco maior nos imigrantes”. A coordenadora destaca um outro problema que ocorre dentro das organizações alemãs com relação aos salários pagos aos imigrantes. “Os imigrantes não recebem a atenção necessária, mesmo exigindo melhores salários e igualdade. No entanto, o problema dos imigrantes vai além disso: muitas organizações de imigrantes reclamam que, apesar de contribuírem para a emancipação das mulheres ao cuidar de seus filhos, pais e idosos, recebem apenas salários significativamente mais baixos, cerca de 20% a menos do que os pagos às alemãs”.
Ela pontua que o “sistema fomenta diferentes níveis sociais, variando conforme a educação, status econômico e poder de voz, como o caso de figuras como Ursula von der Leyen e Angela Merkel, em contraste com alguém como a senhora Müller, por exemplo, que trabalha em um supermercado”. Ela conclui dizendo que atua para explorar e divulgar exemplos de imigrantes que alcançaram status. Ela quer conquistar os homens para se somarem à luta. “O planeta tem espaço para todos vivermos em paz, apesar de parecer utópico. Além disso, é crucial combatemos as concentrações de poder, que estão, em sua maioria, nas mãos de homens brancos. Meu desejo para o futuro é que não apenas descrevamos sintomas, mas enfrentemos as estruturas de poder, contribuindo para um mundo mais justo e igualitário”, conclui.

Apoio à Palestina
Durante o ato político, subiram ao palco para deixar suas mensagens, mulheres de várias partes do mundo. A manifestação foi seguida de uma marcha que circulou a praça com os participantes entoando cantos pela Palestina livre, do rio ao mar.
Um pequeno grupo portanto bandeiras do Estado de Israel estava presente, mas a ampla maioria de participantes trazia nos ombros o lenço palestino.

Mulheres Latinas participam do ato
A ONG Mulheres da América Latina também participou do ato político e da pequena marcha, que contornou a Praça Central de Munique. Amanda, nascida na Argentina, vivendo em Munique desde a infância, uniu-se ao grupo naquele que ela definiu como um dos dias mais importantes durante o ano. “Deveria ser assim todos os dias, para falar por aquelas que não podem, por aquelas mulheres que não estão conosco hoje, essa é a principal razão (do 8 de março) para mim” disse.
A ativista não consegue nominar a principal razão que a levou para a manifestação e explica que “escolher uma e dizer que é a mais importante é complicado” mas destaca que talvez “não só a misoginia de homem para mulher, mas também uma misoginia internalizada em nós mesmas” seria o desafio a se transpor.
Amanda acrescenta que “se conseguíssemos não estar em luta conosco e em nossa comunidade, poderíamos ser ainda mais fortes. E talvez isso fosse um começo importante, para que todas as outras lutas pudessem ser enfrentadas com ainda mais poder e sororidade”.