Experiência amazônica, por João Batista

Foto: Comunicação PT Pará
No início da década de 1980, foram dados os primeiros passos na articulação política na Amazônia, com predominância de lideranças do movimento sindical. Esse movimento se ampliou no final da mesma década com o surgimento do GTA – Grupo de Trabalho Amazônico, uma iniciativa de várias lideranças dos movimentos sindical e popular, das pastorais, ONGs, pesquisadores e professores das universidades da região, ambientalistas, indígenas, quilombolas e seringueiros; entre eles, muitos petistas. Esse foi o embrião da articulação de militantes petistas com atuação em diversas frentes de luta em todos os estados da região.
Em 1989, pela primeira vez, discutiu-se um programa de governo para a Amazônia, que foi lançado pelo candidato à Presidência da República, Lula, na Serra dos Carajás, município de Parauapebas, Pará. As campanhas de Lula para presidente e as Caravanas da Cidadania na região serviram como um grande incentivo para a organização e articulação regional.
No entanto, foi no segundo Congresso Nacional do PT, realizado em 1999 em Belo Horizonte, motivado pela ausência das questões amazônicas na pauta e na agenda do partido, que surgiu a primeira iniciativa partidária para organizar um fórum de petistas da região. Esse espaço de debate foi consolidado na primeira reunião de organização e planejamento com dirigentes das executivas estaduais, realizada em janeiro de 2000, na cidade de Belém.
O Fórum PT Amazônia desempenhou um papel fundamental na articulação, formulação e produção de uma agenda política que influenciou de maneira determinante os programas de governo do PT, as lutas sociais e os embates eleitorais. O Partido dos Trabalhadores viveu, na região, um período de crescimento das lutas populares e obteve forte desempenho em processos eleitorais, tanto municipais quanto estaduais e nacionais.
Destacam-se, nesse contexto, a conquista de seis cadeiras no Senado e 14 na Câmara Federal na eleição de 2002, além do amplo crescimento registrado na eleição de 2004. Com o trabalho da coordenação, foram realizados encontros do Fórum em Manaus, Palmas, Belém, Brasília e Santarém, além de reuniões e atos políticos em todas as capitais e principais cidades da região.
Como fruto dos debates no Fórum de Petistas da Amazônia, o Diretório Nacional, por meio da Fundação Perseu Abramo (FPA), organizou e realizou quatro grandes conferências da Amazônia em Belém, Macapá, Porto Velho e Rio Branco, além de vários seminários. O mais recente ocorreu em 2021, no formato virtual, com o tema “Seres e Saberes da Amazônia são Riquezas do Brasil”, que resultou em propostas de programas para a Amazônia, entregues ao presidente Lula, tendo a FPA como guardiã desse acervo.
O PT, no entanto, vem enfrentando um declínio eleitoral há mais de uma década. Paralelamente, o Fórum PT Amazônia perdeu força em seu papel articulador, mobilizador e formulador. A experiência de organização partidária de caráter regional vivenciada na Amazônia deve servir como provocação para o debate no processo do PED, especialmente no que diz respeito ao papel dos espaços de articulação política e organização.
Considerando as normas e resoluções da Direção Nacional e a partir da vivência e prática organizativa regional, e sob coordenação das Secretarias de Organização e Geral, proponho a realização de um seminário regional com as direções estaduais eleitas no PED para definir temas de interesse comum e estabelecer um planejamento estratégico para o processo eleitoral de 2026;
Também é necessário constituir, com urgência, no âmbito da Direção Nacional do PT e da FPA, um grupo para tratar da questão do Clima e da COP 30. Já especificamente sobre a Amazônia, é fundamental a realização da quinta conferência, com etapas em cada estado da região e uma etapa geral em Belém.
Além disso, devemos sistematizar e publicar uma revista da FPA contendo todas as elaborações das conferências e seminários, incentivar e publicar artigos científicos de pesquisadores petistas sobre a Amazônia e apoiar a organização de ativistas sociais, institucionais e partidários por meio do Movimento Seres e Saberes da Amazônia.
João Batista Barbosa da Silva – Ex-presidente do Diretório Estadual do PT – Pará