PT 45 anos: a necessidade de continuar mudando, por Alberto Cantalice

O Partido dos Trabalhadores nasceu nos estertores da ditadura militar instaurada em 1964. No ano de sua fundação, 1980, a ditadura, caminhando para o esgotamento, já perdurava por 16 anos.
Partes das esquerdas, na época combalidas pela política de extermínio levada a cabo pela repressão dos Dops e Doi-Codis, somaram-se ao novo sindicalismo, cujo centro era o ABC paulista, e aos militantes católicos progressistas das Comunidades Eclesiais de Base da Igreja, sob a liderança do metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, e fundaram o Partido.
Visto com desconfiança na época pelos herdeiros do trabalhismo Vargas-Jango-Brizolista, pelos comunistas e por membros da esquerda democrática do antigo MDB, o PT, advogando um sentimento antiditadura e de contestação aos limites da social-democracia europeia e à burocratização do socialismo realmente existente, buscou se consolidar como uma alternativa nova no espectro da esquerda brasileira.
No seu início, rejeitando qualquer tipo de aliança com os setores vistos como reformistas, o PT se notabilizou por um sectarismo exclusivista que começou a ser rompido nas eleições municipais de 1988 e se ampliou no segundo turno das eleições presidenciais de 1989. Essa mudança na política de alianças, entretanto, não possibilitou a vitória de Lula nos pleitos de 1994 e 1998, este último com o trabalhista Leonel Brizola como candidato a vice.
A ampliação mais significativa se deu nas eleições de 2002, com a indicação do empresário José de Alencar para compor a chapa com Lula. Aliança vitoriosa, que perdurou pelos dois mandatos de Lula.
O “aggiornamento” petista e a manutenção do tripé macroeconômico herdado do tucanato não foram o bastante para conter o ímpeto das forças conservadoras, que logo começaram a intentar o golpismo: via Ação Penal 470 (mensalão), Jornadas de Junho de 2013, culminando com a Operação Lava Jato, que contribuiu enormemente para a derrubada de Dilma Rousseff, a prisão e proscrição de Lula e a criminalização do Partido.
Graças à resiliência da militância petista e ao seu histórico de lutas, o PT sobreviveu, montou uma frente ampla e elegeu Lula para um terceiro mandato em 2022 (confira nesta edição a reportagem que preparamos, no material de capa).
O PT tem muito o que festejar neste 45º aniversário, sem, no entanto, deixar de atinar que o golpismo, que está no DNA das forças conservadoras brasileiras, continuará sempre à espreita.
Viva o PT!