Neste domingo (19), foram liberadas três reféns israelenses e 90 prisioneiros palestinos

Neste domingo (19), foram liberadas três reféns israelenses e 90 prisioneiros palestinos
FOTO: Unrwa – Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos

Após um ano e três meses de bombardeios, entrou em vigor neste domingo (19) o cessar-fogo entre Israel e Palestina, firmado na semana passada no Catar, um dos negociadores junto com Egito e Estados Unidos. O acordo teve início às 6h15 no horário de Brasília (11h15 no horário local). Houve um atraso de três horas no horário previsto para a liberação da lista de reféns israelenses por parte do Hamas, o que resultou em mais ataques à faixa de Gaza e ao norte do território, ainda no domingo, deixando 19 mortos e 30 feridos. 

Por volta do meio-dia, no horário de Brasília, foram libertadas três reféns israelenses capturadas em 7 de outubro de 2023, data considerada marco do enclave por conta do atentado promovido pelo Hamas, que matou cerca de 1,2 mil israelenses. Romi Gonen, Emily Damari e Doron Steinbrecher foram entregues por soldados do grupo palestino nas mãos de representantes da Cruz Vermelha. Em troca, Israel libertou 90 prisioneiros palestinos, entre homens, mulheres e crianças. 

Etapas do acordo

O cessar-fogo prevê três fases. A primeira, já iniciada, deve ocorrer com a troca de 33 reféns israelenses, vivos ou mortos, e prisioneiros palestinos, além da possibilidade de que palestinos possam voltar para suas casas ao norte da Faixa de Gaza, região que foi 90% afetada por ordens de evacuação. Casos que necessitam de tratamento médico e humanitário serão atendidos na fronteira com o Egito. Ao longo do domingo, foram registradas imagens de palestinos voltando para o local onde viviam, agora em ruas totalmente desertas, restando apenas escombros.

 A segunda fase tem previsão de início no dia 3 de fevereiro, com o foco na liberação do total dos 33 reféns israelenses em troca de 1.904 prisioneiros palestinos. Já a terceira etapa, a partir do dia 3 de fevereiro, marca o início da reconstrução da Faixa de Gaza.

Futuro incerto 

Apesar das comemorações do povo palestino, ainda não há garantias de que o cessar-fogo represente, de fato, o fim da guerra. No sábado (18), em seu primeiro discurso após a assinatura da trégua, Benjamin Netanyahu afirmou se tratar somente de uma pausa, com a paralisação apenas temporária. O primeiro-ministro israelense disse que o país “não vai desistir de seus objetivos” e que atacará a Palestina “com força” caso as contrapartidas exigidas não sejam cumpridas. Netanyahu fez questão de deixar claro no pronunciamento que conta com o apoio dos Estados Unidos em uma possível nova ofensiva. 

Nesta segunda-feira (20), o Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, discursou no Conselho de Segurança da ONU em uma sessão sobre a situação no Oriente Médio. Ele destacou que 630 caminhões de ajuda humanitária já adentraram o território. O líder das Nações Unidas enfatizou a proteção civil e segurança aos que tentam retornar às suas comunidades. As medidas envolvem a remoção de artilharia explosiva, atuação com dignidade e respeito na recuperação dos restos mortais das vítimas. 

Mortes e destruição

Segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, cerca de 47 mil palestinos foram mortos, sem contar os números de trabalhadores de serviços humanitários e jornalistas atingidos. 

De acordo com um estudo, publicado em 9 de janeiro,  na revista científica The Lancet e conduzido pela universidade London School of Hygiene and Tropical Medicine (LSHTM), a estimativa é de que esse número representa uma subnotificação de cerca de 40%, já que os hospitais e os necrotérios operam em situações catastróficas e o sistema oficial online deixou de funcionar, além do fato de que muitas famílias foram inteiramente dizimadas sem ter parentes vivos para registrar os óbitos. 

Segundo informações da ONU, cerca de 67% das terras aráveis, ou seja com a possibilidade de plantio, da Faixa de Gaza foram danificadas. Enquanto isso, 91% da população palestina apresenta altos níveis de insegurança alimentar severa, de acordo com projeções da entidade.