Há 40 anos, controversa eleição de Tancredo Neves colocava fim à ditadura militar
Primeiro presidente da redemocratização foi eleito de maneira indireta em 15 de janeiro de 1985
Após 21 anos de luta pela reabertura democrática, um controverso processo eleitoral definia Tancredo Neves como presidente do Brasil. A chegada ao mais alto cargo da nação aconteceu em 15 de janeiro de 1985, mas ainda aconteceu longe de ser a maneira ideal.
A primeira ressalva é o fato que a eleição foi realizada sem votação popular, sem levar em conta o movimento Diretas Já, que contava com o apoio de milhões de brasileiros e brasileiras e tentava conseguir no Congresso implementar eleições com voto direto.
Tancredo Neves superou Paulo Maluf numa escolha feita apenas por parlamentares. O processo que o levou à presidência foi carregado de tensões políticas, manobras institucionais e contradições.
No discurso, Tancredo ainda agradeceu a mobilização popular e ressaltou que o brasileiro é um “povo que não se abate, que sabe afastar o medo e não aceita acolher o ódio”. “Reencontramos, depois de ilusões perdidas e pesados sacrifícios, o bom e velho caminho democrático. Não há pátria onde falta democracia”.
Ele destacou o combate à inflação e o desenvolvimento social como suas prioridades. Disse que a primeira tarefa do novo governo era promover a organização institucional do Estado. “Se, para isso, devemos recorrer à experiência histórica, cabe-nos também compreender que vamos criar um Estado moderno, apto a administrar a nação no futuro dinâmico que está sendo construído”.
Dias antes de tomar posse, ele foi internado com sintomas de apendicite e morreu em 21 de abril de 1985. O país passou a ter José Sarney como presidente – um político que havia sido filiado à Arena, partido que sustentou o regime militar.
O processo de redemocratização foi gradual e negociado, e resultou na Constituição de 1988, pouco mais de três anos depois da morte de Tancredo. Um ano depois, aconteceria a primeira eleição do país com voto direto.