Análise: pesquisa Quaest aponta desafios para a segunda metade do governo
A percepção de maior facilidade para conseguir emprego não impactou na avaliação sobre economia, mas houve diminuição do pessimismo com o futuro
A mais recente pesquisa Quaest sobre a popularidade do governo Lula e percepção dos brasileiros sobre temas conjunturais traz insumos para uma avaliação da opinião pública ao final do segundo ano de governo. A margem de erro é de 2 pontos percentuais (p.p.) e o levantamento foi realizado entre os dias 4 e 9 de dezembro.
O governo Lula é aprovado por 52% (+1 p.p. desde outubro/24) da população e reprovado por 47% (+2 p.p.), de acordo com o instituto. Os índices não avançaram desde dezembro de 2023, com variação dentro dos limites da margem de erro. À época, 54% aprovavam Lula e 43% o reprovavam. O aumento da reprovação em ritmo lento – causado pela resiliente aprovação sempre acima de 50%, demonstra que há desafios para o governo nos próximos dois anos.
Quando instigados a avaliar o governo atual frente ao governo do antecessor, Bolsonaro, 42% consideram o governo Lula melhor, 37% consideram pior e 20% igual. Destaca-se que a aprovação do governo entre a população, de 52%, é muito maior que a aprovação mensurada pela Quaest entre agentes do mercado financeiro, em levantamento anterior. Numa escala de avaliação que vai de ótimo/bom e regular até ruim/péssimo, 33% da população tem avaliação positiva, número que é de 3% no mercado financeiro.
Em relação aos segmentos da população brasileira, Lula possui aprovação significantemente maior que a reprovação no Nordeste brasileiro (67% aprovam), no segmento de renda familiar mensal de até 2 SM (63%), na parte preta (59%) e parda (55%) da população , entre os brasileiros e brasileiras com idade maior que 60 anos (57%) e de 35 a 59 anos (52%), entre as mulheres (54%), entre os católicos (56%) e os sem religião (54%). Nos demais, há equivalência entre reprovação e aprovação, ou a primeira se sobressai.
Caiu, desde outubro, o número de pessoas que consideram que houve melhora na economia, para 27%. 30% consideram que ficou do mesmo jeito (eram 22%), e 40% relatam piora (era 41%). A percepção de maior facilidade para conseguir emprego não impactou na avaliação sobre economia, mas houve diminuição do pessimismo com o futuro. Subiu de 26% para 43% o número de pessoas que relata que há maior facilidade em conseguir emprego do que há um ano. É o maior número da série histórica deste governo. Houve retração do número de pessoas que são pessimistas com a economia nos próximos 12 meses – voltando ao patamar visto anteriormente pela Quaest: hoje, 51% afirmam que a economia irá melhorar e 28% que irá piorar.
O tema mais sensível para a opinião pública segue sendo o poder de compra e aumento de preços: 68% relatam piora no poder de compra, o maior índice desde o início do governo (eram 61% em outubro). 61% afirmam que estão em um patamar financeiro abaixo do que esperavam. 78% afirmam que o preço dos alimentos subiu, 13 pontos a mais que em outubro. Também é o maior índice desde o início do governo. A percepção de aumento do valor das contas de água e luz é de 65%, número semelhante ao dos últimos levantamentos, mas que aumentou paulatinamente desde junho de 2023 (era 48%). Em relação ao preço dos combustíveis, manteve-se em 59% (valor mensurado em outubro). Os dados indicam que o aumento do poder de compra deve ser um dos alvos para aumento da popularidade.
Por fim, a maior parte dos brasileiros (41%) considera ter visto mais notícias negativas que positivas sobre o governo. 56% não sabiam da proposta de isenção de IR para renda até 5 mil reais. 64% entre os com renda até 2 SM e 56% entre os com renda de 2 a 5 SM. A medida tem 75% de aprovação, 61% acreditam que seriam beneficiados pela medida (seja si proprio, ou a propria familia). 62% não sabiam que Haddad anunciou cortes de gastos. Entre os que ficaram sabendo, 68% acreditam que as medidas não serão suficientes. Farmácia Popular (88%) e Bolsa Família (76%) são os programas mais conhecidos e aprovados, seguidos pelo Desenrola (72% de conhecimento e aprovação e 21% de desconhecimento), Pé de Meia (69% e 18%, respectivamente), e Plano Safra (63% e 31%, respectivamente). Há muito desconhecimento sobre o Novo PAC (48%) e o programa Acredita (60%).