Cinco jovens escritores negros do Brasil para você conhecer
Embora ainda dominado por autores brancos, tem aumentado o número de representantes afrodescendentes na literatura nacional
A primeira romancista do Brasil é uma mulher negra. O mais importante autor da literatura nacional é um homem negro. Mas nem mesmo Maria Firmina dos Reis e Machado de Assis foram capazes de impedir, por quase dois séculos, o predomínio de autores brancos (mais homens que mulheres) brancos nas estantes das livrarias.
A razão é a mesma que vale para a medicina, para o direito e para tantas e tantas profissões consideradas “de elite”: o racismo estrutural no Brasil. Por sorte, ou melhor, por insistência de muitos nomes ao longo da história, hoje é “mais fácil” encontrar autores negros na literatura.
Embora a maioria ainda seja desconhecida do grande público, tem autor e autora que já estão arrebatando diversos prêmios importantes e conquistando um público cada vez maior. A seguir, conheça cinco destes nomes que são indispensáveis para conhecer autores e autoras negras que ainda vão dar o que falar.
Rebeca Aletheia, autora de “Cartas de Uma Viajante Negra ao Redor do Mundo”
A cidadã do mundo Rebecca Aletheia, ao percorrer por cidades, estados e países como Tadjiquistão, Moçambique, Malawi e Tanzânia, escreve cartas a si mesma com relatos sobre suas experiências e vivências. Em seu livro, ela traz uma narrativa alegre, emocionante e comovente de forma bem comunicativa e agitada.
Com profunda sensibilidade e uma imensa gana pela vida, a brasileira passeia pelas mais diversas culturas e países e traz ao leitor a força, a magia e o encantamento das cores. Segundo a autora, se os seus dias estiverem cinzentos e embaçados, percorrer os relatos da obra vai te ajudar a resgatar o brilho e a vivacidade do cotidiano.
Stefano Volp, autor de “O Beijo do Rio”
O escritor, roteirista e produtor editorial Stefano Volp lançou em 2022 a obra “O Beijo do Rio”. Mas ele já tinha sido aclamado por “Homens Pretos (Não) Choram”, Volp já foi o escolhido da TAG – Experiências Literárias para compor a edição das obras inéditas, modalidade de assinatura que envia best-sellers mundiais e grandes apostas da literatura contemporânea.
Em O Beijo do Rio, ele narra a luta do personagem Daniel e sua “vontade de derramar as lágrimas que haviam secado dentro de si”, além de “segredos escondidos sob águas turvas”. Com o desenrolar da trama, os mistérios são revelados e a narrativa fica cada vez mais envolvente.
Jeferson Tenório, autor de Onde eles Vêm
Do mesmo autor da obra censurada O avesso da pele, o novo romance de Tenório regressa aos anos 2000 e acompanha o ingresso dos primeiros cotistas nas universidades brasileiras. Em meio a períodos de políticas públicas inclusivas, o protagonista Joaquim luta para cuidar da avó doente, mesmo órfão, desempregado e sem dinheiro. O personagem busca a todo custo manter o amor pelos livros e pela literatura em um ambiente hostil que enxerga o progresso negro como um problema.
Itamar Vieira Junior, autor de Chupim
Em coautoria com a artista plástica Manuela Navas, Chupim marca a estreia de Itamar Vieira Junior (Torto Arado) na literatura infantil. O livro narra a história do menino Julim no trabalho em campos de arroz ao lado da família e critica a presença de crianças em tarefas que não deveriam ser delas. Antes mesmo do galo cantar e anunciar o começo de um novo dia, o pai de Julim já o chama para o despertar — a primeira vez que o menino trabalha nos campos de arroz.
Emicida, autor de Amoras
Emicida você já conhece pelas músicas. Mas sabia que ele também é autor de um livro infantil? Mas Amoras vai além da mera narrativa adocicada ao ensinar sobre orgulho, amor próprio e autoconhecimento. Escrito a partir do rap homônimo, Emicida é sucinto em nos fazer refletir sobre a importância de abraçarmos quem somos. Além disso, a obra conta com ilustrações lindas de Aldo Fabrini.
