Morre Celeste Caeiro, portuguesa que floresceu a Revolução dos Cravos, aos 91 anos
O gesto de distribuição dos cravos ao exército marcou a data da revolução portuguesa em 1974 e transformou-se em um símbolo
Celeste Caeiro, conhecida como a “Dama dos Cravos“, faleceu na última sexta-feira (15/11), aos 91 anos. Ela se tornou um ícone da Revolução dos Cravos, o movimento que encerrou a ditadura em Portugal, ao distribuir flores aos soldados no dia da queda de Antônio Salazar, 25 de abril de 1974. Seu gesto simples e espontâneo deu nome à revolução que marcou o começo da democracia no país.
Celeste era funcionária de um restaurante onde aconteceria um evento que foi cancelado devido ao movimento do exército nas ruas de Lisboa. Encargada de levar para casa os cravos que seriam usados na festa, quando ela deixava o local, foi abordada por um soldado que lhe pediu um cigarro. Com os cravos em suas mãos, ela resolveu ofertar-lhe a flor, e fez o mesmo com os outros militares presentes no local.
Os militares colocaram os cravos nos canos de suas armas. As imagens se espalharam pelo mundo, eternizando o gesto de Celeste como símbolo da revolução pacífica que pôs fim a 40 anos de regime autoritário.
O professor português Pedro Carvalho, admirador da Dama dos Cravos que conviveu com ela e integrou o Partido Comunista, destaca a força e a garra que ela representou e representa. Pedro foi preso político durante a Ditadura.
“Era uma mulher do povo, pequena em estatura e gigante em caráter”, descreve. Ao lamentar sua morte, o professor destaca que até ao fim da vida o seu lema foi “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais”. “A democracia que ajudou a construir e popularizar esqueceu-a no fim de sua vida”, lamentou.
O professor disse ainda que a forma como Celeste faleceu foi muito triste. “Ela andou de um lado a outro em busca de atendimento e acabou falecendo sozinha, sem receber os cuidados que precisava”, relatou. E completou: “uma cena lamentável do serviço nacional de saúde, que será agora investigada pelo ministério público”.
“Celeste era presença assídua nas manifestações comemorativas da Revolução dos Cravos, estará sempre presente nos nossos corações”, concluiu.
Recentemente, em abril de 2024, Celeste Caeiro participou das comemorações pelos 50 anos da Revolução dos Cravos, feriado nacional em Portugal.