Carga horária estressante massacra o trabalhador, por Alberto Cantalice
Cabe às forças progressistas saírem do imobilismo e das questões individuais a partir para a construção de projetos mais coletivos. Abriu-se essa chance!
Os avanços científicos e tecnológicos promoveram a robotização das fábricas e a substituição da mão de obra por máquinas e equipamentos. A introdução dos caixas automáticos, por exemplo, fizeram decrescer enormemente o número de trabalhadores do setor bancário. Um polo industrial automotivo como o do ABC paulista chegou a contar, no final da década de 1970, com centenas de milhares de metalúrgicos – hoje reduzidos a algumas dezenas de milhares.
O jovem brasileiro prestes a ingressar no mercado de trabalho encontra poucas opções de empregabilidade. Isso ameaça o futuro e cria uma situação de desalento. Por outro lado, alguns setores de mão de obra intensiva, como o comércio e os serviços, vivem uma espécie de “uberização” ou “plataformização” do trabalho. Em uma escala de 6×1, onde os trabalhadores veem seu horário de descanso reduzido. Um desatino.
O futuro do trabalho necessariamente passará pela redução drástica da carga horária, para que se possa ampliar o número de trabalhadores contratados. Várias experiências de diminuição da semana de trabalho em escala 3×4 têm sido observadas em vários países do mundo, onde se nota um aumento crescente da produtividade do trabalhador sem interferência na lucratividade das empresas.
Aqui no Brasil começa a tramitar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que altera a carga horária dos trabalhadores que trabalham na escala 6×1, de autoria da Deputada Federal Erika Hilton, do PSOL de São Paulo. Também na Comissão de Constituição e Justiça um projeto já com as respectivas assinaturas de autoria do Vice-líder do governo, Deputado Reginaldo Lopes do PT.
O ideal é apensar os dois projetos e abrir a discussão no interior do Congresso Nacional. Para isso é urgente e necessária a pressão popular. Hoje em dia é fácil constranger o parlamentar que vota e milita contra os interesses da classe trabalhadora.
As redes sociais ajudam muito nesse intento. Cabe às forças progressistas saírem do imobilismo e das questões individuais a partir para a construção de projetos mais coletivos. Abriu-se essa chance!