História em papel e tinta: conheça o acervo de cartazes da FPA
Trabalho realizado pelo Centro Sérgio Buarque de Holanda já organizou e digitalizou mais de 3 mil peças
A rotina é orquestrada, feita por muitas mãos, e sempre atenta aos detalhes de cada um dos materiais que chegam à Fundação Perseu Abramo (FPA). Sobre a mesa, todo esse material, com zelo e paciência, é diariamente organizado para que, ao fim, ajude a contar parte importante da história da esquerda dos últimos 45 anos.
Esse trabalho é feito pela equipe do Centro de Memória e Documentação Política Sérgio Buarque de Holanda, responsável por toda documentação e memória do Partido dos Trabalhadores (PT). Parte desses documentos é formado por milhares de cartazes que, cada um à sua maneira, mostram por meio de papel e tinta passagens como a candidatura de Lula ao Governo do Estado de SP, eventos realizados pela legenda em várias partes do país, a campanha pela Assembleia Constituinte entre outros temas.
Já são mais de 3 mil cartazes digitalizados e outras centenas sendo preparados para ganhar a plataforma do CSBH. A parte do acervo que já está em versão digital pode ser consultada por temas no site do CSBH, em painéis interativos que permitem ao internauta consultar não só as imagens como o RH do documento – com todas as informações de origem, material, etc. Para o documento chegar até lá, no entanto, um longo caminho é percorrido por mãos como a do estagiário Luis Henrique Toledo Nunes.
“Esse é um trabalho feito por etapas. Depois dos reparos feitos em cada um deles, nós colocamos tudo numa planilha de controle que nós temos para monitorar nosso trabalho, sabendo de onde cada um dele veio e para onde vai”, contou ele.
A arquivista Irani Dias é a responsável por deixar os cartazes irretocáveis antes de serem digitalizados. “Esses reparos são os mais simples possíveis, só para estabilizar o material. São reparos reversíveis e os reparos perceptíveis” .
Parte do trabalho é também de revisão para ver se estão todas as informações corretas, além de outros dados relevantes como data e local, o evento que o cartaz retrata etc. Para a equipe do CSBH, todas as etapas do trabalho – da preservação à digitalização – tem um único fim: permitir que a sociedade possa conhecer esse material tão importante da história política do país.
“Feito o trabalho de identificação e catalogação desses documentos a gente consegue então fazer o trabalho de difusão desse material, que é justamente quando a gente volta para a sociedade toda essa memória política que diz respeito não somente ao PT como também sobre a história política brasileira” afirma o também arquivista Sarkis Alves.
Para Sarkis, os cartazes contam histórias não apenas pela temática, mas pela forma e material que foram produzidos. “É possível notar, comparando os cartazes dos anos 1980 com os dos anos 1990, por exemplo, que a estética mudou, bem como o uso de materiais. Assim, é possível entender como a esquerda se comunicava em cada época analisando apenas esse tipo de produto”.
Consulte o acervo do Centro de Memória e Documentação Política Sérgio Buarque de Holanda