Banditismo e Política, por Alberto Cantalice
Essa escalada de violência política afeta e constrange os variados partidos e candidaturas. Seu enfrentamento tem que se dar pela institucionalidade, se preciso com o uso da força pelos agentes do Estado
O absurdo da presença de Pablo Marçal na disputa pela prefeitura de São Paulo amplia o escárnio que envolve o processo eleitoral de 2022 Brasil afora.
O recente episódio da cadeirada do apresentador e candidato José Luiz Datena em Marçal, no último debate da TV Cultura, revela o quão baixo pode chegar uma disputa eleitoral.
Exímio mentiroso, divulgador e criador de inúmeras notícias falsas, as chamadas fakes News, o “ex-coach”, ao arremedo de seu inspirador, o capitão Bolsonaro, foi correndo ao hospital atrás de uma imagem, uma gravação da imagem da vítima. Essa encenação escandalizada na maior cidade do país reflete, miseravelmente, nas outras capitais e no interior do Brasil.
A quantidade de pândegos da extrema direita desfilando pelas telas e ruas, cada um com um figurino mais deletério, é de fazer corar frade de pedra. Uma vergonha.
Fosse só isso, já serviria para a cidadania brasileira buscar se afastar dos elementos nocivos à democracia, cuja participação sem observância das regras, serve para a sua desmoralização. Entretanto, percebe-se, em áreas periféricas, o crescimento de candidaturas vinculadas ao crime organizado: tráfico e milícias se espalhando a olhos vistos.
Há comunidades controladas pelo crime em que postulantes à vereança vêm sofrendo constrangimento ao atuar com suas campanhas eleitorais; por outro lado, há apoio do crime a alguns candidatos, garantido exclusividade de atuação em determinadas áreas, inibindo outros políticos e moradores. Já não é a velha e criminosa compra de votos, que se aproveita das carências de alguns. É imposição. Nas redes sociais, circulam dezenas de imagens de criminosos arrancando placas e adesivos nas casas. Intimidando e expulsando cabos eleitorais e militantes.
Essa escalada de violência política afeta e constrange os variados partidos e candidaturas. Seu enfrentamento tem que se dar pela institucionalidade, se preciso com o uso da força pelos agentes do Estado. Esse fenômeno é relatado em todos os estados da federação.
Ou o Brasil enfrenta o crime organizado com a integração entre todos os entes federados: União, estados e municípios. Poder judiciário e Ministério Públicos, e a população e os políticos colaborando com informações. Ou o que nos espera é a lógica criminosa corroendo o tecido social brasileiro até deixá-lo em frangalhos.