Em 2024, as eleições municipais apresentam um quadro complexo caracterizado pela defensiva dos movimentos populares e da sociedade civil progressista, a metade do mandato do Governo Lula-Alckmin enfrentando um Congresso conservador e a herança ultraliberal, e a presença persistente do fascismo militante

Edmundo Aguiar 

Contribuição ao debate  sobre Conjuntura, e a Tática do PT
Em 2024, as eleições municipais apresentam um quadro complexo caracterizado pela defensiva dos movimentos populares e da sociedade civil progressista, a metade do mandato do Governo Lula-Alckmin enfrentando um Congresso conservador e a herança ultraliberal, e a presença persistente do fascismo militante
ALIANÇA – Em São Paulo, presidente Lula firmou apoio ao candidato do PSOL, Boulos, com Marta Suplicy como vice na chapa Foto: Ricardo Stcukert/PR 

As eleições municipais no Brasil, realizadas de forma simultânea em todo o território nacional, são um componente central do regime democrático e envolvem candidatos de partidos nacionais, destacando a importância e o caráter decisivo do pleito. Esse contexto é moldado não apenas pelos confrontos e contradições sociais e políticas recentes, mas também pelo papel que essas eleições desempenham como um instrumento principal da militância de esquerda na luta contra a extrema direita.

As disputas eleitorais de 2024 ocorrem em um cenário distinto daquele de 2020, marcado pela crise sanitária e um governo protofascista que ameaçava a democracia. Naquela ocasião, as urnas refletiram um apoio às forças progressistas e às alianças amplas, culminando na formação da frente democrática que levou à vitória da chapa Lula-Alckmin. Essa aliança, apesar de suas limitações, conseguiu resistir às provocações golpistas e estabeleceu um novo governo federal, inaugurando um novo período nas lutas de classes no Brasil.

Em 2024, as eleições municipais apresentam um quadro complexo caracterizado pela defensiva dos movimentos populares e da sociedade civil progressista, a metade do mandato do Governo Lula-Alckmin enfrentando um Congresso conservador e a herança ultraliberal, e a presença persistente do fascismo militante, apoiado por setores reacionários do capital financeiro.

Dada essa conjuntura, a política de frente ampla democrática continua sendo indispensável para enfrentar a extrema direita. Essa abordagem requer evitar sectarismos e patriotismos de partido, concentrando-se em derrotar os candidatos da extrema direita e reduzir suas bancadas nas câmaras municipais, especialmente nas maiores cidades. As campanhas em curso devem articular alianças locais amplas e transparentes, envolvendo partidos do campo democrático-popular e aqueles que apoiaram a chapa nacional em 2022.

A implementação da frente ampla em 2024 exige um esforço coletivo para derrotar a ultradireita, com alianças que possam incluir até setores burgueses, desde que contribuam para esse objetivo. Nos locais onde não for possível reunir todas as forças antiextremistas, o apoio deve ir para os candidatos com maiores chances de vitória e alinhados ao Governo Federal. É crucial evitar confrontos entre potenciais aliados, promovendo uma abordagem colaborativa e focada em pautas comuns.

A extrema direita, por sua vez, intensificará seu discurso antiesquerda, em especial , anticomunista e antipetista, e ataques aos direitos fundamentais, buscando desestabilizar o Governo Federal e se preparar para futuras disputas eleitorais. Para enfrentar essa estratégia, é necessário abordar diretamente as necessidades e anseios das massas, apresentando propostas viáveis e inspiradoras que mobilizem o eleitorado.

Na escolha de candidatos, deve-se considerar a realidade local, a correlação de forças e o nível de consciência popular, priorizando pautas universais e abrangentes que unam diversos segmentos sociais.

Finalmente, promover ações de massa comuns e unitárias, especialmente durante as campanhas eleitorais, é essencial para fortalecer a frente ampla. Essas atividades devem ser organizadas por comitês democráticos plurais, envolvendo partidos e candidatos comprometidos com a democracia e a justiça social, aproveitando toda e qualquer oportunidade para atividades que possam mobilizar os trabalhadores. 

Edmundo Aguiar, Educador, Diretor do SinproRio, Professor Titular e Ex-Reitor do IFRJ e Fundador do PT e da CUT