O trabalho de formação, um dos três eixos de atuação da Fundação Perseu Abramo, seguirá neste segundo semestre de 2024. Uma série de vídeos com histórias, debates e dicas práticas deve estrear em breve no site Trabalho de Base.

Curso retoma fundamentos teóricos e práticos do trabalho de base
Arquivo FPA

Como seguimento do projeto que tem como objetivo a troca de experiências sobre maneiras de começar um trabalho de base, a Fundação Perseu Abramo promoveu um curso nos dias 02 e 03 de agosto à base de filiados do Partido dos Trabalhadores. 

O curso faz parte de um núcleo de estudos, sob a liderança do presidente da FPA, Paulo Okamotto, que reuniu um grupo de voluntários com atuação nas mais diversas áreas e setoriais do PT. Durante mais de seis meses, esse grupo teve reuniões periódicas para sistematizar o conhecimento acumulado por diferentes atores que compõem o partido.

Nesse primeiro momento do trabalho, pela Fundação Perseu Abramo participaram Paulo Okamotto, o sindicalista Arthur Henrique, Ana Flávia Marx (diretora e presidente interina do Instituto Lula), Klinger Sousa (assessor FPA) e Eliane Martins (educadora FPA). 

Para garantir a diversidade de experiências e vivências, vieram dos movimentos sociais as seguintes pessoas: Marta da Silva (militante da juventude), Patrícia Silva (conselheira tutelar), Igor França (Movimento Brasil Popular), Antônio Netto (Sindicato dos Bancários- São Paulo), Thays Carvalho (Escola Nacional Paulo Freire), Geraldo Gasparin (setor de formação MST e Escola Nacional Florestan Fernandes, Danilo Lage (mais conhecido como Danilinho, Sindicato Metalúrgicos do ABC),  Bernadete Lira (Adrianinha, evangélica e membro do Núcleo Evangélico do PT NEPT), Nilza Valéria (Frente Evangélica pelo Estado de Direito); Diego Ribeiro (Sindicato Metalúrgicos DE ONDE); Maria Fernandes (mais conhecida como Duda Quiroga, Sinpro – RJ); Paulo Ramos (FPA-Reconexão Periferia), Darlene Testa (Reconexão Periferia) e Raimunda Oliveira (Mundinha, educadora-ENFPT).

Desse processo de debates intenso, que procurou retomar a tradição petista do trabalho de base, foi elaborada uma cartilha com o Passo-a-Passo do Trabalho de Base, bem como a construção de um site, abrigado no portal da FPA, onde se pode baixar a versão em .pdf da cartilha (https://fpabramo.org.br/trabalho-de-base/).

O curso

Realizado em dois dias em São Paulo, o curso teve como principal meta reunir outras vivências e avançar na discussão de como transformar o conhecimento teórico em práticas multiplicadoras. Além de vários participantes do núcleo de discussão que começou no início de 2024, também reuniu outros militantes da capital e do interior do Estado de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.

Para ministrar as palestras e organizar as rodas de conversa que compuseram o curso, estavam presentes o presidente e a vice-presidente da FPA, Paulo Okamotto e Vivi Farias, Ana Flávia Marx, Eliane Martins, Klinger Souza, Igor Galvão; Nilza Valéria; Bernadete Adriana, Antônio Netto, Danilo Lage e Raimunda Oliveira.

A partir desse primeiro curso, pretende-se multiplicar o conhecimento, a exemplo do que foram os Comitês Populares de Luta, durante a prisão de Lula e, mais adiante, na campanha vitoriosa de 2022 para a Presidência da República.

Um olho no peixe, outro no gato

O PT, que completou 44 anos em 2024, é o partido mais longevo da história do Brasil do período pós-Ditadura Militar. Em sua origem, ainda no processo de redemocratização, reuniu vários grupos de pessoas que faziam trabalhos de base em seus territórios. Dos sindicalistas metalúrgicos do ABC aos grupos de mulheres no Movimento Contra a Carestia da periferia de São Paulo, das Comunidades Eclesiais de Base organizadas pela Igreja Católica da Teologia da Libertação, do movimento estudantil que organizava a juventude aos movimentos feministas e antirracistas; todos se juntaram para criar um partido de esquerda, com bandeiras progressistas na década de 1980.

Com a chegada à Presidência da República, em 2002, parte do trabalho de base que fundou e construiu o partido, foi deixada de lado pela urgência de outras tarefas – como governar o país por quase 15 anos ou compor os Legislativos em várias instâncias e Executivos estaduais e municipais no Brasil inteiro. Nesse processo, o contato das instâncias partidárias com os trabalhadores e trabalhadoras, com seus problemas concretos e suas dificuldades de conquistar, defender e ampliar direitos foi se esgarçando. 

Apesar de vários êxitos eleitorais, o campo progressista sofreu derrotas significativas a partir de 2015/2016 em diante. Depois da ascensão da extrema-direita em 2018, especialmente na gestão de Jair Bolsonaro (2019-2022), esse quadro se tornou francamente hostil ao PT, a outros partidos de esquerda e mesmo ao campo progressista de maneira geral.

Ao mesmo tempo, o mundo mudou radicalmente nesses 44 anos. Só para citar alguns elementos que concernem ao trabalho de base, as tecnologias digitais que, ao mesmo tempo, agilizam a comunicação também roubam o tempo cada vez mais escasso do trabalhador e do militante. 

Assim, é preciso reinventar o trabalho de base, levando em conta todos esses complicadores. Atualizar seus fundamentos teóricos e descobrir novas e melhores práticas. Descobrir como atuar no território real – a rua, o local de trabalho, o bairro – e nos diversos ambientes digitais. 

Agir levando em conta as diversidades todas – etárias, de expressão de gênero, raciais. Forjar novas linguagens para se dirigir a quem é receptivo às ideias de esquerda, mas também – talvez, sobretudo- àqueles que desconfiam do PT, que foram convencidos pelo discurso da direita.

Próximos passos

O trabalho de formação, um dos três eixos de atuação da Fundação Perseu Abramo, que teve novo impulso com esse conjunto de iniciativas, terá prosseguimento neste segundo semestre de 2024. Uma série de vídeos com histórias, debates e dicas práticas deve estrear em breve no site Trabalho de Base.

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