Domicílios chefiados por mulheres negras representam 75% das casas em situação de insegurança alimentar, revela Ministério do Desenvolvimento Social

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Anielle Franco: "A gente vai investir em formação para os gestores, que fazem chegar a política a quem está na ponta"
THOMAZ SILVA/AGENCIA BRASIL
Anielle Franco: “A gente vai investir em formação para os gestores, que fazem chegar a política a quem está na ponta” – Foto: THOMAZ SILVA/AGENCIA BRASIL

O governo do presidente Lula está ciente de que o caminho para acabar com a fome passa também pelo combate ao racismo. Por isto, lançou no Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha – celebrado na semana passada – a Agenda de Enfrentamento à Fome e à Pobreza com Foco em Mulheres Negras. A ser executada pelos ministérios da Igualdade Racial e do Desenvolvimento Social, a iniciativa receberá investimentos de mais de R$ 330 milhões.

O plano de ação consiste em cinco metas e 26 ações a serem alcançadas até 2026: Letramento racial e formação antirracista para gestores e profissionais do SUAS e do SISAN; Produção de estudos e pesquisas sobre políticas públicas e segurança alimentar e nutricional, com recorte étnico, racial e de gênero; Monitoramento da situação de insegurança alimentar e nutricional e do acesso às políticas públicas da população negra; Ampliação e aprimoramento da inscrição da população negra no CadÚnico; e Ampliação do atendimento da população negra e de povos e comunidades tradicionais nas ações de segurança alimentar e nutricional.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, deu mais detalhes à Agência Brasil sobre os investimentos: “A gente vai investir em formação para os gestores, porque a gente sabe que os gestores e gestoras é que fazem a política chegar a quem está na ponta. Estudos e pesquisas e dados, porque a gente precisa dos dados para que a gente saiba onde está e onde a gente quer chegar. E o fomento para cozinhas solidárias e projetos liderados por mulheres negras, porque quem sabe melhor resolver o problema da fome é quem está no dia a dia com isso.”

Segundo o MDS, os domicílios chefiados por mulheres negras representam 75% das casas em situação de insegurança alimentar e possuem a taxa desse indicador três vezes maior do que a observada em lares liderados por homens brancos.

De acordo com dados do IBGE, cerca de 40% das mulheres pretas e pardas do Brasil vivem em situação de pobreza. Além disso, a maior parte dos lares brasileiros onde há insegurança alimentar grave são chefiados por mulheres e por pessoas pretas e pardas.

Compromisso brasileiro no combate à fome 

Uma das principais prioridades do governo Lula é o enfrentamento à fome. Desde janeiro de 2023 a meta é retirar o país do mapa da fome mais uma vez, e os resultados têm surtido efeito. Prova disso é a apresentação do relatório sobre o Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo (SOFI), apresentado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), na semana passada.

O documento trouxe boas notícias para o Brasil. Dados do triênio 2021-2023 mostram uma redução significativa na insegurança alimentar no país: de 32,8% entre 2020 e 2022 para 18,4% entre 2021 e 2023, uma queda de quase 44%.

Quando o foco é colocado sobre a insegurança severa, o número é ainda mais impressionante: ela é 85% menor que no triênio anterior. O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, comemorou o avanço: “Os dados das Nações Unidas indicam que estamos no caminho certo (…) Tiramos 14,7 milhões de brasileiros e brasileiras dessa condição”.