Vitórias históricas na Europa. O Partido Trabalhista do Reino Unido e a Nova Frente Popular da França bloquearam a ascensão da extrema direita. Com Keir Starmer e Jean-Luc Mélenchon na liderança, coalizões progressistas mostraram que a união pode defender a democracia e promover a justiça social

Redação Focus Brasil

Javier Alvarez/Mídia Ninja
Javier Alvarez/Mídia Ninja

Na última semana, França e Reino Unido realizaram eleições parlamentares, destacando a crescente luta de classes na Europa. Ambas as nações mostraram uma mobilização popular significativa contra os partidos fascistas e de extrema-direita 

No Reino Unido, o Partido Trabalhista, liderado por Keir Starmer, derrotou o Partido Conservador do primeiro-ministro Rishi Sunak e o fascista Reform UK de Nigel Farage, conquistando uma maioria parlamentar expressiva. Em várias regiões, candidatos de esquerda independentes também venceram, impulsionados por pautas como o fim do genocídio do povo palestino.

Na França, a Nova Frente Popular (NFP), liderada por Jean-Luc Mélenchon do partido França Insubmissa (LFI), superou a extrema-direita Reunião Nacional (RN) de Marine Le Pen no segundo turno das eleições parlamentares. As eleições suplementares, convocadas pelo presidente Emmanuel Macron após a derrota de seu partido nas eleições europeias, resultaram na NFP como a maior força parlamentar, com apoio significativo de imigrantes e trabalhadores.

Essas vitórias revelam uma rejeição clara das políticas neoliberais e de extrema-direita, com a população se mobilizando contra a piora das condições de vida e a perseguição a imigrantes. Na França, Mélenchon reafirmou seu compromisso com a defesa da população palestina e a reversão das reformas neoliberais, enquanto no Reino Unido, a mobilização pró-Palestina influenciou significativamente os resultados eleitorais.

Apesar das vitórias, desafios permanecem. No Reino Unido, a monarquia limita a influência do Partido Trabalhista, e na França, Macron resiste a ceder o cargo de primeiro-ministro à NFP. A necessidade de continuar as lutas de rua e as mobilizações populares é crucial para enfrentar as políticas neoliberais e fascistas em ambos os países. 

Essas eleições demonstram que a propaganda da mídia burguesa, que tenta criar medo e impedir o avanço das pautas populares, pode ser superada pela união e resistência das massas. A verdadeira força está na mobilização coletiva em defesa da democracia e da justiça social.

Emoções em Paris

No coração de Paris, a Place de la République ficou lotada no domingo (7) em comemoração à vitória da Nova Frente Popular (NFP) nas eleições legislativas francesas. Com cartazes e bandeiras, a multidão celebrou a conquista de 182 assentos na Assembleia Nacional, tornando a NFP a maior força parlamentar do país.

A coalizão Juntos, do presidente Emmanuel Macron, obteve 168 cadeiras, enquanto a ultradireitista Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, ficou em terceiro lugar com 143 deputados. A NFP agora tem o direito de indicar o primeiro-ministro para governar a França pelos próximos três anos.

Liderada por Jean-Luc Mélenchon, do partido A França Insubmissa (LFI), a NFP demonstrou grande capacidade de mobilização. Diante do avanço da extrema direita nas eleições europeias, Mélenchon e aliados formaram rapidamente uma coalizão das forças progressistas para impedir a ascensão do RN ao poder na França. “É um alívio imenso para a esmagadora maioria das pessoas do nosso país (…) Elas se sentiram terrivelmente ameaçadas. Mas agora podem ficar tranquilas, pois ganharam”, celebrou Mélenchon.

Repercussão no Brasil

O presidente Lula comemorou a vitória: “Muito feliz com a demonstração de grandeza e maturidade das forças políticas da França que se uniram contra o extremismo (…) Esse resultado reforça a importância do diálogo entre os segmentos progressistas em defesa da democracia e da justiça social”, publicou em suas redes sociais. Lula tem uma relação próxima com Mélenchon, que o visitou na prisão em 2019, e ambos compartilham uma luta de décadas por justiça social.

Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, também celebrou a vitória: “Grande vitória da esquerda unida nas eleições na França. Foi fundamental para o resultado a reação popular à ameaça da extrema-direita antidemocrática”, afirmou.

Conservadores têm a pior derrota em 100 anos no Reino Unido 

A vitória histórica dos trabalhistas foi confirmada por volta das 5h da manhã da última sexta-feira (5), horário local, quando a contagem dos votos revelou que o partido progressista alcançou 326 cadeiras na Câmara dos Comuns, garantindo a maioria absoluta no Parlamento. Este resultado reflete uma clara rejeição dos britânicos aos conservadores, que estavam há 14 anos no poder. Os conservadores perderam 250 assentos, incluindo 12 ministros do gabinete de Rishi Sunak, como a ex-primeira-ministra Liz Truss. Em Oxford, tradicional reduto de direita, os conservadores tiveram o pior resultado em 100 anos.

Com uma participação eleitoral de 60%, a mais baixa nesta eleição, muitos britânicos demonstraram desinteresse ou desesperança pela política. No Reino Unido, não há período de transição de governo, e o caminhão de mudança de Rishi Sunak já está estacionado na porta da residência oficial do primeiro-ministro em Downing Street.

Lições para o Mundo

A vitória da NFP na França e dos trabalhistas na Inglaterra, ambas na mesma semana, ultrapassam as fronteiras europeias, indicando novos rumos para as esquerdas globais. A união das forças progressistas mostra um caminho possível e efetivo para enfrentar a extrema direita, sendo um chamado à ação para todos que lutam por justiça social e democracia.

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