‘Entreatos’: documentário com bastidores da primeira vitória de Lula chega ao streaming
São 117 minutos de documentário, em que 33 pessoas aparecem em torno do personagem principal. São registros únicos, exclusivos, de conversas nos bastidores
Redação Focus Brasil
Chegou à Netflix um filme celebrado, que estava já há algum tempo “fora de cartaz” dos streamings, o documentário “Entreatos”, de João Moreira Salles. O filme estreou em 2004 e foi gravado durante a reta final das eleições de 2002, a primeira que Lula venceu, com cenas de bastidores quentes e emocionantes, como o momento em que Lula vê pela TV a notícia de que havia sido eleito.
Logo depois, o presidente e sua então esposa, Marisa Letícia (1950-2017), vai ao encontro dos filhos. No caminho, cumprimenta dois faxineiros do hotel em que estava, em São Paulo, e diz: “Nós agora somos presidente”. O longa é recheado de tesouros como este, e de momentos decisivos para a campanha, como reuniões estratégicas e a corrida do segundo turno.
Em uma das cenas, José Dirceu, no núcleo duro da campanha, reclama da presença de Salles e interpela o ex-sindicalista Gilberto Carvalho, que diz que as gravações eram gravadas em cofre todos os dias: “Vai nessa! Se você soubesse o que eu sei das outras campanhas você não diria isso”, desconfia o “comandante”.
O documentário aborda as eleições de 2002, destacando a quarta tentativa consecutiva do ex-líder sindical e fundador do Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio Lula da Silva, de se tornar presidente do Brasil. Com 117 minutos de duração, o filme apresenta 33 pessoas que circundam o personagem principal, proporcionando registros únicos e exclusivos de conversas nos bastidores.
Durante o documentário, Lula faz declarações reveladoras sobre seu estilo de fazer política, que ainda são relevantes nos dias de hoje. Ele comenta, por exemplo, sobre seus discursos improvisados: “Eu devia me mancar e parar de falar. Mas não paro de falar”. Lula também expressa sua preocupação em “ficar preso a uma agenda totalmente institucionalizada”.
Mais de vinte anos depois, o filme é um registro histórico contundente, que ajuda a entender o caminho de thriller político que viveu o país depois que, pela primeira vez, um operário chegou ao poder no Executivo federal. É emblemático o abraço de Eduardo Suplicy, que chega para abraçar Lula logo após a vitória e diz: “Nós vamos construir um Brasil muito bonito”.
Sugestão Focus: Faça uma dobradinha, aproveite que está na Netflix e assista, em seguida, ao documentário “O Processo” (2018), de Maria Augusta Ramos, que retrata com cenas rodadas nos bastidores da defesa da ex-presidenta Dilma Roussef enquanto enfrentava o processo de Impeachment que a depôs da presidência em 2016 com um golpe parlamentar. A diretora mostra com crueza o circo armado desde as acusações, a votação e o julgamento de cartas marcadas. O filme sai do catálogo em 21 de julho.