Redes sociais recorrem à obra distópica de Margareth Atwood para criticar proposta de equiparar aborto ao crime de homicídio. Livro foi escrito em 1985 e “imaginou” um mundo em que a religião governa e mulheres não têm vez

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Não é a primeira vez que a série O conto da Aia (The Handmaid’s Tale, no original em inglês), adaptada da obra de Margaret Atwood (1985), é usada para ilustrar algum retrocesso colocado em pauta pela ala fundamentalista da bancada religiosa, em especial quando atacam direitos reprodutivos das mulheres. 

Desta vez, no entanto, a motivação para comparar o Brasil ao que acontece na trama é quase direta. Na série, os Estados Unidos vivem sob um governo totalitário e religioso, num movimento fundamentalista que se desenvolveu lentamente, mas tomou o país, transformando-o em Gilead. Num mundo distópico, fertilidade é ouro, e este governo escraviza mulheres como máquinas de reproduzir, as Aias, que se vestem de vermelho. 

Desde que o Projeto de Lei que equipara o aborto a homicídio e criminaliza mulheres de todas as idades, quando o aborto é realizado após a 22ª semana, avançou no Congresso, a série tem alimentado milhares de postagens nas redes, inspirando internautas contrários ao PL. 

Se na ficção as personagens são enforcadas quanto tentam abortar, no Brasil, caso o PL seja aprovado, elas poderão ir para a cadeia – mesmo que em casos de estupro. 

A série

The Handmaid ‘s Tale, traduzida no Brasil como O Conto da Aia, é uma adaptação homônima do livro de Margaret Atwood. A autora chegou a dizer que não era “profética”, mas sim ter se inspirado em regimes totalitaristas e fundamentalistas religiosos já vigentes.  A produção, de grande sucesso, estreou no Brasil em abril de 2017 no streaming HBO Max e está disponível no Brasil nos serviços por assinatura Globoplay e Prime Video, da Amazon. 

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