Eleição da 1ª presidenta mexicana é saudada pela esquerda da América Latina e do Brasil
Claudia Sheinbaum recebeu entre 58,3% e 60,7% dos votos nas eleições de domingo (2), afirma Instituto Nacional Eleitoral (INE). “Estou muito feliz com a vitória da Claudia Sheinbaum”, festejou Lula
Principal autoridade das eleições no México, o Instituto Nacional Eleitoral (INE) deu a histórica corrida presidencial como vencida pela candidata progressista Claudia Sheinbaum, correligionária do atual presidente, Andrés Manuel López Obrador, ambos do Movimento de Regeneração Nacional (Morena). De acordo com o INE, no pleito do último domingo (2), ela obteve entre 58,3% e 60,7% dos votos, mais que o dobro da segunda colocada, Bertha Xóchitl Gálvez, que conquistou entre 26,6% e 28,6% do eleitorado. Sheinbaum será a primeira presidenta mexicana da história.
A vitória da candidata do Morena foi recebida com regozijos pela esquerda brasileira e latino-americana. Por meio do “X”, o presidente Lula saudou a chegada da nova presidenta. “Estou muito feliz com a vitória da Claudia Sheinbaum, por ser uma mulher progressista à frente da presidência do México, uma vitória da democracia, e pelo meu grande companheiro López Obrador, que fez um governo extraordinário”, comemorou.
“Eu pretendo viajar ao México este ano para fortalecer nossas relações comerciais. Somos as duas maiores economias da América Latina e podemos ter um maior fluxo entre os empresários de ambos os países”, completou.
A primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, também celebrou a eleição sem precedentes de Sheinbaum no México. Janja ressaltou o currículo de peso da futura governante e desejou boa sorte a ela. “Começando a semana com uma ótima notícia! O México elegeu nesse domingo sua primeira presidenta”, festejou, nas redes sociais.
“O México é um país grandioso e importantíssimo em nossa região. Com uma ampla história de luta de seu povo, e principalmente das mulheres mexicanas, esse novo capítulo nos inspira e fortalece na luta por mais mulheres na política. Parabenizo as mexicanas e os mexicanos e desejo sucesso à nova presidenta”, concluiu.
PT no México
A presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), aplaudiu o povo mexicano por eleger a primeira mulher à presidência do país. Gleisi, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) e a secretária executiva do Foro de São Paulo, Monica Valente, acompanharam in loco as votações de domingo, como observadores do Grupo de Puebla, convidado para assegurar a transparência do processo democrático.
Diretamente do México, a parlamentar enalteceu a ascensão das mulheres latino-americanas ao poder. “Parabéns ao povo mexicano pela expressiva vitória de Claudia Sheinbaum, primeira mulher presidenta do México! Parabéns, presidente López Obrador, parabéns ao campo democrático e progressista e, sobretudo, parabéns às mulheres por essa conquista!”, publicou, em seu perfil no “X”.
Por meio de nota, o PT celebrou a votação expressiva recebida por Sheinbaum e a participação em massa da população nas eleições. O partido recebeu positivamente a vitória da primeira presidenta da história do México e lembrou do comprometimento da candidata do Morena com as questões ambientais.
“O resultado desta atividade cidadã e popular: a vitória histórica da primeira mulher a presidir o México! Uma presidenta progressista, comprometida com a continuidade das transformações em andamento e com o tema da mudança climática”, parabeniza a legenda.
“Saudamos a companheira Claudia Sheinbaum e a coalizão ‘Juntos Faremos História (Morena, PT e PVEM)’ pela expressiva vitória nas urnas e ao povo mexicano pela grande participação”, afirma.
Claudia é América Latina
Os ex-presidentes Alberto Fernández, da Argentina, e Evo Morales, da Bolívia, exaltaram a vitória contundente de Sheinbaum e seu significado para a América Latina. Eles participaram das eleições mexicanas também na condição de observadores do Grupo de Puebla.
“Tive o privilégio de poder abraçar aquela que será a nova presidenta deste querido país, nossa querida Claudia Sheinbaum. Tive a honra de estar junto dela e de sua equipe recebendo os primeiros resultados. Uma mulher progressista continuará no México a enorme tarefa que iniciou meu querido López Obrador”, publicou Fernández, na rede “X”.
Morales, por sua vez, elogiou o comprometimento e a humildade de Sheinbaum. “Compartilhamos a alegria da sua vitória com Alberto Fernández, com Marco Enríquez-Ominani, com Mario Delgado, presidente do Morena, com Alberto Anaya, presidente do Partido do Trabalho, e com outros. Claudia é América Latina. Obrigado ao irmão López Obrador, por ser a reserva moral da humanidade”, exaltou o ex-presidente boliviano.
Também pelas redes sociais, o presidente do Chile, Gabriel Boric, disse esperar que a escolha por Sheinbaum influencie os demais países da região a fazerem o mesmo. “Parabéns a Claudia Sheinbaum por se tornar a primeira mulher presidente do México! Espero que sua liderança e seu programa de progresso social inspirem a região e continue nos unindo como países irmãos. Um abraço a todo povo mexicano.”
Primeira presidenta
Conhecida como “a Doutora”, pelas credenciais acadêmicas que ostenta, e como “dama de gelo”, pela frieza com que travou os debates presidenciais, Sheinbaum, 61 anos, ingressou na política em 2000, nomeada chefe da Secretaria de Meio Ambiente da prefeitura da Cidade do México. O prefeito, à época, era López Obrador. Desde então, ela cresceu no cenário político, destacando-se pelo amparo aos mais vulneráveis e pela liderança nas questões ambientais.
“Nossa obrigação é e sempre será cuidar de cada mexicano sem distinção”, enfatizou a presidenta eleita, em discurso, na manhã desta segunda. “Embora muitos mexicanos não concordem totalmente com nosso projeto, teremos que caminhar em paz e harmonia para continuar construindo um México justo e mais próspero.”
Por um lado, a vitória de Sheinbaum representa a continuidade dos avanços sociais produzidos pelo governo do presidente López Obrador, como a redução da pobreza e da fome no México. Por outro, sinaliza alteração relevante na governança de um país majoritariamente católico e de cultura marcadamente patriarcal, a exemplo do Brasil. O México detém a segunda maior economia da América Latina.