Na semana passada, o Copom reduziu a Taxa Selic (juros básicos da economia) em apenas 0,25 ponto percentual, de 10,75% para 10,5% ao ano. “Mercado piora previsão pra juros, inflação e crescimento. Essa é a chamada da mídia hoje”, chamou a atenção Gleisi. “O que há com essa gente? Uma aposta contra o Brasil?”, questionou a presidenta do PT

Marcelo Camargo Agência Brasil

Pela primeira vez desde o início do ciclo de baixas nos juros, a decisão não foi unânime, com o corte de 0,25 ponto sendo aprovado por 5 votos a 4. Campos Neto foi o fiel da balança e deu o voto de desempate e votou a favor do corte de 0,25 ponto.

Em eterna tabelinha com o rentismo, o presidente do Banco Central tem obtido êxito em sua estratégia de jogar com a especulação monetária a fim de manter na estratosfera a taxa básica de juros estabelecida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) a cada 45 dias e, com isso, e segurar o crescimento do país. O resultado: o mercado financeiro elevou pela terceira vez seguida a previsão para a Selic em 2024, chegando ao patamar de 10%. Já a estimativa do IPCA para este ano subiu de 3,76% para 3,80%, e de 3,66% para 3,74% em 2025.

Além de Campos Neto, votaram por essa redução os diretores Carolina de Assis Barros (Relacionamento Institucional), Diogo Abry Guillen (Política Econômica), Otávio Ribeiro Damaso (Regulação) e Renato Dias de Brito Gomes (Organização do Sistema Financeiro), indicados pelo governo anterior. Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os diretores Ailton de Aquino Santos (Fiscalização), Gabriel Muricca Galípolo (Política Monetária), Paulo Picchetti (Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos) e Rodrigo Alves Teixeira (Administração), indicados por Lula.

O INDICADO Presidente Jair Bolsonaro e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante cerimonia de sanção da Lei da Autonomia do Banco Central – Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Na prática, o Comitê de Política Monetária (Copom) freou o ritmo de queda da taxa Selic, reduzindo-a em meros 0,25 pontos percentuais. Segundo os mais esdrúxulos argumentos, a decisão foi tomada devido à calamidade no Rio Grande do Sul e a uma série de explicações que nem mesmo os membros do Copom parecem entender ou acreditar. Essa foi a primeira vez em cinco reuniões que houve divergências nos votos dos diretores, sendo que quatro deles, indicados pelo presidente Lula, defendiam um corte maior de 0,5 pontos percentuais.

A ata do Copom mencionou que as expectativas de inflação aumentaram e que o mercado de trabalho está mais dinâmico do que o previsto. Além disso, justificaram que o cenário externo adverso exige maior cautela na condução da política monetária. No entanto, esses argumentos soam como desculpas esfarrapadas.

A verdade é que, mesmo que a redução tivesse sido de 0,5 pontos percentuais, a Selic ainda estaria em um patamar abusivo. A constante elevação dos juros com pretextos frágeis evidencia uma política econômica que favorece o mercado financeiro à custa da população. A discrepância nos argumentos usados pelo Copom só reforça a percepção de que as decisões são baseadas em interesses que nem os próprios formuladores de políticas conseguem justificar de maneira convincente.

Gleisi: “Agora, mesmo com a inflação sob controle, rumo ao centro da meta de 3%, fazem coro pra não abaixar os juros” Foto: Tiago Coelho

Presidenta Gleisi critica: “apostas contra o Brasil”

As projeções, que também apontam uma queda do PIB neste ano (2,09% para 2,04%), constam do Relatório Focus, produzido pelo Banco Central e divulgado na segunda-feira (20). A frenética atuação política de Neto não passou despercebida pela presidenta do PT, Gleisi Hoffmann.

Gleisi voltou ao X para, mais uma vez, denunciar o que considera uma aposta do capital financeiro e da mídia hegemônica, seu maior porta-voz, contra o Brasil.

“Mercado piora previsão pra juros, inflação e crescimento. Essa é a chamada da mídia hoje”, chamou a atenção Gleisi. “O que há com essa gente? Uma aposta contra o Brasil?”, questionou, ao lembrar que são os mesmos agentes que previram um crescimento medíocre do PIB em 2023 e falharam miseravelmente em confirmar seu falso alarmismo.

“Agora, mesmo com a inflação sob controle, rumo ao centro da meta de 3%, fazem coro pra não abaixar os juros”, apontou a presidenta do PT. Ela voltou a desmentir a surrada tese de Neto de que é preciso cautela com a expansão do emprego, já que este seria, na sua visão, responsável por um aumento da pressão inflacionária. A tática é utilizada para justificar a imposição de mais arrocho monetário ao povo brasileiro, o mesmo remédio amargo que vem envenenando a atividade econômica há tempos.

“O BC, então, enxerga fantasmas ameaçadores na queda do desemprego e na retomada de investimentos”, observou Gleisi. “Fazem previsões pessimistas, que são capazes de impor ao país porque ainda controlam a política monetária e cambial, derrotada nas eleições presidenciais”.

Gleisi denunciou mais uma vez ao papel nefasto da grande imprensa no atendimento aos interesses do rentismo, atuando para espalhar um clima de terror e pânico entre agentes econômicos a fim de conter os gastos do governo Lula em áreas sociais.

“E a mídia diz amém ao catastrofismo dos especuladores, como se não tivéssemos aprendido nada com o fracasso dos fiscalistas neoliberais no comando do país”, lamentou a presidenta do PT.

Auditoria cidadã da dívida movimenta campanha

A Auditoria Cidadã da Dívida intensificou a Campanha “É hora de virar o Jogo”, defendendo que a política monetária tenha uma função social, não se restringindo a beneficiar apenas o mercado financeiro. A população brasileira merece uma gestão econômica que priorize o bem-estar social e o desenvolvimento sustentável, não os lucros exorbitantes de poucos.

Com informações da Fazenda, Agência Brasil e Agência PT

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