Com dezenas de mortos e centenas de desaparecidos, municípios gaúchos vivem cenário de destruição; aeroporto da capital, Porto Alegre, deve ficar fechado até final do mês

Alagadas, cidades do Rio Grande do Sul seguem com previsões de fortes chuvas 

“A maior catástrofe meteorológica do Rio Grande do Sul”, definiu o ministro gaúcho Paulo Pimenta na última sexta-feira (3), em entrevista ao programa Bom dia, Ministro. Chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Pimenta lembrou das enchentes históricas em 1941, e disse que o estado vive uma situação bastante difícil, com um alcance nunca visto. 

Em um ranking mundial do Ogimet, serviço de informação sobre condições meteorológicas, oito cidades gaúchas estavam na lista das dez com maior nível de precipitação: Soledade, Ibirubá, Bento Gonçalves, Santa Rosa, Canela, Cruz Alta, Santiago e Santa Maria. O Ogimet calcula índices de precipitação em 6.385 estações pelo mundo e os resultados alarmantes para o país foram divulgados na última quinta-feira. 

Para essa semana, estão previstos novos eventos com ventos que podem alcançar 100 km/h. O Inmet alertou também para queda de granizo, grande risco de danos em edificações, corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores, alagamentos e transtornos no transporte rodoviário. Desta vez, os municípios gaúchos que podem ser mais afetados são: Santa Vitória do Palmar; Rio Grande; Pedras Altas, Jaguarão, Herval, Chuí e Arroio Grande, na região sudeste do estado. 

O Vale do Taquari também está sob alerta por ter sido bastante afetado com enchentes. Em setembro do ano passado, a localidade foi atingida por um ciclone extratropical que matou 54 pessoas e deixou mais de 57 mil impactadas. As cidades mais afetadas foram Muçum, Encantado, Roca Sales, Lajeado e Estrela. 

Segundo análises de meteorologistas do Instituto Nacional de Meteorologia, uma massa de ar quente na região central do país bloqueou o avanço da frente fria que passava pela região Sul, além de fortes ventos atuantes na região e a presença de um corredor de umidade vindo da Amazônia, junto aos efeitos do El Niño, fizeram a instabilidade permanecer no estado com chuvas intensas e contínuas. 

Barragens em risco 

Em boletim divulgado no domingo (5), o governo do estado informou que há seis barragens em situação de emergência e com risco de rompimento. No total, 18 barragens no estado apresentam algum tipo de fragilidade. Uma barragem, a 14 de julho, rompeu parcialmente na última quinta-feira (2). 

Movimentos populares como o MAB, Movimento dos Atingidos por Barragens e o MTST, Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, mantêm aberta uma cozinha solidária em Porto Alegre. Diversas campanhas de arrecadação de doações seguem em andamento, incluindo uma divulgada pelo MST, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que teve assentamentos alagados, prejudicando inclusive a destacada produção de arroz orgânico do movimento.