O crime organizado e a corrosão da institucionalidade
Carta ao Leitor, por Alberto Cantalice
O crime no Brasil adquiriu capilaridade e capacidade capazes de alavancar recursos ilícitos vultuosos, que corrompem grande parte da institucionalidade. Beira a uma “mexicanização” ou “colombialização” – como queiram. As máfias italianas e norte-americanas não chegaram a tanto.
O epicentro dessa promiscuidade entre instituições e crime é sem sombras de dúvidas o Rio de Janeiro. Foi do Rio de Janeiro que partiu a organização do narcotráfico, com a criação do Comando Vermelho, de cujo exemplo nasceu o Primeiro Comando da Capital, o PCC, que domina cadeias e a dinâmica criminosa no principal estado da federação: São Paulo.
Essas duas organizações espraiaram-se pela maioria dos estados brasileiros e hoje unificam ações criminosas organizadas. As sangrentas disputas por território promovem um morticínio generalizado, que, sem a devida investigação e elucidação, se redundam em mais crimes.
A esse corolário criminoso se agregam as milícias: também um produto carioca que ganhou ares nacionais pelo mau exemplo. No centro das ações criminosas praticadas por bandidos e por agentes públicos em conluio criminoso, está a seiva que os alimenta: o dinheiro.
Por isso dizia o então ministro da Justiça Flávio Dino, hoje no STF, repetido pelo ministro Lewandowski, seu sucessor na pasta: “É preciso quebrar os dutos de financiamento do crime organizado”. E é o que vem sendo feito, efetivamente, pelo governo federal.
Mais do que os crimes do cotidiano que infernizam a população e devem ser exemplarmente combatidos – furto e o roubo, o feminicídio, os estupros, a pedofilia, o latrocínio, entre outros, são índices que em se vê redução com o policiamento de proximidade, ostensivo, com participação da polícia investigativa, é preciso centralizar o debate do crime organizado, que não se resolve dessa maneira. Esse precisa de uma ação permanente e efetiva das polícias, dos Ministérios Públicos e do judiciário em interação contínua.
Cabe destacar que a GLO localizada em portos, aeroportos e fronteiras tem combatido o tráfico e o contrabando eficazmente. Prova de que a integração é alvissareira.
A elucidação do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson, ocorrido seis anos atrás, é uma vitória da cidadania brasileira. Pode e deve ser o embrião da luta sem trégua contra as organizações do crime organizado no Brasil.