Com o aumento vertiginoso do número de casos, Ministério da Saúde coordena ações de combate à doença 

O Ministério da Saúde planeja iniciar ainda em fevereiro, a campanha de aplicação da vacina conhecida como Qdenga contra a dengue. O Brasil é o primeiro país no mundo a oferecer essa proteção pelo sistema público universal. 

O Sistema Único de Saúde (SUS) incluiu o imunizante no calendário após recomendação da Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec). O órgão promoveu uma consulta pública em caráter de urgência e, ao analisar o procedimento, levou em conta o cenário epidemiológico, além da necessidade de adotar mais uma ação de enfrentamento à doença. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a dengue como uma doença endêmica, e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) calcula que metade da população mundial esteja em risco de contrair dengue, estimando que de 100 milhões a 400 milhões de pessoas estejam expostas ao contágio anualmente. 

Um relatório da OPAS apontou que a maioria dos casos de dengue registrados no Cone Sul aconteceu no Brasil. Foram 80% dos casos entre os mais de 3.1 milhões reportados. 

O público alvo inicial deverá ser o que compõe a faixa etária entre 6 e 16 anos. A determinação do Ministério da Saúde de imunizar esse grupo específico segue as recomendações da OMS. 

A estratégia de vacinação será definida em conjunto com estados e municípios. Uma reunião realizada no último dia 15, do Programa Nacional de Imunizações (PNI) com a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), colegiado de caráter consultivo, debateu as estratégias de utilização do quantitativo disponível.

A pasta informou em coletiva que está prevista uma nova reunião, ainda em janeiro, da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), foro permanente de negociação, articulação e decisão entre gestores estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS). Também compõem a CTI o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), para o âmbito estadual, e Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), para o âmbito municipal.

A vacina Qdenga não será utilizada em larga escala em um primeiro momento, já que o laboratório fabricante, Takeda, tem uma capacidade restrita de fornecimento de doses. A previsão é que sejam entregues 5.082 milhões de doses em 2024, entre fevereiro e novembro. O esquema vacinal é composto por duas doses. A distribuição das doses deverá ser escalonada ao longo do ano, conforme o cronograma de entregas da empresa.

Com a limitação de aquisição, uma outra ação monitorada pelo Ministério são os estudos relacionados à vacina realizados no Brasil. A pasta monitora uma pesquisa em andamento, que acontece no município de Dourados (MS) e é liderada pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), em parceria com o fabricante da Qdenga. O estudo tem como expectativa vacinar 150 mil moradores da cidade com idade entre 4 e 59 anos até agosto deste ano. 

A vacinação é apenas uma das ações de enfrentamento à doença que faz parte das medidas adotadas por um governo comprometido com a ciência. A responsável pelo Ministério da Saúde, Nísia Trindade, ao anunciar o conjunto das ações de combate à doença, expressou preocupação quanto às alterações do clima. “Sabemos que, com as mudanças climáticas e o processo de aquecimento, há um impacto geral na saúde e, em especial, nos grupos mais vulneráveis. Há também um impacto muito acentuado em relação às arboviroses”, declarou em coletiva. 

O governo federal monitora o cenário das arboviroses no Brasil e vai investir R$ 256 milhões no fortalecimento desta vigilância com a criação da Sala Nacional de Arboviroses (SNA), espaço permanente que vai permitir o monitoramento em tempo real dos locais com maior incidência de dengue, Chikungunya e Zika. Os recursos do programa já começaram a ser repassados aos estados.

Uma outra medida adotada pelo Ministério da Saúde é o método Wolbachia. O método consiste na liberação de mosquitos da espécie Aedes aegypti infectados por uma bactéria intracelular do gênero Wolbachia, que apenas infecta insetos, e atua bloqueando a capacidade de transmissão dos vírus da dengue, Zika e Chikungunya pelo mosquito. O procedimento já foi iniciado em pelo menos 11 estados.

A infecção por dengue gera uma doença que pode ser assintomática ou apresentar formas mais graves, evoluindo ocasionalmente ao óbito. A principal medida ainda é a eliminação dos criadouros do mosquito – 75% deles localizados dentro e no entorno dos domicílios.

Segundo dados do Ministério da Saúde, ao longo de todo o ano de 2023 foram notificados 1.658.816 casos da doença e 1.094 óbitos em decorrência da dengue. 

O ano de 2024 registra números preocupantes de avanço da doença. Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Distrito Federal e Rio de Janeiro são os estados que registraram um aumento de 100% de casos em janeiro. 

Fonte: Agência Brasil, Fiocruz, OPAS

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