A semana na história – 10 a 16 de setembro
16 de setembro de 1931 – Surge em SP entidade de luta antirracista
Criada em São Paulo, a Frente Negra Brasileira luta contra a discriminação racial e de cor em lugares públicos. Seu objetivo é integrar os negros na sociedade nacional, inclusive na política oficial. Uma de suas ações será a denúncia dos hotéis, bares, barbeiros, clubes e departamentos de polícia que vetarem a entrada de negros. O jornal “A Voz da Raça” era o órgão oficial da frente, que começou a circular em março de 1933 com notícias sobre as lutas e conquistas dos negros no Brasil e no exterior.
Formada por funcionários públicos, trabalhadores subalternos e até desempregados, a instituição contava com departamentos jurídico-social, artístico, musical, esportivo, de saúde, de propaganda e de instrução. Mulheres participavam ativamente da entidade: a Cruzada Feminina se encarregava dos trabalhos assistencialistas, e as Rosas Negras organizavam bailes e festivais artísticos. Nos meses seguintes à fundação, abriu filiais no interior de São Paulo, em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Espírito Santo e Maranhão.
Setembro de 1967 – Zé Celso leva ao palco ‘O Rei da Vela’
A peça “O Rei da Vela” é encenada no Teatro Oficina, em São Paulo, e revoluciona o teatro brasileiro. O diretor José Celso Martinez Correa resgata o vigor e a ousadia do texto de Oswald de Andrade, que permanecia atual mesmo tendo sido escrito na primeira metade da década de 1930. O experimentalismo do espetáculo mesclava linguagem de circo e de chanchada e inaugurou o chamado teatro de agressão. Essa marca da obra atraiu e chocou as plateias de classe média, que durante mais de um ano lotaram o Oficina.
Setembro de 1970 – DOI-Codi, a máquina de torturar e matar da ditadura
Ministro do Exército indicado pelo presidente Garrastazu Médici, o general Orlando Geisel cria o Departamento de Operações de Informação do Centro de Operações de Defesa Interna, o DOI-Codi. Inspirado no modelo da Operação Bandeirante (Oban), que reunia forças civis e militares, o DOI-Codi iria centralizar e organizar toda a repressão aos adversários do regime, sob o comando de Geisel e do chefe do Estado-Maior do Exército.
O departamento se tornaria conhecido como a central de tortura e assassinato dos adversários do regime. Apenas pelo DOI-Codi do 2° Exército (São Paulo) passaram mais de 6.700 presos, dos quais pelo menos 50 foram assassinados sob custódia entre 1969 e 1975, segundo o pesquisador Pedro Estevam da Rocha Pomar.
11 de setembro de 1973 – Generais derrubam Allende no Chile
Um sangrento golpe de Estado deflagrado por oficiais das Forças Armadas, ao qual aderiu o comandante-chefe do Exército, general Augusto Pinochet, derruba o governo constitucional de Salvador Allende. O presidente, que se propunha a implantar pela via democrática o socialismo no Chile, resistiu ao ultimato dos militares para se render.
Durante três horas, houve combate entre as forças legalistas e golpistas no palácio presidencial de La Moneda, bombardeado por aviões da Força Aérea e invadido pelo Exército. Ao final, Allende foi encontrado morto entre os escombros. Durante anos pairou a dúvida se ele havia sido morto em combate ou se havia se suicidado, num gesto de resistência para não se entregar.
A Junta Militar que tomou o poder decretou estado de guerra. Iniciou-se então um regime de terror que duraria 17 anos. Em 2011, 21 anos após o fim da ditadura no Chile, uma perícia confirmou que foi o próprio Allende quem deu cabo a sua vida.
O golpe teve o apoio militar e financeiro da CIA (agência central de inteligência dos EUA), de empresas multinacionais, de empresários locais e também de organizações neofascistas chilenas.
Foi o desfecho de uma estratégia de desestabilização econômica e política organizada pelos norte-americanos, com ações da CIA, e por opositores internos de Allende. Na hora da derrubada, golpistas contavam com o apoio de forças navais dos EUA estacionadas próximas da costa chilena, prontas para um desembarque , se houvesse forte resistência.
Milhares de pessoas foram presas e levadas para o Estádio Nacional, onde muitas foram assassinadas. Milhares de chilenos partiram para o exílio. A violência do golpe também alcançou centenas de brasileiros que haviam se asilado no Chile para escapar da ditadura no Brasil. Alguns foram presos, outros se abrigaram em embaixadas até a obtenção de salvo conduto para outros países. Cinco brasileiros desapareceram e certamente foram mortos: Jane Vanini, Luiz Carlos Almeida, Nelson de Souza Kohl, Túlio Roberto Cardoso Quintiliano e Wânio José de Matos.
14 de setembro de 1973 – Ulysses desafia: ‘navegar é preciso’
No mais ousado desafio político à ditadura até então, a Convenção Nacional do MDB lança o deputado Ulysses Guimarães “anticandidato” à Presidência da República e como vice o jornalista e ex-governador de Pernambuco Barbosa Lima Sobrinho. Não havia chance de vitória num Colégio Eleitoral em que a Arena tinha mais de 80% dos votos, mas a proposta era denunciar o regime ditatorial, a violação de direitos e a farsa eleitoral.
“Não é o candidato que vai percorrer o país. É o anticandidato, para denunciar a antieleição, imposta pela anticonstituição que homizia o AI-5, submete o Legislativo e o Judiciário ao Executivo; possibilita prisões desamparadas pelo habeas corpus e condenações sem defesa, profana a indevassabilidade dos lares e das empresas pela escuta clandestina, torna inaudíveis as vozes discordantes, porque ensurdece a nação pela censura à imprensa, ao rádio, à televisão, ao teatro e ao cinema”, disse Ulysses.
A plataforma era centrada na revogação do AI-5, no retorno do país ao Estado de Direito com liberdades democráticas e pela convocação de uma Assembleia Constituinte.
16 de setembro de 1984 – Canavieiros fazem greve E levantam todo o Nordeste
Mais de 400 mil trabalhadores canavieiros de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte se mobilizam numa greve por melhores salários, condições de trabalho e pela estabilidade de delegados sindicais nas plantações e engenhos. Na Paraíba, onde a Polícia Militar apoiou a repressão montada pelos proprietários, o movimento durou dez dias. Organizada pelas Federações de Trabalhadores Rurais com apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a greve foi vitoriosa nos três estados e fortaleceu a organização dos trabalhadores do campo.
Os conflitos agrários na região vinham crescendo desde 1979, quando os canavieiros de Paudalho e São Lourenço da Mata (PE) realizaram a primeira greve desde o Golpe de 1964. No ano seguinte, outra paralisação envolveu todos os canavieiros de Pernambuco. No mesmo período aumentou a mobilização dos pequenos produtores rurais no país.
A organização dos trabalhadores enfrentou a violência dos proprietários de terra. Em 17 de setembro, dois pistoleiros assassinaram o líder sindical Nonatinho, em Santa Luzia (MA). Cerca de 5 mil camponeses participaram do sepultamento do sindicalista, que se transformou em ato de protesto contra a violência.
11 de setembro de 2001 – Ataque terrorista abala o império
O grupo fundamentalista islâmico Al Qaeda realiza quatro ataques suicidas praticamente simultâneos contra símbolos do poder econômico, político e militar dos Estados Unidos em 11 de setembro. Dois aviões comerciais sequestrados horas antes são lançados contra as torres gêmeas do World Trade Center, complexo empresarial e financeiro em Nova York. Outro avião atinge o Pentágono, sede do Departamento de Defesa norte-americano, em Arlington, no Estado da Virgínia. A quarta aeronave, cujo destino era cair sobre a Casa Branca, sede do governo, em Washington, foi desviado e caiu num campo aberto em Shanksville, na Pensilvânia.
Os ataques deixaram cerca de 3 mil mortos e provocaram profundas alterações na política de segurança dos Estados Unidos. O governo do presidente George W. Bush passou a fazer do combate ao terrorismo o ponto central de sua política externa. A “guerra ao terror” justificaria a invasão do Afeganistão, a espionagem desautorizada de cidadãos norte-americanos e de governos de outros países e fortes restrições ao ingresso de estrangeiros nos Estados Unidos.
O fundador da Al Qaeda, o saudita Osama bin Laden, a quem se atribuiu o comando dos atentados de 11 de setembro, tornou-se o homem mais procurado do mundo. Foi capturado e morto por forças militares norte-americanas quase dez anos depois, em 2011, no Paquistão.
10 de setembro de 2001 – Toninho do PT é assassinado em campinas
O prefeito de Campinas, Antonio da Costa Santos, conhecido como Toninho do PT, é morto a tiros dentro de seu automóvel após sair de um shopping center. O inquérito policial não chega a uma conclusão: uma versão dos fatos aponta para uma tentativa de assalto; outra, sugere que Toninho do PT foi assassinado depois de “fechar”, acidentalmente, o carro de uma gangue que havia praticado um crime nas proximidades minutos antes.
Seus familiares e alguns partidários acreditam que o crime teve motivações políticas. Segundo dizem, o prefeito possuía dossiês que comprovavam desvios de verbas envolvendo empresários e servidores públicos que pretendia denunciar. Tais documentos teriam desaparecido do gabinete de Toninho do PT, que vinha sofrendo ameaças de morte. O então deputado José Genoíno (PT-SP) declarou que a morte de Toninho foi motivada por sua ação enérgica contra o narcotráfico na cidade.
Em 2011, nas celebrações que marcaram os dez anos de seu assassinato, a antiga Estação Ferroviária de Campinas recebeu o nome de Estação Cultural Prefeito Antônio da Costa Santos.
15 de setembro de 2008 – Crise: Lehman Brothers pede concordata
O Lehman Brothers, o quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, pede concordata, marcando de forma dramática o agravamento da crise do sistema financeiro mundial iniciada em meados de 2007.
Consequência da não regulamentação do sistema financeiro e da bolha de crédito imobiliário nos EUA, a crise já provocara, àquela altura, a falência de grandes bancos das maiores economias do mundo e ondas de despejo e desemprego em massa.
Nesse cenário de liberalização financeira global — desregulamentação do setor bancário, livre mobilidade de capital entre países, inovações financeiras sem garantias e mercado financeiro global unificado —, a crise rapidamente tomava caráter mundial. Suas consequências seriam perceptíveis em todos os continentes.
O panorama brasileiro, no entanto, era de crescimento contínuo do PIB, com distribuição de renda e redução das diferenças regionais. A inflação sob controle, a criação de empregos (1,8 milhão em 2007 e 2,1 milhões em 2008), a política de valorização do salário mínimo (com aumento real de 51% desde 2003) e as políticas de transferência de renda contribuíram para elevar em 21,5% o consumo no período.
Nossas reservas de moedas internacionais também haviam crescido, passando de US$ 37 bilhões em 2003 para US$ 207 bilhões em 2007. No cenário do comércio exterior, o Brasil diversificara suas exportações e relações comerciais internacionais, com foco na América Latina, África, China e Oriente Médio. No período, o país também passara de devedor a credor internacional.
Para enfrentar a crise, o governo federal lançaria mão de políticas econômicas anticíclicas, com fortalecimento dos bancos públicos para expansão do crédito, ampliação do financiamento ao setor exportador e estímulo ao mercado interno.
Foram considerados estratégicos para o aquecimento da economia os setores da construção civil — com aumento do limite de empréstimo para compra de materiais de construção e a disponibilidade de crédito para o setor —, do agronegócio — com antecipação do financiamento da safra — e da produção automotiva e eletrodomésticos — com isenção do imposto sobre produtos industrializados.