Em seu discurso na 15ª Cúpula dos BRICS, Dilma Rousseff diz que o Novo Banco de Desenvolvimento está bem capitalizado, com alavancagem baixa, e tem condições para expandir seu papel como ferramenta de apoio aos projetos de desenvolvimento dos 11 países

O Banco dos BRICS vai bem, obrigado. À frente do Novo Banco de Desenvolvimento, a organização financeira multilateral criada por ela em 2014 e os outros líderes do bloco, quando estava à frente da Presidência do Brasil, Dilma Rousseff anunciou perante os presidentes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que o banco quer conceder empréstimos entre US$ 8 bilhões e US$ 10 bilhões ainda este ano.

“Ao lado do reforço de nossa presença nos mercados financeiros tradicionais, o NDB reconhece a importância central de multiplicar as relações da instituição com investidores em todo o Sul Global: na Ásia, onde estão nossos escritórios; no Oriente Médio; na África; e na América Latina”, disse. “Nosso objetivo é alcançar cerca de 30% de tudo o que emprestamos em moeda local”.

O banco de desenvolvimento criado pelos BRICS planeja conceder empréstimos nas moedas sul-africana e brasileira como parte de um plano para reduzir a dependência do dólar e promover um sistema financeiro internacional mais multipolar. Ela está animada em ajudar os países que estão ingressando no bloco. “A inclusão de novos membros ganha impulso para a vocação do NDB de funcionar como uma verdadeira plataforma de cooperação entre os países do Sul Global”, disse.

Dilma falou para os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Vladimir Putin (Rússia), Narendra Modi (Índia), Xi Jinping (China) e Cyril Ramaphosa (África do Sul), na abertura da reunião da Cúpula em Joanesburgo. O discurso foi elogiado pelos líderes das nações e analistas internacionais. 

“O Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, que já se tornou uma alternativa às instituições de desenvolvimento ocidentais existentes, tem um grande papel a desempenhar nos esforços para a cooperação entre as cinco nações”, disse Vladimir Putin.

A expansão dos empréstimos em moeda local apoia um objetivo mais amplo acordado pelas nações Brics de incentivar o uso de alternativas ao dólar em transações comerciais e financeiras. O NDB já emprestou US$ 33 bilhões para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável e incorporou nações que ainda não integravam o grupo, como Egito, Bangladesh e Emirados Árabes Unidos como membros adicionais, e o Uruguai nos estágios finais de admissão.

Rousseff disse que o empréstimo em moeda local permitiria que os mutuários nos países membros evitem o risco cambial e as variações nas taxas de juros dos EUA. “As moedas locais não são alternativas ao dólar”, disse. “Eles são alternativas a um sistema. Até agora, o sistema tem sido unipolar. Será substituído por um sistema mais multipolar”.

No discurso que fez na Cúpula dos BRICS, Dilma foi cristalina ao apontar que o banco terá um papel importante na nova geopolítica que se apresenta. “O NDB não pode agir sozinho. Precisamos trabalhar cada vez mais de perto e diretamente com nossos países membros para identificar melhor suas necessidades mais significativas e direcionar nosso apoio a projetos que tenham maior eficácia e impacto“, declarou. “Estou confiante de que, juntos, podemos realizar essa visão“. •

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