O país tem muitos desafios — reduzir as desigualdades, melhorar o poder de compra do trabalhador, ampliar o acesso à educação e à saúde. Mas o governo plantou em seis meses as bases para um novo ambiente na economia e a convicção é de que estamos no rumo certo. Só falta reduzir a taxa de juros para melhorar emprego e renda. Até a inadimplência caiu — e o Desenrola Brasil mal começou

O Brasil está em melhor situação. Os sinais na economia são de otimismo, apesar dos muitos desafios que o país tem pela frente. Mas, em apenas seis meses, o governo Lula conseguiu dar rumo para a nação, abrindo caminho para melhor qualidade de vida da população, tendo como alicerce um conjunto de políticas adotadas para retomar o crescimento econômico com geração de emprego e distribuição de renda.

Entre muitas medidas estruturantes, o governo dá tratos a uma nova política industrial para o país, centrada na sustentabilidade e na inovação tecnológica, que promete ser fonte de transformação da vida de milhões de brasileiros, principalmente dos jovens que buscam a chance de conseguir um emprego de qualidade.

As perspectivas para o crescimento da economia melhoraram ao e a inflação deve ser menor do que o projetado anteriormente. A avaliação foi feita pelo Ministério da Fazenda no Boletim Macrofiscal, documento bimestral cuja edição mais recente foi divulgada na quinta, 20. A equipe econômica eleva de 1,9% para 2,5% o crescimento da economia em 2023 e reduziu de 5,58% para 4,85% a expectativa de inflação. A avaliação é que a expansão da economia pode continuar surpreendendo positivamente até dezembro. “Não há nenhuma razão técnica para a taxa [básica] de juros estar no nível que está agora”, aponta.

Em outra frente, uma boa nota. Em junho, o número de inadimplentes no Brasil teve a primeira queda em 2023, segundo o Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas da Serasa. Foram registrados 71,45 milhões de negativados, uma redução de 450 mil pessoas em relação a maior. Isso representa uma queda de 0,63%. O número de negativados representa 43,78% da população adulta do Brasil.

Na segunda-feira, 17, o Ministério da Economia lançou o Desenrola Brasil, um programa para a renegociação de dívidas. De acordo com o Serasa, o impacto foi positivo. Quase 900 mil dívidas foram negociadas somente pelos canais da Serasa a sexta-feira, 21, e a procura foi 80% maior do que a média de acordos habituais da plataforma.

Outra boa nova também surgiu na última semana, com o preço médio da gasolina nos postos brasileiros caindo 0,7%, ou R$ 0,04 por litro. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), o produto foi vendido, em média, a R$ 5,59 por litro. A Petrobras anunciou redução média de 7,1% nos preços do gás natural para as distribuidoras a partir de agosto.

Para além do quadro interno, o Brasil volta a ser visto no exterior como um atrativo para investimentos. Tanto que, também nesta última semana, a União Europeia anunciou investimentos de € 45 bilhões de euros — o equivalente a R$ 240 bilhões — na América Latina. A Europa corre para tentar reverter o peso da China na região — hoje o principal sócio comercial dos países da América do Sul. 

O anúncio foi feito pela chefe da UE, Ursula von der Leyen. “América Latina e Caribe e a Europa nos necessitamos mutuamente. Mais agora do que nunca”, disse Von der Leyen, na abertura do fórum em Bruxelas, ao lado de Lula, paparicado pelos chefes de Estado europeus pelo seu peso político na região. O jornal britânico Financial Times chegou a comentar em boletim distribuído a assinantes na segunda-feira, 17, que “o sucesso [da reunião de cúpula Celac-UE] depende de como ele [Lula] vai se sentir quando terminar o encontro”.

Diz o jornal inglês: “Embora um acordo do Mercosul seja extremamente improvável, declarações positivas do líder brasileiro sobre a cooperação futura sinalizariam algum progresso para Bruxelas em sua tentativa de obter mais relevância regional — e alcançar a China”, aponta.

E Lula deu duros recados na reunião em Bruxelas. Criticou as promessas dos países ricos e lembrou que a Guerra na Ucrânia custa caro ao mundo. “Apenas em 2022, em vez de matar a fome de milhões de seres humanos, o mundo gastou US$ 2,24 trilhões para alimentar a máquina de guerra, que só causa mortes, destruição e ainda mais fome”, afirmou. Ainda assim, foi ouvido e aplaudido.

Isso significa que Lula não apenas é reconhecido como um dos mais influentes dos países emergentes — coisa que o Brasil havia deixado de representar desde o Golpe de 2016 contra Dilma Rousseff — como é visto como o mais influente sobre os países vizinhos na América do Sul. E isso é positivo para o novo Brasil que ressurge das cinzas depois da terra arrasada promovida pelo bolsonarismo.

Em apenas seis meses, o país retomou o controle de seu próprio destino — apesar das incertas promovidas pelos radicais da extrema-direita — como é reconhecido como um interlocutor importante para outros líderes globais. É neste ambiente de reconstrução nacional e a construção de consensos para parcerias  estratégicas com outros países que o Brasil está navegando. Mas o mais importante é que outros países e a comunidade internacional estão de olho no mercado brasileiro, além de sua capacidade de liderar uma nova convergência para o fortalecimento de instrumentos multilaterais de cooperação.

Ainda no plano interno, Lula tem reiterado a importância do aumento do poder de compra dos trabalhadores como instrumento impulsionador da economia, em razão da ampliação do consumo e dos reflexos no comércio, na indústria e na arrecadação de impostos. Nesse sentido, uma das medidas adotadas recentes adotadas neste ano foi a retomada do ganho real do salário mínimo — acima da inflação, após uma estagnação nos governos Temer e Bolsonaro. O novo valor do salário mínimo, de R$ 1.320, começou a valer em 1º de maio, Dia do Trabalhador.

Outra medida importante foi o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física, que estava congelada havia oito anos. Logo no início do mandato, Lula decretou que trabalhadores que ganham até dois salários mínimos por mês não vão pagar imposto de renda. A meta é que, até 2026, possam estar isentas todas as pessoas que ganhem até R$ 5 mil. •

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