Nascido nos estertores da ditadura militar instaurada em 1964 e impulsionado pelo renascimento das lutas operárias e sindicais do final da década de 1970, o Partido dos Trabalhadores se criou lutando pelo restabelecimento do Estado Democrático de Direito.

Inicialmente refratário a partidos políticos, sua principal liderança Luiz Inácio Lula da Silva se convenceu em 1980 da necessidade de fundar um partido que desse voz e vez aos setores populares.

Desde então, o PT participou de todos os processos eleitorais. Foi o primeiro a se levantar em defesa da campanha pelas Diretas Já e pela convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte. Manteve sempre um pé na institucionalidade e outro na construção de instrumentos de pressão popular. Daí vieram a fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e os Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).

A presença do partido foi fundamental nas lutas contra os arrochos salariais e a carestia, assim como na constituição de movimentos de moradia nas periferias das grandes capitais.

Lula desde então, foi candidato várias vezes. Concorreu ao governo de São Paulo em 1982, foi o deputado federal mais votado em 1986 e concorreu à Presidência em 1989, numa campanha memorável que chegou ao segundo turno, surpreendendo a todos os prognósticos.

Desde então Lula e o PT perceberam ser possível um candidato oriundo dos setores populares almejar a disputa pelo governo central. Nesse processo, acumulou mais duas derrotas consecutivas — em 1994 e 1998 — até a vitória em 2002.

E, ainda, produziu um “aggiornamento”, uma atualização, na compreensão da maioria do partido que consolidou a posição de buscar transformações no interior do Estado brasileiro pelo caminho das disputas políticas na sociedade civil e na institucionalidade.

O PT, que nasceu criticando o então socialismo real existente no Leste europeu e os limites da social-democracia, buscou compreender a dinâmica social brasileira, suas mazelas e iniquidades para produzir uma alternativa pós-capitalista no país. Tema que, desde então, está em constante aprofundamento.

Em todos esses períodos, Lula atuou dentro dos marcos da ordem estabelecida. No entanto, nunca deixou de ser visto com reservas por setores do “establishment”. O cerco aos seus governos e de sua sucessora Dilma Rousseff falam por si.

A perseguição e a prisão em Curitiba pelo uso e abuso dos instrumentos do direito demonstram que o descompromisso com a democracia sempre adveio das classes dominantes. Não do PT.

A democracia é um valor universal, como dizia o grande Carlos Nelson Coutinho. Esse exercício, o partido e Lula demonstram na prática. Poderia se dizer o mesmo em referência aos democratas de ocasião, sempre pródigos em esgrimir espantalhos sobre corrupção, socialismo e comunismo todas as vezes que os setores populares ousam se apresentar? A história mostra que não. •

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