Em Londres, Lula reúne-se com o primeiro-ministro Rishi Sunak e ouve a oferta do governo inglês para investir no combate ao desmatamento e preservação da biodiversidade da floresta tropical

05.05.2023 – Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro com o Primeiro-Ministro do Reino Unido, Rishi Sunak. 10 Downing Street, Londres – Inglaterra. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Em mais um giro internacional em busca de apoio e novas oportunidades para o Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve na sexta-feira, 5 de maio, em Londres, no Reino Unido, para acompanhar a coração do Rei Charles. Ele aproveitou a viagem para uma reunião de alto nível com o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, que anunciou a contribuição de 80 milhões de libras (cerca de US$ 100 milhões) para o Fundo Amazônia.

O premiê afirmou que a decisão é resultado do reconhecimento ao trabalho realizado pelo novo governo brasileiro, que tem se comprometido a retomar uma política de investimento para a preservação ambiental. O Brasil é o quarto país que mais recebe recursos do International Climate Finance (ICF), principal programa britânico para financiamento de projetos na área ambiental, com recursos de 260 milhões de libras — cerca de R$ 1,4 bilhão.

Lula agradeceu ao premiê britânico pelo anúncio de aporte no fundo, que também já recebeu recursos da Alemanha, Noruega e Estados Unidos. Ele afirmou que o momento é de “restabelecer a normalidade” nas relações entre os dois países. Lula reiterou o compromisso de acabar com o desmatamento até 2030. “Na questão climática, o Brasil é a grande potência”, disse.

No ano passado, o comércio bilateral entre os dois países movimentou US$ 6,5 bilhões, alta de 15% em comparação com 2021. As exportações brasileiras para os britânicos somaram US$ 3,7 bilhões, porém representam menos de 2% do total das vendas externas do país. As importações foram US$ 2,8 bilhões. O saldo é favorável ao Brasil. As áreas com mais investimento do Reino Unido são extração, financeira e transporte.

O Fundo Amazônia investe em ações de combate ao desmatamento e de promoção da sustentabilidade na região. Criado em 2008, o Fundo Amazônia é gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pode ser visto como uma espécie de crédito que outros países dão ao Brasil pelos bons resultados de suas políticas ambientais.

O Fundo Amazônia foi paralisado em 2019, por decisão do governo Jair Bolsonaro, que fez pouco caso dos R$ 3 bilhões que o governo tinha em caixa, por conta das doações asseguradas pelos governos da Noruega e Alemanha. O fundo foi retomado em 1° de janeiro por meio de decreto assinado pelo presidente Lula.

No fim de janeiro, a Alemanha já havia anunciado a doação de cerca de R$ 200 milhões para o Fundo Amazônia em um pacote de R$ 1,1 bilhão para ações socioambientais no Brasil. Em 20 de abril, os EUA anunciaram a doação de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões) para o Fundo Amazônia, entre outras iniciativas globais de combate ao desmatamento, proteção ambiental, reflorestamento e mitigação da mudança do clima.

“Os países ricos precisam compreender que eles têm um débito na emissão, e portanto eles têm de adiantar recursos, pagando essa dívida. Eu quero que cumpram a promessa de 100 bilhões de dólares. Eu vou na COP dos Emirados Árabes cobrar isso”, disse Lula, referindo-se ao compromisso dos países desenvolvidos feito na COP15, em Copenhague, de US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020 para ajudar os menos desenvolvidos a enfrentar a crise do clima. •

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