Ex-presidenta foi indicada por Lula e seguirá na comitiva do presidente para a China. Ela assume o cargo em em cerimônia na sede do NDB, localizado em Xangai

Dilma assume banco dos Brics
FUNDADORA Dilma cumprimenta Putin na reunião de Cúpula dos Brics, em Ufa, na Rússia. O banco foi criado em 2014, em encontro no Brasil

Perseguida por adversários, alvo de ataques misóginos de Aécio Neves na campanha eleitoral de 2014 e vítima de um cerco político promovido por setores da grande imprensa e uma ala política do PMDB de Michel Temer e Eduardo Cunha ao longo de 2015, Dilma Rousseff dá a volta por cima e volta a ocupar um lugar de destaque no cenário internacional.

Na última sexta-feira, 24, Dilma foi eleita para  assumir a direção do Novo Banco do Desenvolvimento (NDB), instituição financeira criada em 2014 pelos Brics – o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ela tomará posse no cargo no dia 29, durante a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China. Ele participará da posse, que ocorrerá em Xangai.

O conselho de governadores do banco, formado pelos ministros da Fazenda dos países fundadores do NDB, mais representantes dos quatro novos integrantes (Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Egito e Uruguai), se reuniram por videoconferência para votar a indicação de Dilma.

Afastada da Presidência da República por um impeachment, aprovado pela Câmara e pelo Senado em um processo fraudulento, baseado na tese das “pedaladas fiscais” que seria crime de responsabilidade, Dilma volta a assumir um papel de destaque e deve ficar à frente do chamado banco dos Brics até julho de 2025. Ela substitui Marcos Troyjo, indicado pelo governo Bolsonaro.

O banco dos Brics foi criado após reunião de cúpula dos chefes de Estado, realizada em Fortaleza, em 2014, durante o mandato de Dilma. O objetivo da instituição é assegurar fontes de financiamento para obras de infraestrutura. O NDB tem uma carteira de investimentos da ordem de US$ 33 bilhões.

A sede do banco fica num prédio em Xangai, onde Dilma passará a morar e a despachar no novo e moderno edifício construído para abrigar o NDB, inaugurado em 2021. A cidade é um centro financeiro global. Dilma trabalhará num gabinete com vista para a metrópole, maior cidade chinesa, e receberá remuneração no mesmo patamar de outros bancos multilaterais, conforme executivos da instituição. •