A morte do último indígena Tanaru

A notícia correu o mundo no dia 30. A morte do “Homem do Buraco”, último índio de uma tribo isolada levou com ele a história do povo Tanaru. Conhecido como o “Homem do Buraco”, o último membro de da tribo foi encontrado morto, marcando o primeiro desaparecimento registrado de uma tribo isolada no Brasil.

A notícia estampou a edição dos jornais estadunidenses New York Times e Washington Post, do alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, dos espanhois El País e La Vanguardia, do português Diário de Notícias e centenas de  outros diários e sites de notícias por conta dos despachos das agências Reuters, Associated Press e France Presse.

A mídia estrangeira relaciona a morte do último Tanaru ao desastroso governo Bolsonaro. “Foi um triste marco para um país que nos últimos anos viu as proteções para grupos indígenas enfraquecidas e minadas por um governo que priorizou o desenvolvimento da Amazônia em detrimento da conservação”, diz o texto do New York Times.

“Funcionários da Funai encontraram o corpo do homem em 23 de agosto durante uma patrulha na Terra Indígena Tanaru, no estado de Rondônia, na fronteira com a Bolívia”, aponta o jornal. “A Funai relatou evidências de pelo menos 114 grupos isolados no Brasil, mas a existência de apenas 28 foi confirmada. Como resultado, as 86 tribos restantes não se beneficiam de nenhuma proteção governamental”, alerta.

O Washington Post também alardeou a morte do último indígena da tribo isolada: Morre o ‘homem do buraco’ do Brasil e uma tribo amazônica não existe mais. “O índio vivia sozinho há pelo menos 26 anos e rejeitou repetidas tentativas de comunicação”, ressalta. “Outras tribos isoladas no Brasil também estão ameaçadas de extinção. A tribo Piripkura no centro-oeste do Brasil tem três membros conhecidos”.

O francês Le Monde reproduziu despacho da France Presse informando também da morte do “Índio do Buraco”, último sobrevivente do povo indígena Tanaru. “As autoridades acreditam que o homem passou 26 anos sozinho vagando pela selva depois que membros de sua comunidade já muito pequena desapareceram lentamente em meados da década de 1990”, informa o diário.

“Segundo a ONG Survival, a terra indígena Tanaru é uma ilha de selva cercada por vastas fazendas de gado, em uma das regiões mais perigosas do Brasil, principalmente devido ao garimpo ilegal e ao desmatamento”.

O espanhol La Vanguardia também trouxe a notícia: a morte no Brasil do homem mais solitário do mundo. “O único sobrevivente de uma comunidade na Amazônia se isolou por décadas para sobreviver”. O argentino Clarín foi outro a destacar o episódio: Morreu o “homem do buraco”, o indígena no Brasil que passou quase 30 anos isolado e sem contato com ninguém. “Segundo fontes oficiais, o homem teria morrido de causas naturais dentro de sua cabana na selva amazônica”, informa.

E o alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung: “Com sua morte o genocídio acabou?”. “O último sobrevivente dos indígenas da região brasileira de Tanaru morreu. Ele viveu isolado na região amazônica por mais de 25 anos. Sua morte revela as sombras da criação de gado”, diz a reportagem. “Ativistas de direitos humanos acreditam que os membros restantes foram mortos por fazendeiros quando entraram na área nas décadas de 1970 e 1980”.

No inglês The Guardian o indigenista Sidney Possuelo surge apontando o dedo para o líder da extrema-direita: ‘Bolsonaro é o culpado’, diz defensor dos direitos indígenas sobre crise no Brasil. Ele acusa o presidente do país de promover uma ‘política deliberada’ de violência e invasões de terras no coração da selva amazônica.

“A sabotagem calculada de Bolsonaro às proteções indígenas e ambientais expôs os povos nativos do Brasil à crise mais dramática de sua história”, disse Possuelo. O jornal o apresenta como “o explorador vivo mais famoso do país”. Ex-presidente da Funai, o sertanista expressou indignação e tristeza pela demolição de salvaguardas que ajudou a criar durante sua lendária carreira de seis décadas na agência de proteção dos índios.  •