Lula: “É a eleição da democracia contra o fascismo”

Em comícios realizados em Belo Horizonte e São Paulo, o ex-presidente encarna a esperança de dias melhores para o povo brasileiro e diz que o país vai se reencontrar consigo mesmo e verá dias melhores para todos os seus filhos. “Governar é cuidar das pessoas, sobretudo as mais necessitadas”, disse, na capital mineira

 

O Brasil está numa encruzilhada em que dois pólos antagônicos disputam não o poder, mas a possibilidade de reconstruir o Brasil ou aprofundar as desigualdades e o abismo social em que o país se encontra nos últimos seis anos. “O que está em jogo é a democracia contra o fascismo”, disse um emocionado Luiz Inácio Lula da Silva, em comício histórico realizado em Belo Horizonte. Na última semana, as capitais de Minas e de São Paulo assistiram a dois grandes comícios de apoio do movimento Vamos Juntos pelo Brasil, liderados por Lula e pelo candidato a vice, o ex-governador Geraldo Alckmin.

Lula: “É a eleição da democracia contra o fascismo”

Os dois eventos marcaram o início oficial da campanha eleitoral de 2022, cuja largada ficou marcada pelo alerta do ex-presidente de que o Brasil não atravessa uma situação de normalidade, mas de riscos profundos do agravamento da crise social. Lula disse em Belo Horizonte que o país está sendo governado por uma pessoa “desequilibrada mentalmente”. Sem citar o nome de Jair Bolsonaro, Lula reiterou que está em jogo neste instante na cena política brasileira o futuro da Nação. “É a democracia ou a barbárie”, discursou.

No ato pela democracia na noite de quinta, 18 em Belo Horizonte , Lula disse que concorre para fazer uma nova independência, que garanta dignidade, respeito e harmonia ao povo. Ele lembrou a Inconfidência Mineira, a morte e o esquartejamento de Tiradentes, e destacou a importância política e econômica de Minas. No comício, ele pediu votos ao ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, que concorre ao governo do estado. E disse que os dois trabalharão juntos. “Nós vamos fazer este estado crescer e não será apenas exportador de minério de ferro. O estado não vai ter mais Mariana e Brumadinho, tomadas pela cheia e pela quebra das represas”, advertiu.

“Se em 1792 um homem desse estado foi enforcado porque queria a independência desse país. Se em 1792 eles esquartejaram, cortaram a carne, salgaram e penduraram no poste para que ninguém mais falasse de independência, eu quero que os esquartejadores saibam: estamos de volta para fazer uma nova independência nesse país, que garanta a dignidade, o respeito e a harmonia do nosso povo”, discursou.

No sábado, 20, no ato realizado no Vale do Anhangabaú, Lula disse que vai atuar para fazer o Brasil voltar a ser um país diferente do que está acontecendo. “Este país vai voltar a ser justo. Vai voltar a sorrir. As pessoas vão voltar a ter três refeições por dia, vão voltar a ter emprego, e esse emprego será melhor remunerado”, discursou. “O salário mínimo aumentará acima da inflação todo ano, a empregada doméstica terá direitos trabalhistas, férias, décimo terceiro e carteira assinada”.

Lula lembrou que o Brasil já foi um lugar em que as famílias se reuniam nos finais de semana, em contraste com o quadro dramático em que muitos vivem agora, onde a fome voltou a assombrar milhares de famílias. “Hoje era dia da família se reunir para comer uma feijoada. Quem já não ficou dentro da cozinha lavando feijão, tirando sal da carne, a mãe preparando e juntava todos filhos para comer feijoada, tomar caipirinha? Isso tá acabando porque tem 33 milhões de pessoas que não têm o que comer, 105 milhões de pessoas que estão com insegurança alimentar”, lamentou. “Governar é cuidar das pessoas, sobretudo as mais necessitadas. Este é o papel do governo”, discursou.

No Vale do Anhangabaú, a ex-presidenta Dilma Rousseff participou e se emocionou ao ser ovacionada pelo público que compareceu em peso ao comício. “Estou aqui justamente porque amo este país e o nosso povo. Tenho imenso orgulho desse povo. Estamos vivendo um momento decisivo”, lembrou. “Temos a oportunidade de reconstruir nosso país, de reconstruir a autoestima do nosso povo, temos responsabilidade como mulheres de eleger o presidente Lula e o vice-presidente Alckmin para tirar o nosso país dessa profunda crise que nós estamos”, disse.

“Essa é uma oportunidade única. Faltam poucos dias para a eleição e nós vamos ter de sair na rua e convencer cada um e cada uma a dar seu voto, porque o voto nesse momento é a única arma que nós temos, e é a arma democrática”, discursou.

Ela afirmou que o Brasil tem sorte em ter Lula. “Conheço porque trabalhei com ele. Tenho muito orgulho de ter sido ministra-chefe da Casa Civil do presidente Lula. Quero dizer para vocês que o Lula talvez seja um dos poucos políticos deste país que combina duas coisas: uma grande capacidade política de construir consensos e de construir futuro para nós, mas também é um dos maiores gestores que eu conheci”, elogiou. “O que eu peço é isso: vamos aproveitar, temos a pessoa certa no lugar certo. É ele que vamos levar para a Presidência da República”.

Ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin relembrou que o Anhangabaú no passado foi cenário da luta pela democracia, que uniu a dupla que hoje disputa os cargos mais importantes do país. “Há 40 anos estivemos neste mesmo vale do Anhangabaú, o presidente Lula e eu”, recordou. “Estávamos em partidos diferentes, ele constituindo o PT, eu na bancada estadual do partido que propôs as diretas. As diretas não passaram, mas ali começou a morrer a ditadura. Hoje, quase 40 anos depois, presidente Lula, voltamos aqui porque o Brasil precisa, a democracia está em risco. Nós precisamos fortalecer o processo democrático”, contou. •