Entre agosto de 2021 e julho de 2022, foram derrubados 10.781 km² de floresta na Amazônia brasileira. As invasões e o garimpo em áreas indígenas cresceram 180%. É um desastre sem precedentes

 

O Brasil assiste à maior devastação de suas florestas dos últimos 15 anos, numa grave omissão do governo federal em conter as invasões e o desmatamento. Avesso à proteção da Amazônia e das terras indígenas, o governo Bolsonaro permitiu que, entre agosto de 2021 e julho de 2022, fossem derrubados 10.781 km² de floresta da Amazônia Legal. É a maior taxa de desmatamento dos últimos 15 anos da história do Brasil, segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

Os dados do sistema de alerta de desmatamento do instituto apontam ainda que é a quarta vez seguida em que a degradação atingiu o maior patamar desde 2008, quando o Imazon iniciou o monitoramento com o SAD. As áreas desmatadas são detectadas em imagens de satélite na região que corresponde a 59% do território brasileiro e engloba nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e uma parte do Maranhão.

O levantamento leva em conta degradações florestais ou desmatamentos que ocorreram em áreas a partir de um hectare, o que equivale a aproximadamente ao tamanho de um campo de futebol. De acordo com as informações do sistema Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), é o terceiro ano consecutivo que o desmatamento na Amazônia cresce no governo de Bolsonaro. O acumulado de alertas de desmatamento em 2022 na Amazônia foi de 8.590 km² e ficaram acima da marca de 8 mil km².

“O aumento do desmatamento ameaça diretamente a vida dos povos e comunidades tradicionais e a manutenção da biodiversidade na Amazônia”, afirma Bianca Santos, pesquisadora do Imazon. Ela alerta ainda que relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU) ressaltam que a devastação, “além de contribuir para a maior emissão de carbono em um período de crise climática”, também elevam as emissões de carbono e consequentemente resultam em fenômenos extremos como ondas de calor, secas e tempestades ainda mais frequentes e intensas. “Isso causará graves perdas tanto no campo, gerando prejuízos tanto para o agronegócio quanto para as cidades”, adverte. •

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