Pesquisas mostram que a condução da economia pelo governo do ex-capitão continua a ser um problema para o sonho da reeleição do presidente. No Sudeste, que concentra 41% do eleitorado, a desaprovação é superior a 51%

 

 

A rejeição ao bolsonarismo continua alta, de acordo com as pesquisas mais recentes divulgadas pelos institutos de opinião. Aqui, aprofundamos o tema tratado no artigo anterior – o anti-bolsonarismo —, e atualizamos os dados da corrida eleitoral com base na pesquisa mais recente, divulgada pelo instituto Ideia Big Data em parceria com a revista Exame.

O levantamento do Ideia Big Data, realizado entre 15 e 20 de julho, com 1.500 entrevistas telefônicas, traz Lula liderando em intenções de voto na simulação de primeiro turno feita pelo instituto, com 44%. Houve uma variação negativa de um ponto percentual em relação à pesquisa anterior.

Na sequência, vem Bolsonaro com 33% — 4 pontos a menos —, Ciro Gomes com 8% — um a mais —, Simone Tebet com 4% — um a mais — e André Janones com 2%. Outros candidatos chegaram no máximo a 1%. Considerando a margem de erro de três pontos, não houve variação acima dos limites da margem de erro. É necessário aguardar os próximos levantamentos para verificar se a queda de Bolsonaro é uma tendência. Na simulação de segundo turno, Lula teria 47% contra 37% de Bolsonaro.

No número anterior da Focus Brasil, demonstramos que o componente econômico é o grande impulsionador da rejeição eleitoral ao presidente Jair Bolsonaro. Aqueles que declaram que não votariam no candidato do PL ‘de jeito nenhum’ o fazem pela má condução da economia pelo governo federal.

Ao olhar para os dados da pesquisa Datafolha divulgada no começo de julho, é possível estabelecer alguns parâmetros para avaliar como essa rejeição se distribui nas cinco regiões do Brasil. Considerando as pesquisas estaduais que o instituto divulgou no mesmo período, é possível perceber tal questão de forma ainda mais aprofundada na região Sudeste, visto que o Datafolha divulgou pesquisas em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

A rejeição a Bolsonaro, que é de 55% no Brasil segundo o instituto, é de 55% no Sudeste, 62% no Nordeste, 51% no Sul, 43% no Centro-Oeste e 54% no Norte. À exceção do Centro-Oeste, em todos os estados mais da metade dos eleitores se recusa a votar em Bolsonaro.

A rejeição de Lula, que é de 35% na média nacional, chega a 43% no Centro-Oeste e 40% no Norte, 37% no Sudeste, 39% no Sul – as últimas duas com empate na margem de erro, de dois pontos percentuais, em comparação com a média nacional. No Nordeste, somente 25% não votariam no ex-presidente de jeito nenhum.

Em três dos grandes colégios eleitorais do país, segundo o Datafolha, a rejeição a Bolsonaro também alcança mais da metade da população. Em São Paulo, 56% dos eleitores não votariam no atual presidente de jeito nenhum, número que é de 55% em Minas Gerais e 52% no Rio de Janeiro. Já Lula possui rejeição semelhante à nacional em Minas (36%) e número mais elevado no estado de São Paulo (43%) e no do Rio  (42%). Os três estados concentram, de acordo com os dados mais recentes divulgados pelo TSE, 63.785.959 eleitores – cerca de 41% do total do país.

Os números esmiuçam o desafio que o governo tem para os próximos 70 dias: reduzir sua rejeição. Em especial, nos maiores colégios eleitorais, ao ponto de tornar sua candidatura competitiva para a tentativa de reeleição. As pesquisas deste próximo período responderão se as medidas puramente eleitoreiras do governo federal surtirão o efeito desejado por Bolsonaro. •

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