Um ano depois, um novo caso George Floyd
Um novo flagrante de violência policial acontece no Brasil, um ano depois de vítima ter sido assassinada por asfixiamento nos EUA. O mundo assiste chocado à truculência da PRF, que decide imobilizar um motociclista que estava sem capacete e torturá-lo, jogando-o numa câmara de gás improvisada no camburão de viatura policial. Genivaldo de Jesus morreu asfixiado
O Brasil assistiu chocado, na última semana, a um lamentável e criminoso caso de abuso policial. Assim como na morte de George Floyd, em maio de 2021, um homem inocente foi capturado por agentes da Polícia Rodoviária Federal, imobilizado, e colocado a aspirar gás lacrimogênio numa viatura policial.
Genivaldo de Jesus dos Santos, 38 anos, foi asfixiado até a morte na tarde de quarta-feira, 25, durante abordagem de agentes da PRF numa operação em Umbaúba (SE). As imagens feitas por populares flagram dois agentes da PRF colocando Genivaldo de forma truculenta na traseira de uma viatura e lançando gás no interior do veículo.
O escritório de Direitos Humanos da ONU para a América do Sul emitiu um comunicado cobrando das autoridades brasileiras uma investigação “célere e completa”, sobre a morte de Genivaldo. “A morte, em si chocante, mais uma vez coloca em questão o respeito aos direitos humanos na atuação das polícias no Brasil”, disse o chefe do escritório, Jan Jarab.
Segundo a imprensa sergipana, Genivaldo foi abordado enquanto guiava uma motocicleta sem capacete, portando no bolso apenas medicamentos. Ele sofria de transtornos mentais e, segundo a família, tinha esquizofrenia, mas estava medicado e em tratamento.
Uma autópsia do instituto médico forense de Sergipe, vista pela agência Reuters, descobriu que ele morreu de asfixia mecânica. “Esta obstrução pode ocorrer por vários fatores, e neste primeiro momento não foi possível estabelecer a causa imediata da asfixia, nem como ela ocorreu”, aponta o laudo.
O PT protestou no Congresso Nacional contra o assassinato de Genivaldo e a atitude dos agentes policiais. “Polícia Rodoviária aborda um indivíduo, coloca-o no fundo do camburão e mata o indivíduo asfixiado com fumaça. Estou aqui chocado com as cenas. Policial rodoviário federal mata cidadão asfixiado. Fecha a porta do carro, tampa, e mata o sujeito. Isso é um assassinato, feito pela Polícia Rodoviária Federal. Isso é muito grave. Onde estamos?”, denunciou o senador Rogério Carvalho (PT-SE), no plenário do Senado.
Em nota, a PRF informou que vai apurar a conduta dos policiais envolvidos. Mas, no comunicado à imprensa, tenta justificar a truculência, apontando que Genivaldo “resistiu ativamente a uma abordagem” dos agentes e que “foram empregados técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção”.
No dia seguinte ao assassinato, o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), e os deputados federais João Daniel (PT-SE) e Márcio Macêdo (PT-SE), entraram com projeto de lei concedendo pensão especial e indenização a Maria Fabiane dos Santos, esposa de Genivaldo.
A bancada do PT ainda apresentou um requerimento à Comissão de Trabalho no qual pediu a convocação do ministro da Justiça, Anderson Torres, e o convite ao diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques. O PT quer que o ministro e o diretor da PRF dêem explicações sobre a abordagem de agentes rodoviários federais que levou à morte de Genivaldo. •