ATENÇÃO: A CONTA DE LUZ NÃO VAI CAIR
Perda de controle pela União não garante tarifas menores aos consumidores. Pelo contrário, o preço da energia vai aumentar
Especialistas em energia vem rechaçando os argumentos do governo de que a conta de luz para o consumidor deve cair, caso o Palácio do Planalto venha mesmo a privatizar a Eletrobrás. O Ministério da Economia estima um incremento nos investimentos no setor elétrico, vendendo a ilusão de que o país correrá menos de risco de apagões.
Ex-ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff vaticina que a venda da Eletrobrás não resolverá o problema do consumidor, que está pagando caro pela falta de investimentos do governo federal. “Vem aí tarifas elevadas, novos apagões e racionamentos”, prevê a ex-presidenta. Ao se tornar privada, a companhia passará a perseguir o lucro de forma prioritária, o que pode elevar as tarifas.
“Privatizar um setor, significa entregá-lo à lógica do lucro que busca retorno rápido, de curto prazo”, comenta Dilma. “Energia elétrica exige planejamento global, horizonte de longo prazo e garantia de abastecimento”.
O senador Jean Paul Prates (PT-RN) também avalia que as tarifas vão subir com a privatização. Para tornar a situação ainda mais grave, o parlamentar ressaltou que o preço da tarifa deve subir. “Estamos vivendo esse processo sem absolutamente nenhuma ideia de quanto isso vai custar para nós consumidores, para cada um de nós, na tarifa. E a gente sabe, pela tendência do que está sendo feito, é que o preço a energia vai aumentar”, disse.
Especialistas concordam com a avaliação da ex-presidenta da República. “A eventual privatização da Eletrobrás provocaria profunda desorganização do setor elétrico brasileiro, com repercussões negativas para toda sociedade brasileira. Os prejuízos se verificarão no curto e no médio prazo, a começar por uma explosão tarifária”, alerta um manifesto, lançado em abril por 160 especialistas.
A tarifa da conta de luz tende a aumentar por conta da mudança no regime de concessões das usinas. Hoje, elas operam no regime de “cotas” e fornecem energia a preço de custo para a população. Com a mudança do regime de concessão, a energia elétrica dessas usinas será vendida a preço de mercado, que chega a ser quatro vezes superior.
O encarecimento da energia impacta a renda das famílias brasileiras, mas também tem reflexos diretos no setor de serviços e no industrial. Ou seja, pode causar uma explosão ainda maior de preços, repercutindo duramente sobre o custo de vida da população.
“A privatização da Eletrobrás aumenta ainda a concentração de renda no sistema elétrico e as desigualdades brasileiras, sobretudo, no longo prazo, ao impedir a construção de um futuro sustentável do Brasil para o enfrentamento das mudanças climáticas”, alerta o manifesto.
“Ao implementá-la, caminhamos na contramão do mundo ao mergulharmos nesse pântano de inconstitucionalidades e absurdos técnicos sustentados por interesses distantes das reais necessidades de energia barata, limpa e universalizada, fundamental ao Brasil”, conclui. O manifesto é subscrito pela Federação Nacional dos Urbanitários, Associação dos Empregados de Furnas, Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético (Ilumina), Coletivo Nacional dos Eletricitários, CUT e outras entidades. •