A força de Lula

A eleição presidencial pode ser encerrada ainda no primeiro turno. O petista tem 54% das intenções de votos válidos, enquanto o líder da extrema-direita segue bem abaixo, com 30%. A diferença é de 24 pontos percentuais. Terceira via empacou

 

 

As novas pesquisas eleitorais reforçam a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) na sucessão presidencial, com ampla vantagem para o primeiro. Segundo o novo Datafolha, o petista venceria as eleições no primeiro turno com 54% dos votos válidos, contra 30% do líder da extrema-direita. O crescimento de Bolsonaro observado nos meses anteriores não se manteve em maio.

Segundo o Datafolha, Lula lidera o cenário, com uma vantagem de 21 pontos à frente de Bolsonaro. O petista tem 48% das intenções totais de voto, 5 pontos a mais que a rodada anterior, enquanto o atual presidente figura em segundo lugar, com 27% – um aumento de 1 ponto em relação a março. A pesquisa mostra que a terceira via simplesmente não se viabilizou. Nenhum nome chega a dois dígitos.

Os candidatos Ciro Gomes (PDT) é quem se sai melhor, com 7%. André Janones (Avante) e Simone Tebet (MDB) têm 2%, cada, e estão empatados. Os outros candidatos pontuaram 1% ou menos. Brancos, nulos e indecisos somam 11%.

No cenário espontâneo, quando o entrevistado é questionado sobre seu voto sem que seja apresentada uma lista de candidatos, Lula chega a 38%. É um aumento de 8 pontos em relação à rodada anterior, enquanto Bolsonaro tem 22%, Ciro 2%, Tebet 1% e outros 29% dizem não saber em quem votar. A pesquisa foi realizada entre os dias 25 e 26 de maio, com 2.556 entrevistas presenciais e margem de erro de 2 pontos percentuais.

A força de Lula

O levantamento do Datafolha reacende a possibilidade de resolução da eleição presidencial de 2022 em primeiro turno. Desde o levantamento anterior, Lula cresceu e houve nova redução no número de candidatos minimamente competitivos – mais recentemente, o ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seguiu a fila puxada por Luciano Huck, Luiz Henrique Mandetta, Eduardo Leite e Sergio Moro, desistindo da corrida presidencial após pressão de seu próprio partido.

Neste cenário, Lula atinge 54% dos votos válidos – quando são desconsiderados os brancos, nulos e indecisos, contra 30% de Bolsonaro. Caso a eleição vá para o segundo turno, há uma vantagem ainda maior de Lula, segundo o instituto: Lula teria 58% dos votos totais contra 33% de Bolsonaro, uma distância de 25 pontos percentuais.

De acordo com o Datafolha, a vantagem de Lula no primeiro turno se dá por meio de sua força em diversos segmentos da sociedade, entre os quais se destacam: as mulheres (Lula 49% x 23% Bolsonaro), quem tem entre 16 e 24 anos (Lula 58% x 21% Bolsonaro), a base da pirâmide social brasileira (Lula 56% x 20% Bolsonaro), os entrevistados que se declaram de raça/cor preta (Lula 57% x 23% Bolsonaro), o Nordeste brasileiro (Lula 62% x 17% Bolsonaro), os desempregados (Lula 57% x 16% Bolsonaro) e os beneficiários do Auxílio Brasil (Lula 59% x 20% Bolsonaro).

Bolsonaro supera o ex-presidente entre os evangélicos — Lula 36% x 39% Bolsonaro, um empate dentro da margem de erro. O líder da extrema-direita também lidera entre os empresários — Bolsonaro 56% x 23% Lula — e quem possui renda superior a 10 salários mínimos — Bolsonaro 42% x 31% Lula.

Outros institutos, como Ipespe e PoderData, mostram a situação um pouco mais favorável a Bolsonaro. Com metodologias distintas entre si e em relação ao Datafolha — o Ipespe utiliza a coleta telefônica com operadores humanos e o Poderdata uma central automatizada —, trazem cenários distintos. Segundo o PoderData, Lula tem 43% das intenções de voto em primeiro turno e Bolsonaro 35%. Em seguida, Ciro (5%), Janones (3%), Tebet (2%), Doria (1%), Eymael (1%) e Luciano Bivar (1%).

Segundo o Ipespe, Lula tem 45% contra 34% de Bolsonaro, seguido por Simone Tebet (3%), Joao Doria (2%) e André Janones (2%). A desistência de Doria ocorreu durante a coleta de entrevistas de ambos os institutos.

Considerando a margem de erro do Ipespe (3,2 pontos percentuais), a pesquisa se aproxima do quadro apresentado pelo Datafolha – diferente da PoderData. Em artigos para a Focus Brasil e em nota metodológica, o Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos (Noppe), da Fundação Perseu Abramo, já apontou que pesquisas remotas subestimam o voto da base da pirâmide social, do público menos escolarizado e afastado das áreas urbanas. •