O cinema perde Breno Silveira
Diretor de Dois filhos de Francisco e Gonzaga: de pai para filho morre de infarto fulminante do coração. Ele estava rodando um novo filme com a atriz Fernanda Montenegro
A sétima arte nacional está de luto. O cinema brasileiro perdeu, na última semana, o diretor Breno Silveira, diretor de filmes consagrados nos últimos 20 anos, como “Dois filhos de Francisco” (2005) e “Gonzaga: de pai pra filho” (2012).
Ele morreu em Limoeiro, Pernambuco, onde rodava o filme ‘Dona Vitória’, estrelado pela atriz Fernanda Montenegro. Breno tinha 58 anos e havia contraído a covid durante as filmagens. Ele era hipertenso e havia se recuperado da infecção, após um período de paralisação das filmagens.
No set de filmagem, Breno precisou dar uma corridinha para dirigir a cena e sentiu taquicardia. Chegou a medir a pressão arterial, que estava elevada. Como era hipertenso e a indisposição se mostrou leve, não parou a filmagem. Em seguida, teve um ataque fulminante atrás do monitor. Ele chegou a ser socorrido no local e foi levado para o hospital, mas já chegou morto.
O cineasta foi um dos intérpretes da realidade brasileira ao dirigir o filme “Dois Filhos de Francisco”, sobre a trajetória dos cantores sertanejos Zezé Di Camargo e Luciano. O filme é considerado um retrato do Brasil por fotografar a ascensão da classe C durante o primeiro governo Lula. “Ele foi um divisor de águas na vida de Zezé Di Camargo e Luciano. Éramos conhecidos, mas não tínhamos o respeito da crítica séria… A visão dele do nosso pai, como conduziu [o filme], trouxe isso pra nós”, lamentou o cantor Luciano.
Há dez anos, estreava outro filme de resgate da história da cena musical brasileira: “Gonzaga, de Pai pra Filho”. A película traz a conturbada relação de pai e filho, contando a história de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, e do filho o poeta e cantor Gonzaguinha. A história começa e termina em Exu, no sertão de Pernambuco, tratando do conflito de gerações entre os dois ícones da MPB. Breno acertou a mão e comoveu o país ao falar das relações entre pai e filho, que encantaram o Brasil com suas canções que marcaram gerações entre os anos 40 e 80. Uma fórmula que Breno já havia testado no filme “Dois filhos de Francisco”.
A obra sobre os irmãos Zezé e Luciano atingiu público recorde de 5 milhões de espectadores, estabelecendo um marco no cinema nacional — o maior público desde a retomada nos anos 90. O longa só seria superado dois anos mais tarde por “Tropa de Elite”, estrelado por Wagner Moura.
O filme foi grande sucesso de público e foi consagrado no 33º Festival de Cinema de Gramado, embora não tenha ganhado prêmios do júri oficial. Estrelado por Ângelo Antônio, José Dumont e Paloma Duarte, “Dois filhos…” chegou a ser indicado para concorrer ao Oscar de filme estrangeiro. •