Lula vence nos dois turnos
As pesquisas indicam um quadro de relativa estabilidade após a subida de Bolsonaro – impulsionada pela saída de Sergio Moro da disputa eleitoral e por uma melhora na avaliação do governo. Mas a rejeição segue alta e as perspectivas na economia não ajudam o Palácio do Planalto
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está consolidado na dianteira da disputa presidencial. Neste artigo, abordamos os levantamentos mais recentes divulgados pelos institutos de pesquisa. As pesquisas mais novas são dos institutos Ipespe, em parceria com a XP Investimentos, MDA, em parceria com a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), e Quaest, em parceria com a Genial Investimentos e Poderdata.
A reprovação ao governo Bolsonaro segue alta: a 52% (Ipespe), 46% (Quaest) e 44% (MDA). Os índices positivos são baixos. A aprovação é de apenas 29% dos brasileiros, segundo o Ipespe. Na Quaest, o número é de 26%; e na MDA, 26%.
Segundo o Ipespe, no aferimento realizado entre 2 e 4 de maio, Lula segue líder nos cenários de primeiro turno, com 44% das intenções de voto, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição e tem 31% da preferência. Em sequência aparecem Ciro Gomes (PDT) com 8%, João Doria Junior (PSDB) e André Janones (Avante), com 3% cada. Simone Tebet (MDB) e Felipe D’avila (Novo) têm 1%, cada.
No levantamento do MDA, Lula tem 41% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro tem 32%. Ciro tem 7% da preferência do eleitorado, seguido por Doria e Janones (3%, cada) – Tebet alcança 2,3%.
Por fim, de acordo com a Quaest, Lula está na frente com 46% e Bolsonaro, 29%. Ciro repete o desempenho do levantamento da MDA, com 7%. O ex-governador de São Paulo e o Janones aparecem com os mesmos 3% das outras duas pesquisas. A senadora emedebista e o candidato do Novo têm, cada um, 1%.
Já a pesquisa PoderData traz um quadro de estabilidade – o instituto vem apontando uma distância menor entre Lula e Bolsonaro, mas não detectou na última rodada evolução nos números. O quadro permanece quase o mesmo do último levantamento: Lula, 42%; Bolsonaro, 35%; Ciro tem 5%, Doria 4%, Janones 3% e Tebet 2%.
As pesquisas indicam, neste momento, um quadro de relativa estabilidade após a subida de Bolsonaro – impulsionada pela saída de Sergio Moro da disputa eleitoral e por uma melhora na avaliação de seu governo. Os próximos levantamentos em maio responderão se essa estagnação é momentânea ou tendência.
Nos cenários de segundo turno, as pesquisas apontam para uma vantagem substancial de Lula contra Bolsonaro. Segundo a XP/Ipespe, Lula tem 20 pontos percentuais a mais que Bolsonaro (54% contra 34%). Na MDA, a vantagem é de 14 pontos — 51% contra 37%. No levantamento do Quaest, Lula tem 54% contra 34% de Bolsonaro, os mesmos 20 pontos do Ipespe.
De acordo com a Quest, 58% dos brasileiros acreditam que Bolsonaro não merece ser reeleito, enquanto 53% da população acha que Lula merece um novo mandato. Segundo o Ipespe, 58% esperam que Lula vença as eleições, enquanto 32% creem que Bolsonaro será vitorioso.
Os números são determinados, em certa medida, pela alta rejeição eleitoral do líder da extrema-direita. Segundo a Quaest, 59% não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum. Na XP/Ipespe, é 60% a rejeição e 54% no MDA. Junto a Bolsonaro, segue alta a rejeição de João Doria – com 68% na MDA, 55% no Ipespe e 59% na Quaest. Entre os candidatos mais conhecidos, Lula é o que tem menor rejeição, 43% (Quaest), 44% (MDA) e 43% (Ipespe).
Segundo a Quaest, para os brasileiros, os principais problemas do Brasil, são: economia (50%), saúde/pandemia (13%), questões sociais (11%) e corrupção (9%). Entre os problemas econômicos destacam-se: crise econômica (19%), inflação (18%) e desemprego (13%). Entre os problemas sociais, a fome (8%), a desigualdade (2%) e pessoas em situação de rua (1%).
De acordo com o Ipespe, somente 13% da população espera diminuição da inflação no próximo período, enquanto 62% preveem aumento e 21%, sua manutenção. A inflação é percebida por 95% dos brasileiros, e seus efeitos na renda são claros: segundo a Quaest, pagar as contas mensalmente está mais difícil para 59%, 8 pontos a mais do que em janeiro – o instituto aponta que para 62% a economia piorou. Segundo o Ipespe, são 63% que veem a economia brasileira no caminho errado.
As variações em relação aos últimos levantamentos (com periodicidade quinzenal no Ipespe, mensal na Quaest e bimestral na MDA) ocorreram dentro da margem de erro. No caso da última pesquisa, a diferença de 4 pontos percentuais a mais na aprovação, em comparação com a rodada anterior está quase no limite da margem, que é de 2,2 pontos. •