A sabotagem ao país continua

Petrobrás aumenta em 8,87% o preço do diesel, o presidente finge que se importa e troca ministro, mas nada faz para conter a alta das tarifas dos combustíveis, que já subiram 155%

 

O país continua sem comando e a economia à deriva, apesar das caras e bocas do presidente Jair Bolsonaro. Sem saber o que fazer para tirar o país do caminho da ruína, o Palácio do Planalto viu no último dia 9 a Petrobrás anunciar um novo reajuste de preços para as distribuidoras.

Com essa nova alta, de janeiro de 2019 a 1° de maio de 2022, o diesel acumula aumento de 155,2%. Na semana de 17 a 23 de abril, o óleo era vendido a R$ 6,73 em média, alcançando o maior patamar da série histórica da Agência Nacional de Petróleo (ANP), iniciada em 2004.

O novo aumento é um escândalo e ocorre alguns dias depois do novo gestor da Petrobrás promover uma conferência com analistas  do mercado financeiro para anunciar o superlucro de US$ 8,6 bilhões (R$ 44,6 bilhões) no primeiro trimestre deste ano. O resultado é 38 vezes maior que o do mesmo período de 2021.

A estatal informou na segunda-feira que estava promovendo um reajuste de 8,87% no preço do diesel. De acordo com a empresa, o preço do litro do combustível no atacado passará de R$ 4,51 para R$ 4,91, um aumento de R$ 0,40. Segundo a Petrobrás, esse é o primeiro reajuste do combustível em 60 dias. A gasolina e o GLP tiveram seus preços mantidos. Por enquanto.

Como quem não sabe o que acontece no próprio governo, acionista majoritário da empresa estatal, Bolsonaro deu piti e, no dia seguinte, anunciou a queda do ministro das Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque. Humilhado, o militar soube que estava de saída do governo pela imprensa. O novo ministro é mais um bolsominion radical, afilhado ideológico de Olavo de Carvalho, o guru ideológico do presidente, morto em janeiro.

Coordenador da Federação Única dos Petroleiros, Deyvid Bacelar, disse que Albuquerque foi mais um “bode expiatório” de Bolsonaro na questão das altas dos combustíveis. Ele acusou o presidente de “fingir” que não tem ingerência sobre os preços praticados pela Petrobrás e repetiu o que a entidade vem dizendo há algum tempo: o acionista controlador da empresa é a União e o presidente tem a prerrogativa de mudar a direção e a presidência do Conselho de Administração. •