Derrotar o atraso e recompor a nação

A imprensa estrangeira saúda a entrada de Lula na disputa presidencial — ainda que apenas como pré-candidato, destacando a estratégia do PT de correr para o centro, unir o Brasil e vencer a eleição contra Jair Bolsonaro. A batalha eleitoral pode resultar na volta do país ao protagonismo internacional perdido desde o Golpe de 2016 que tirou Dilma da Presidência

 

 

A entrada de Luiz Inácio Lula da Silva, o maior líder político brasileiro nos últimos 50 anos, na corrida presidencial de 2022 está sendo saudada pela imprensa internacional como a volta do único dirigente capaz de impedir a reeleição do abominável Jair Bolsonaro. As agências internacionais de notícias trataram de disparar longos despachos no final da semana apontando a volta do ex-presidente do Brasil ao jogo eleitoral. E as chances reais de vitória do petista, que levarão à derrocada do líder da extrema-direita nacional, considerado uma aberração política em todo o planeta.

O ato político que celebrou a aliança de Lula e do ex-governador Geraldo Alckmin, ocorrido no sábado, 8, foi tecnicamente o lançamento da pré-campanha, já que a lei não permite candidaturas formalmente antes de 5 de agosto. “O ex-presidente lidera todas as pesquisas para retornar ao cargo que ocupou de 2003 a 2010”, destacou informe da Associated Press distribuído nos cinco continentes.

Nada mal para Lula, alvo constante de ataques da imprensa corporativa brasileira, na tentativa de minar as chances de vitória do ex-presidente. O lançamento da chapa Vamos juntos pelo Brasil coroou uma semana de êxito e boa visibilidade internacional para Lula, capa da revista Time lançada na quarta-feira, 4, apresentado como o “líder mais popular do Brasil Presidente retorna do exílio político com a promessa de salvar a Nação”. A estratégia política de Lula de buscar adversários para a reconstrução de um país fraturado desde o Golpe de 2016, que derrubou Dilma Rousseff, foi explicitada pela imprensa internacional.

 

Derrotar o atraso e recompor a nação

A imprensa europeia, assim como a estadunidense, sempre mostrou o tamanho do prestígio de Lula no cenário internacional. O francês Libération destacou na edição dominical, 8: Lula se vê na cabeça de uma “frente republicana” diante do perigo de Bolsonaro ser reeleito. “Favorito da eleição de 2 de outubro, o chefe do PT lança sua pré-campanha no sábado e se apresenta como um grande unificador contra o atual presidente, que está subindo nas pesquisas”, aponta o diário francês.

No outro famoso jornal parisiense, o Le Monde, a pré-candidatura de Lula também ganhou destaque, inclusive na capa do jornal de segunda, 9. Lula anuncia sua candidatura às eleições presidenciais para “reconstruir o Brasil” — diz a manchete. O jornal informa que o petista anunciou que concorrerá a um terceiro mandato nas eleições de outubro após a gestão “irresponsável e criminosa” de Bolsonaro.

O inglês The Guardian deu amplo destaque à notícia, relatando que Lula lança campanha para recuperar a Presidência do Brasil ocupada pelo polêmico Bolsonaro. “Esquerdista diz em comício que o público deve se unir contra a ‘incompetência e o autoritarismo’ do governante de extrema direita”, aponta o jornal. E o britânico Financial Times: Lula mira eleitores de centro no lançamento da campanha de reeleição no Brasil. “Ex-presidente de esquerda promete defender soberania nacional ao enfrentar Jair Bolsonaro”, destaca.

O serviço de notícias alemão Deutsche Welle também repercutiu: O ex-presidente Lula está concorrendo novamente. “Um novo presidente será eleito no Brasil em outubro. Ex-chefe de Estado, Lula da Silva quer disputar novamente e anuncia sua candidatura”. O assunto também foi destacado pela emissora Al Jazeera, do Catar: Lula lança campanha presidencial para ‘transformar’ o Brasil. Segundo o canal, o ex-presidente pede que as pessoas se unam para derrotar o governo ‘autoritário’ de Jair Bolsonaro.

Os despachos das agências internacionais de notícias reforçaram a repercussão e deram ampla visibilidade ao cenário político brasileiro no final da semana. Lula corteja centristas no lançamento não oficial da campanha — apontou reportagem da agência estadunidense Associated Press, que acabou sendo reproduzida pelo Washington Post, New York Times, ABC, The Star, Daily Times e outros 7,3 mil sites noticiosos ao redor do mundo. “O ex-presidente do Brasil fez o lançamento efetivo de sua campanha presidencial com uma tentativa de atrair centristas para ajudá-lo a derrubar o atual presidente Jair Bolsonaro nas eleições de outubro”, diz o despacho.

A Reuters foi na mesma linha: Lula lança candidatura presidencial e defende a democracia brasileira.“O momento mais grave que o país atravessa nos obriga a superar nossas diferenças e construir um caminho alternativo à incompetência e ao autoritarismo que nos governam”, disse. “Queremos nos unir a democratas de todas as posições políticas, classes, raças e crenças religiosas… para derrotar a ameaça totalitária, o ódio, a violência e a discriminação que paira sobre nosso país.

No argentino Clarín, o tom adotado foi quase de júbilo: Lula da Silva lança sua candidatura presidencial no Brasil e pede para  ‘jogar o fascismo no esgoto da história’. Segundo o diário portenho, “aos 76 anos, o ex-presidente lidera as pesquisas para a votação de outubro, critica Jair Bolsonaro e pisca para os empresários”.

Em sua edição de domingo, 8, o jornal portenho Página 12 tenta explicar por que Lula da Silva pode vencer novamente. “A combinação de dois programas em um contexto econômico favorável [Fome Zero e Bolsa  Família] levou Lula a chegar ao governo com cerca de 40 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza e sair, oito anos depois, com cerca de 10 milhões. Em 2014, já no governo de Dilma Rousseff, o Brasil havia saído do mapa mundial da fome da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), no qual atualmente aparece novamente”. Agora, a corrida começou para valer. •

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