Por um novo protagonismo ambiental

Lula participa de debate com cientistas, ex-ministros e dirigentes do PV e PSB para discutir uma nova agenda verde para o país. “O Brasil precisa acabar com a destruição da Amazônia. Estamos perto de um ponto de não retorno”, alerta Carlos Nobre

 

O lançamento de uma nova empresa de pesquisa, nos moldes da Embrapa, mas voltada à biodiversidade, a criação de um plano de metas para municípios e estados combaterem o desmatamento e até a possibilidade da adição de outro “S” — de sustentabilidade — na sigla do BNDES são propostas que surgiram no encontro sobre a agenda ambiental de um eventual governo Lula. O objetivo é transformar o país em uma potência de desenvolvimento verde.

A Fundação Perseu Abramo sediou o encontro que teve a participação de especialistas. Lula participou do encontro liderado por Aloizio Mercadante, presidente da FPA e coordenador do programa de governo. A emergência climática, a necessidade de proteger as populações locais e de combater o desmatamento foram temas centrais no encontro.

“O Brasil precisa acabar com a destruição da Amazônia. Estamos perto de um ponto de não retorno”, afirmou o cientista Carlos Nobre, ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ele lembrou que o desmatamento de florestas cresceu vertiginosamente durante o governo Bolsonaro. Desde 2019, foram derrubados 33 mil km² de floresta na Amazônia.

A questão é fundamental porque as emissões de gás carbônico são preponderantemente oriundas da destruição das florestas. O incentivo ao desmatamento transformou o Brasil em um pária na área ambiental. “A Amazônia hoje coloca ou tira o Brasil do mundo”, resume a ex-ministra Izabella Teixeira. Um dos grandes desafios é combater o garimpo ilegal. “A legislação existente já não dá conta de enquadrar o garimpo. É preciso que seja feita uma revisão”, aponta José Carlos Lima, presidente da Fundação Verde Herbert Daniel.

Entre os grupos que desenvolvem propostas é unanimidade que o meio ambiente não pode mais ser tratado como uma questão separada. A nova agenda verde precisa atravessar diversas áreas. A ideia de sustentabilidade tem que se tornar prerrogativa em todos os setores. Trata-se de algo fundamental para possibilitar um desenvolvimento econômico sustentável, gerar empregos e atrair investimentos para o país.

Participaram quem esteve estiveram na linha de frente nos governos do PT, como Suely Araújo, a economista Esther Albuquerque, mas também o deputado Nilto Tatto (PT-SP), e outros que têm tratado de políticas públicas, como o professor Ricardo Abramovay (USP), além de políticos como o ex-governador Wellington Dias (PT-PI), os senadores Jaques Wagner (PT-BA) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP). E Alexandre Navarro Garcia, vice-presidente na Fundação João Mangabeira e Gleisi Hoffmann, presidenta do PT. •

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