No final de semana passada, o jornal estadunidense Washington Post revelou a história de uma aldeia indígena que trabalha para salvar a floresta, semente por semente. A maioria dos cerca de 20 mil Xavante vive em florestas e campos arborizados conhecidos como cerrado, no estado de Mato Grosso. Embora mais seca e menos densa do que a Bacia Amazônica ao norte, o cerrado tem flora e fauna exóticas vistas em nenhum outro lugar. Biólogos conservacionistas a chamam de savana mais rica biologicamente do mundo, com 5% das espécies de plantas e animais do mundo.

Nas últimas três décadas, Mato Grosso tornou-se foco de desmatamento. Cerca de 12% do cerrado – uma área maior que a Dinamarca – foi desmatado desde 2000. Vastas áreas verdes foram derrubadas e substituídas por plantações industriais de soja, milho e algodão. “A destruição só se acelerou depois que o presidente de direita Jair Bolsonaro assumiu o cargo. As terras indígenas têm sido um alvo particular”, denuncia.

Há sete anos, uma aldeia xavante aderiu a um movimento para ajudar a restaurar a vegetação do cerrado e fortalecer a comunidade vendendo sementes colhidas em suas terras. Os índios fazem frequentes viagens de colheita chamadas dzomori’s, longas expedições que aprimoraram suas excelentes habilidades de coleta de sementes. “Com as sementes, vamos reflorestar”, explicou o cacique José Serenhomo Sumené Xavante. “É por isso que precisamos de sementes nativas.” •