Bolsonaro ataca Supremo de novo

Acuado nas pesquisas de opinião, com popularidade em queda, e crise econômica aguda, o presidente volta às intempéries de sempre. Faz mais elogios à ditadura e critica os ministros do STF

 

O filme é o mesmo. A locação também. O ator principal é o caricato Jair Bolsonaro. Na saída de nove de seus ministros, o presidente voltou a ensaiar o mesmo filme de sempre. Vomitou ataques aos ministros da Suprema Corte e aproveitou a solenidade de despedida de colaboradores que vão disputar as eleições presidenciais para enaltecer o Golpe de 1964. Uma peça trágica para o Brasil que aspira voltar ser relevante e um sopro de retrocesso na política dos fascistas que vivem no Planalto.

Ao discursar na quinta-feira, 31, na posse de novos ministros, Bolsonaro voltou a insultar o STF e Disse que integrantes da Corte “atrapalham” o país. Ao fim, completou: “Se não tem ideias, cale a boca! Bota a tua toga e fica aí sem encher o saco dos outros”, disse. Podia ser pior. E foi. Na despedida do ministro da Defesa, General Braga Neto, que soltou a Ordem do Dia falando do marco do Golpe que retirou João Goulart do poder, o presidente extrapolou.

“Hoje, 31 de março. O que aconteceu em 31? Nada. A história não registra nenhum presidente da República tendo perdido o seu mandato nesse dia. Por que então a mentira? A quem ela se presta?”, provocou Bolsonaro. “Tivemos eleições indiretas na Câmara dos Deputados, no Congresso Nacional, à luz da Constituição de 1946. Ali, com o voto de Ulysses Guimarães, o Congresso, com quase 100% dos presentes, elegeu o marechal Castelo Branco”, disse.

“Quem esteve no governo naquela época fez a sua parte. O que seria do Brasil sem as obras do governo militar? Não seria nada, seríamos uma republiqueta”, disse Bolsonaro. “O trabalho daqueles naqueles anos de governo foi difícil também. É uma luta da verdade contra a mentira, da história contra a ‘estória’, do bem contra o mal”.

No Senado, o PT reagiu. O líder Paulo Rocha (PA) subiu à tribuna para desmascarar o presidente. “A democracia é inegociável”, lembrou, apontando que, nos 58 anos do golpe, que mergulhou o Brasil num período tenebroso de restrição de liberdade, censura, prisão, tortura e mortes, não há o que comemorar. “As ameaças a direitos e à democracia do boquirroto que ocupa a Presidência tem uma origem, um fio histórico ligado a 31 de março de 1964. O povo brasileiro não vai permitir que essa ‘página infeliz da nossa história’ se repita”, afirmou Paulo Rocha. •