Uma fantasma atormenta o presidente

MPF apresenta à Justiça Federal ação de improbidade contra Bolsonaro, por desvio de recursos, junto com a servidora Wal do Açaí. Ela jamais colocou o pé em Brasília

 

O caso de corrupção no MEC não é o único que atormenta o Palácio do Planalto. Na terça-feira, 23, o Ministério Público Federal apresentou à Justiça Federal uma ação de improbidade administrativa contra Jair Bolsonaro e a ex-secretária parlamentar da Câmara dos Deputados Walderice Santos da Conceição, conhecida como Wal do Açaí. O MPF pede a condenação de ambos por improbidade e solicitam o ressarcimento dos recursos públicos desviados.

As suspeitas sobre Wal surgiram em 2018 em reportagem da Folha. Em janeiro daquele ano, o jornal revelou que a ex-assessora trabalhava em um comércio de açaí na mesma rua onde fica a casa de veraneio de Bolsonaro, à época deputado federal, na pequena Vila Histórica de Mambucaba, em Angra dos Reis.

Segundo vários moradores da região ouvidos pela reportagem, Wal também prestava serviços particulares na casa de Bolsonaro. Ainda segundo eles, o marido dela, Edenilson, era caseiro do presidente. Na ocasião, Bolsonaro não soube detalhar serviços legislativos prestados pela assessora na cidade. Depois, afirmou que ela trabalhava na loja de açaí porque estava de férias na data em que os repórteres estiveram na vila.

Na quinta-feira, 24, Bolsonaro reagiu à ação dos procuradores da República e disse que o MPF promove uma perseguição. “Por que não investiga todo mundo? Só para cima de mim? Se bem que isso aqui é um tiro n’água, dá até vergonha o MP investigar isso aí”, disse Bolsonaro, durante sua live transmitida pelo Facebook e outras redes sociais. “Pega mal para o Ministério Público fazer isso aqui”.

A investigação também revelou que as movimentações financeiras de Wal seguem o padrão de outros funcionários de gabinetes de familiares do presidente investigados por “rachadinha”. No depoimento, Wal confirmou jamais ter ido a Brasília.