Este é o décimo quarto de uma série de artigos organizada para oferecer fatos e números que desconstroem as mentiras circulantes segundo as quais a política econômica do PT teria “quebrado o Brasil”. Nas análises anteriores, demonstramos a falsidade dessa narrativa apresentando fatos e números do comportamento de diversos indicadores econômicos. Mostramos que, absolutamente, os dados não indicam que a economia, ao cabo dos governos petistas, estivesse vivendo “crise terminal”.

Nos artigos já publicados mostramos que nos governos Lula e Dilma o Brasil voltou a crescer e a redistribuir os frutos deste crescimento. Houve expansão econômica e do PIB por habitante, da taxa de investimento, do investimento público federal e da capacidade produtiva do país medida pelo indicador formação bruta de capital fixo”.

Neste artigo, ressaltamos, como exemplo, os reflexos do crescimento em setores econômicos selecionados: indústria manufatureira, setor automotivo, produção de cimento, indústria naval, complexo de carnes, produção de grãos, produção de cana-de-açúcar, viagens aéreas nacionais e internacionais e construção naval.

Em preços constantes, o valor agregado da indústria manufatureira subiu de R$ 389,4 bilhões, em 2002, para R$ 508,3 bilhões, em 2013. Um acréscimo de 30% — gráfico 1. A queda em 2014 e 2015 decorreu da desaceleração da economia em função de um conjunto de fatores, dentre os quais se destacam os impactos defasados das mudanças induzidas pela crise de 2008 e 2009 no cenário externo, inflexão nos rumos da economia, agravamento da crise política e efeitos disruptivos da chamada Operação Lava Jato, que destruiu setores produtivos e empregos, em sua estratégia para desmontar as empresas nacionais.

Tais resultados também refletem o fato de que a partir da reeleição da presidenta Dilma Rousseff, a oposição passou a apostar no golpe, na instabilidade institucional e na imposição de limites legislativos para a condução da política econômica.

Entre 2002 e 2013, a produção de veículos automotores mais que duplicou, passando de 1,6 milhão de unidades para 3,7 milhões. Um crescimento de 127%. Em 2014 e, sobretudo em 2015, houve queda na produção em função dos fatores políticos e econômicos mencionados — gráfico 2. Embora tenha registrado oscilações, a tendência à contração do setor acentuou-se nos anos seguintes, com o que a produção, em 2020, situou-se em patamar inferior a 2004.  

Entre 2002 e 2015, a produção de cimento subiu de 38,9 milhões para 65,3 milhões de toneladas. Um acréscimo de 67,8%, após atingir o pico de 71,3 milhões de toneladas em 2014 — gráfico 3.

 

Agropecuária

A produção brasileira do complexo de carnes subiu de 17.254 mil toneladas (2002) para 25.894 mil toneladas (2015), crescimento de 50,1% (gráfico 4).

Já a produção de grãos, estimulada pelo aumento da demanda e dos preços externos das commodities agrícolas, teve aumento expressivo durante os governos do PT, passando de 106,8 milhões de toneladas — média do triênio 2000-2002 — para 210,6 milhões de toneladas — média entre 2014 e 2016.

Esse aumento de 97,2% foi puxado principalmente pelo crescimento da produtividade, já que a área cultivada, embora nos anos recentes tenha tido crescimento acelerado, teve expansão bem menor, da ordem de 44,7% (gráfico 5). 

A produção de cana-de-açúcar praticamente duplicou nos governos Lula e Dilma, saltando de 316,1 milhões de toneladas, entre 2002 e 2003, para 624,1 milhões de toneladas, em 2015 e 2016 — gráfico 6.

 

 

Viagens aéreas

Nos governos petistas, por conta, sobretudo, do crescimento da economia e do aumento do emprego e renda, houve aumento de 140% no número de passageiros por quilômetro transportado, tanto nas linhas internacionais e domésticas, passando de 48,3 mil para 117,1 mil entre 2002 e 2015.

Os reflexos do crescimento em setores econômicos específicos, também pode ser percebido pela criação de empregos. Exemplo emblemático é o caso da indústria naval, onde os empregos cresceram mais de 12 vezes entre 2002 e 2014, passando de 6,4 mil para 82,5 mil. Em 2015, pelas razões políticas e econômicas apontadas, houve queda para 57,0 mil. Com os governos Temer e Bolsonaro, os empregos na construção naval retrocederam para o nível observado em 2005.

Portanto, também no caso desses indicadores, não se sustenta a afirmação de que a “crise” que teria sido gerada pelos governos do PT teria sido “fundamentalmente crise de irresponsabilidade fiscal”, como o arbítrio mais delirante nunca se cansa de repetir. 

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