No necessário processo de reconstrução do Brasil pós-Bolsonaro, uma importante tarefa do novo governo será restabelecer a relação de respeito, amizade e cooperação do país com o restante do mundo. Lula sabe da importância de mostrar ao resto do planeta que o Brasil é muito maior e melhor que o atual presidente.

E é, por isso, que sempre que pode, o ex-presidente viaja para conversar com líderes estrangeiros, como fez ao visitar o papa Francisco, em 2020, e, mais recentemente percorreu a Europa, encontrando-se com o presidente da França, Emmanuel Macron, e o novo chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, assim com o chefe do governo da Espanha, Pedro Sánchez. Em todos os lugares que visita, Lula é recebido como chefe de Estado. 

Lula não é bem visto apenas por organizações sociais e partidos de esquerda no mundo. É percebido como um líder político que fez história e promoveu uma mudança profunda no Brasil em tempo de seu governo, retirando milhões de brasileiros da miséria e investindo pesadamente no combate à desigualdade como política de Estado.

Depois de seu périplo pela Europa, o ex-presidente foi saudado em editorial pelo jornal espanhol El País como “o social-democrata latino-americano”. A mídia estrangeira tem uma percepção mais profunda e entende o peso de Lula perante o mundo. “Sua candidatura à Presidência do Brasil é a alternativa para acabar com o populismo de extrema direita de Bolsonaro”, resume o diário.

Na visita à Argentina, Lula busca reatar os laços de amizade e respeito com o país-irmão e também com a América do Sul. Esta é também uma forma de Lula agradecer o apoio que recebeu do presidente Alberto Fernández, da vice-presidenta Cristina Kirchner e dos trabalhadores argentinos quando estava preso injustamente.

Graças a uma política externa “ativa e altiva”, que colocava à frente os interesses nacionais, mas sem nenhuma intenção de dominar ou explorar outros povos, Lula e Dilma estabeleceram em seus governos grande cooperação com diversas nações, mas com especial atenção aos países vizinhos. Dessa forma, os governos do PT aumentaram o números de parceiros comerciais, fazendo com que as exportações se diversificassem e triplicassem. 

As nações sul-americanas se tornaram valiosas parceiras políticas e econômicas. O Mercosul foi expandido horizontalmente, transformando um projeto inicialmente comercial-tarifário em uma integração mais profunda no Cone Sul, que considerava vertentes sociais, articulação de cadeias produtivas, além de uma aproximação político-parlamentar e em defesa da democracia. 

Com a Unasul, foi inaugurado um processo histórico de coordenação e de promoção de crescimento mais harmonioso em toda a América do Sul. Nela, o continente dialogou nas esferas da política, energia, infraestrutura, defesa, tecnologia, saúde e combate ao narcotráfico, o que revelava o desejo da região de enfrentar, de forma unida, os desafios da globalização e de transformar-se em pólo importante do mundo que se está hoje construindo.

Ataques semelhantes ao que promoveu o Golpe de 2016 contra Dilma Rousseff ocorreram também nas nações vizinhas, levando outros países, incluindo a Argentina, a também sofrerem com ataques e a ação desestabilizadora da extrema-direita. A cada dia, no entanto, a democracia retorna ao continente, com a volta de líderes progressistas ao poder. 

E é justamente para celebrar a democracia que Lula, Alberto Fernández e Cristina Kirchner se reuniram com o povo argentino na sexta-feira, 10, na emblemática Plaza de Mayo, palco da resistência do povo argentino à ditadura, que durou de 1976 a 1983. O ato também teve forte cunho cultural para marcar o Dia dos Direitos Humanos e os 38 do fim da ditadura militar na Argentina. •

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