Em São Paulo, a fome aperta
Nas consultas médicas, em centros de saúde do SUS na capital paulista, crianças e adultos desmaiam de fome em busca de comida. Funcionários pedem doações e fazem vaquinhas entre si para a compra de cestas básicas
A fome em São Paulo está ganhando as manchetes de jornais. Na última semana, o UOL revelou que os centros do SUS na capital mostraram nas últimas semanas cenas assustadoras. Crianças e adultos desmaiando de fome. “É o rastro destruidor de uma política que despreza os mais vulneráveis”, lamentou o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP).
Com 29 milhões de pessoas sem acesso a uma dieta saudável, 19 milhões de pessoas com fome e 117 milhões em situação de insegurança alimentar, o Brasil segue sofrendo com os retrocessos do governo de Jair Bolsonaro, que colocou o país de volta no Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas.
A árdua realidade das famílias brasileiras as leva pedir ajuda nas unidades de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). Elas buscam alimentos. Pessoas idosas e crianças pedem comida durante as consultas, conforme relato de enfermeiras e funcionários, que pedem doações e fazem vaquinhas entre si para a compra de cestas básicas.
Em uma situação desoladora, pessoas desmaiam nos postos de atendimento por falta de alimentação. Ex-ministro da Saúde, Padilha lembra que há uma rede de proteção social construída ao longo de anos no Brasil que vem sendo desmontada por Bolsonaro desde o congelamento dos investimentos públicos, com a famigerada Emenda 95, que instituiu o Teto de Gastos.
Padilha propôs a realização de três audiências públicas na Câmara dos Deputados para tratar da fome. Ele diz que o flagelo afeta os povos indígenas, especialmente os Yanomamis, que sofrem ações de garimpo e constantes violências. Também denuncia a necessidade de prorrogação dos recursos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PPA), que adquire comida por meio da agricultura familiar de áreas quilombolas. Ele quer ainda discutir medidas para reduzir a fome que afeta as crianças e adolescentes.
Ex-ministra dos Direitos Humanos no governo Dilma, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) afirma que o país precisa de uma reversão urgente para retomar a transformação que os governos do PT iniciaram. “Infelizmente, estamos vendo um retrato do Brasil de 2021, comandado por Bolsonaro. Pessoas procurando comida nos postos de saúde, pois estão desempregadas. Insegurança alimentar por todos os lados atingindo mulheres grávidas e crianças”, alerta.
“É um quadro terrível, que precisa ser revertido urgentemente. Precisamos de um projeto de Brasil que prioriza as pessoas e não o mercado financeiro, como Bolsonaro e Guedes têm feito. É necessário retomar a transformação que os nossos governos começaram, urgentemente”.
