A esperança de dias melhores para o Brasil
Em apenas dez dias na Europa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez mais pela imagem do Brasil no exterior do que Jair Bolsonaro em 3 anos e 11 meses de mandato. A posição de líder global de Lula continua preservada, mesmo estando fora da Presidência da República há dez anos.
Jair Bolsonaro esteve na Europa em outubro e protagonizou vexames em série, desde ser ignorado em plena reunião do G20 — os líderes das 20 maiores nações do planeta —, tendo de recorrer a garçons para não parecer deslocado em Roma, até pisar, literalmente, no pé da chanceler Angela Merkel. Fora as declarações estapafúrdias que envergonham a Nação.
Lula reabriu o diálogo internacional do Brasil, interrompido desde o Golpe de 2016 contra Dilma Rousseff. O ex-presidente Michel Temer tinha um desempenho melhor que o atual mandatário, mas longe de ter o prestígio internacional do ex-líder sindical, fundador do Partido dos Trabalhadores e da Central Única dos Trabalhadores.
O ex-presidente foi tratado de maneira respeitosa e amigável por alguns dos mais influentes líderes políticos do mundo, que reconhecem no brasileiro o grande estadista que ele é — e que Bolsonaro jamais será. Lula é fonte de sabedoria política para outros estadistas, porque foi em seu governo que o Brasil deixou de ser uma Nação de grande desigualdade e miséria para viver uma revolução sem sangue, com políticas de redução da desigualdade social e transferência de renda. Daí o apreço da mídia e dos líderes europeus pelo ex-presidente.
Em Berlim, Lula esteve reunido com o futuro chanceler Olaf Scholz, do SDP, o Partido Social Democrata da Alemanha, uma legenda centenária, com história de organização dos trabalhadores e cuja presença mais eloquente nas primeiras fileiras da sigla era ninguém menos do que Karl Marx. O ex-presidente do Brasil tem um histórico de boas relações com o SDP, e foi próximo dos líderes do partido Willy Brandt, Gerhard Schröder, Johannes Rau e Helmut Schmidt.
Lula foi saudado por Scholz como um interlocutor preferido no Brasil. “Estou muito satisfeito com nossas boas discussões e aguardo com expectativa continuar nosso diálogo!”, disse o futuro chanceler da Alemanha, que está em vias de formação do novo governo.
Na França, Lula encontrou-se com os ex-presidentes François Hollande, com quem mantém relações próximas, e os candidatos da esquerda à Presidência da França Jean-Luc Malenchon e Anne Hidalgo, prefeita de Paris. Mas ninguém menos do que o atual presidente da França, Emmanuel Macron, também recebeu Lula no Palácio do Eliseu, sede da República da França.
Em tempos de relações conturbadas entre Brasil e França, Macron fez questão de receber o ex-presidente do Brasil com pompa e honras reservadas a chefes de Estado. A chegada de Lula à sede da Presidência da França contou com a presença da guarda republicana, que marchou e se posicionou na escadaria onde Macron recebe os convidados.
No encontro, Macron e Lula discutiram inúmeros temas globais e ligados também ao Brasil, à América Latina e à União Europeia, embora Lula não ocupe nenhum cargo público. Macron e Lula jamais tinham se visto e o encontro, que era para durar meia hora, foi o dobro do tempo previsto.
Lula e Macron discutiram assuntos “absolutamente fundamentais”, afirmou o porta-voz do governo francês, Gabriel Attal, citando a crise sanitária e seu impacto social, a transição climática e a luta contra o desmatamento.
Na sexta-feira, 19, foi a vez do chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, receber Lula, na última etapa da turnê do ex-presidente pela Europa. Trataram do enfrentamento ao avanço da extrema-direita. Sánchez fez questão de anunciar que trataram da situação da pandemia, as mudanças climáticas e a recuperação econômica”.
A ida de Lula ao Velho Mundo representa um sopro de esperança para o Brasil e seu povo sofrido. Mas também traz uma brisa de fé em dias melhores para o próprio mundo. Nas palestras que proferiu na França e na Espanha, Lula levou uma mensagem: é urgente a reconstrução profunda do mundo, sobre os alicerces da igualdade, da fraternidade, do humanismo, dos valores democráticos e da justiça social.
“Mudar o mundo deve ser sempre a nossa profissão de fé, a própria razão para existirmos e nos lançarmos a uma luta árdua e permanente, da qual não poderemos jamais descansar”, afirmou. Foi aplaudido de pé tanto em Paris quanto em Madri. O mundo quer ouvir os conselhos de Lula e respeita a história do líder político brasileiro mais importante da história recente.